Saúde

Cientistas da USP identificam mais um mecanismo envolvido na forma mais grave de covid
Estudo mostrou que o grau de ativaa§a£o dos inflamassomas estãoassociado ao desfecho cla­nico dos pacientes. Descoberta abre caminhos para novas possibilidades de tratamentos, pois já existem drogas eficazes que inibem os inflamassomas
Por USP - 24/11/2020


Um conjunto de moléculas presentes dentro das células e envolvidas na inflamação pode ajudar a prever se o paciente evoluira¡ para casos mais graves ou mais leves da covid-19 osFoto: Puwadol J./123RF

A covid-19 éuma doença inflamata³ria causada pelo novo coronava­rus, SARS-CoV-2, e a evolução varia bastante entre os pacientes. Algumas pessoas infectadas não apresentam sintomas, enquanto outras evoluem para uma pneumonia grave e atépara a sa­ndrome respirata³ria aguda ou morte.

Sa³ no Brasil já foram quase 170 mil mortes por complicações da covid-19. Os processos que promovem o agravamento dos casos e levam alguns pacientes a a³bito ainda são desconhecidos. 

Tambanãm são desconhecidos os mecanismos envolvidos na sua natureza inflamata³ria e resposta imune contra esses va­rus, ou seja, os mecanismos de defesa que o organismo utiliza para combater essa infecção. 

“Se os inflamassomas estãoativos, eles va£o levar a um processo inflamata³rio que pode promover o controle de algumas infecções. Mas se o processo inflamata³rio for muito forte, descontrolado, ele pode levar a uma resposta exacerbada, causar danos aos tecidos e piorar o quadro cla­nico em algumas doena§as. Esse parece ser o caso de pacientes com quadros moderados e graves de covid-19, aqueles que procuram atendimento hospitalar”,

Zamboni.

Um importante passo para esse entendimento foi dado por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (FMRP) da USP. Estudo liderado pelo professor Dario Zamboni, do Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogaªnicos da FMRP e do Centro de Pesquisas em Doena§as Inflamata³rias (Crid), mostra que um conjunto de moléculas presentes dentro das células e envolvidas na inflamação, o chamado inflamassoma, pode ajudar a prever se o paciente evoluira¡ para casos mais graves ou mais leves da covid-19.

O inflamassoma de NLRP3 écomposto de um conjunto de moléculas que, quando ativadas, se aglomeram no interior das células de defesa formando estruturas chamadas “puncta”, que indicam que os inflamassomas estãoativos.

 “Se os inflamassomas estãoativos, eles va£o levar a um processo inflamata³rio que pode promover o controle de algumas infecções. Mas se o processo inflamata³rio for muito forte, descontrolado, ele pode levar a uma resposta exacerbada, causar danos aos tecidos e piorar o quadro cla­nico em algumas doena§as. Esse parece ser o caso de pacientes com quadros moderados e graves de covid-19, aqueles que procuram atendimento hospitalar”, revela o professor Zamboni.

Essa foi a primeira vez que pesquisadores associaram o inflamassoma de NLRP3 com a evolução da covid-19 para desfechos menos favoráveis aos pacientes.

Utilizando amostras de 124 doentes com casos graves e moderados, o estudo mostrou que o grau de ativação dos inflamassomas estãoassociado ao desfecho cla­nico dos pacientes.

Segundo o professor Zamboni, esses achados sugerem que, nos casos graves, a ativação muito forte do inflamassoma estãosendo prejudicial aos pacientes.

“Essa descoberta éimportante pois abre caminhos para novas possibilidades de tratamentos para a covid-19, uma vez que já existem drogas eficazes que inibem a ativação dos inflamassomas.”

O estudo, financiado pela Coordenação de Aperfeia§oamento de Pessoal de Na­vel Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Cienta­fico e Tecnola³gico (CNPq) e Fundação de Amparo a  Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp),  acaba de ser publicado no Journal of Experimental Medicine, um dos mais importantes jornais médicos cienta­ficos do mundo, e conta com outros 43 autores da USP em Ribeira£o Preto e do Hospital das Cla­nicas da FMRP.

 

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