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Colaboração CMS atinge marca de 1000 artigos cienta­ficos
Em 12 anos, iniciativa que conta com pesquisadores da Unesp também levou um praªmio Nobel
Por Ricardo Aguiar - 30/06/2020


O Sprace éum projeto com a participação de pesquisadores da Unesp e da UFABC financiado pela Fapesp e tem como objetivo investigar a física departículas atravanãs de colaborações internacionais com os maiores aceleradores do mundo - Imagem: Divulgação

A colaboração Compact Muon Solenoid (CMS) da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) submeteu na última sexta-feira (19/06) seu milanãsimo artigo cienta­fico para publicação. Desta forma, o CMS se tornou o primeiro experimento na história da Fa­sica de Altas Energias a atingir esse impressionante número. O Sa£o Paulo Research and Analysis Center (SPRACE), que participa da colaboração CMS desde o seu ina­cio, possui membros citados em todos os artigos da colaboração e liderou vários desses trabalhos de pesquisa. De acordo com Thiago Tomei, pesquisador do SPRACE, a marca ésimba³lica e representa a mudança de paradigma de como a ciência éfeita atualmente.

"Alguns ramos da ciência não são mais feitos por uma única pessoa em um laboratório”, disse Tomei. “Hoje em dia, a ciência tem a tendaªncia de ser realizada por grandes colaborações, o que resulta em uma grande quantidade de artigos publicados que impactam significativa no avanço do conhecimento cienta­fico”.

O CMS, que estuda o Modelo Padra£o e busca por uma nova física por meio de colisaµes departículas no Large Hadron Collider (LHC) éexemplo dessas colaborações. O CMS atualmente envolve mais de 5 mil cientistas, entre fa­sicos departículas, estudantes de doutorado, engenheiros e técnicos provenientes de mais de 208 institutos de pesquisa de 47países. A colaboração publicou seu primeiro artigo cienta­fico em 2008, explicando o funcionamento do seu futuro detector, e desde então fez importantes contribuições para o avanço do conhecimento em Fa­sica. No ano seguinte, foram publicados uma sanãrie de artigos que descreviam as fases de pré-operação dos equipamentos por meio de raios ca³smicos. As primeiras publicações baseadas em dados das colisaµes feitas no LHC foram feitas logo depois que o LHC começou a funcionar, no final de 2009. Desde então, foram publicados uma média próxima a 100 artigos cienta­ficos por ano.

papers.png - Gra¡fico mostra o crescimento no número de papers publicados por
ano desde o ini­cio da colaboração CMS

Entre os principais artigos publicados pelo CMS, destaca-se aquele que relatou a primeira observação do ba³son de Higgs, oito anos atrás, em 4 de julho de 2012. A parta­cula havia sido prevista na década de 1960, mas nunca havia sido observada experimentalmente. Depois disso, o CMS publicou importantes artigos sobre as caracteri­sticas do ba³son, como suas formas de decaimento, que mostraram que a parta­cula se comportava conforme era esperado pela teoria. 

Além das publicações do CMS terem atingido um número sem precedentes, a diversidade dos tópicos abordados por elas também não tem paralelo e passa por diversos tópicos de Fa­sica (Modelo Padra£o, Fa­sica Exa³tica, ba³son de Higgs, aons Pesados, Fa­sica Frontal, etc.), instrumentação cienta­fica e computação, entre outras áreas. Para avana§ar o conhecimento, são necessa¡rios não apenas detectores departículas com capacidade para observar milhões de colisaµes que acontecem em frações de segundos, mas também poder computacional para processar os dados coletados. Entre os mil artigos do CMS, destaca-se também a publicação que relata o desenvolvimento do software de reconstrução daspartículas geradas pelas colisaµes utilizado pelos pesquisadores para analisar os dados coletados pelo experimento.

Ainda mais importante do que a quantidade de artigos publicados éo impacto das publicações do CMS. Aproximadamente um tera§o delas são publicadas em peria³dicos cienta­ficos como a Physical Review Letters ou Physics Letters B, onde os padraµes de qualidade são muito rigorosos. 

Atualmente o CMS se prepara para o High Luminosity LHC (HL-LHC), nova fase de operações do acelerador departículas que devera¡ entrar em operação em 2027. Nesta nova fase, o LHC multiplicara¡ por 10 a quantidade de dados coletada, o que devera¡ aumentar ainda mais o alcance cienta­fico do acelerador e dara¡ origem a diversos resultados relevantes.

“Com esses dados, esperamos desvendar com grande precisão como éa Fa­sica na escala do Teraelanãtron-Volt (TeV)”, conta Tomei. “Continuaremos a estudar todos os detalhes do Modelo Padra£o, incluindo decaimentos raros do ba³son de Higgs, além de procurarmos por inda­cios de uma nova física, por exemplo atravanãs da busca por matéria escura”. 

Sobre o SPRACE 

O Centro de Pesquisa e Ana¡lise de Sa£o Paulo (Sa£o Paulo Research and Analysis Center (SPRACE) éum projeto financiado pela Fapesp e tem como objetivo investigar a física departículas atravanãs de colaborações internacionais com os maiores aceleradores do mundo. Localizado no Naºcleo de Comunicação Cienta­fica (NCC), o SPRACE envolve pesquisadores da Unesp e da UFABC trabalhando em associação com a Colaboração CMS (Compact Muon Solenoid) do Large Hadron Collider (LHC), do Centro Europeu para Pesquisas Nucleares (CERN).

 

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