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Laborata³rio da USP épremiado por descobrir relação entre inflamações e tumores
Alteraça£o, provocada pelo sistema imunológico ao defender organismo da sepse, tem efeito duplo e contradita³rio, prevenindo um câncer inicial e estimulando um avana§ado
Por Rita Stella - 13/08/2020


Foto: Divulgação/CRID

O câncer continua a desafiar a ciaªncia, mas os pesquisadores persistem. O investimento retorna atravanãs de informação para curar ou melhorar tratamentos. a‰ o que acontece agora com a equipe liderada pelo professor Fernando de Queiroz Cunha da Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (FMRP) da USP que acaba de receber o praªmio Octa¡vio Frias de Oliveira, conferido pelo principal hospital de câncer do Paa­s, o Instituto do Ca¢ncer do Estado de Sa£o Paulo (ICESP), ao melhor trabalho de pesquisa em oncologia de 2020.

Este não éo primeiro reconhecimento com esta premiação. Na edição de 2019, outro orientado do professor Cunha esteve entre os três finalistas. Todos os dois estudos, investigando a relação entre doenças inflamata³rias e os tumores nos laboratórios do Centro de Pesquisa de Doena§as Inflamata³rias (CRID), um dos Cepids Fapesp osCentros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo a  Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo.

O premiado deste ano, o médico Caio Abner Leite, identificou um efeito duplo e contradita³rio, desencadeado pelo sistema imunológico após uma septicemia, no desenvolvimento do ca¢ncer. Segundo o pesquisador, o estado pode “prevenir um câncer em esta¡gio inicial e, por outro lado, estimular o aumento de tumores avana§ados”. Leite conta que, diante da complexa relação entre o sistema imunológico e o ca¢ncer, a descoberta de uma alteração capaz de prevenir a formação de tumores “pode servir como base para diversos tipos de abordagens terapaªuticas”. Estas respostas imunola³gicas pa³s-sepse fazem parte da tese de doutorado de Leite e estãopublicadas no Journal for Immunotherapy of Cancer.

A pesquisa finalista do praªmio no ano passado foi realizada por Carlos Wagner de Souza Wanderley, também para sua tese de doutorado, investigando a forma como o paclitaxel, uma droga antineopla¡sica, atua no organismo contra o ca¢ncer. Como resultado, verificou que o medicamento não são mata as células tumorais como estimula o sistema imunológico. Os resultados estãona edição de outubro de 2018 da revista Cancer Research.

Colaboração cienta­fica multiplica conhecimento

Em comum, além de terem o professor Cunha como co-orientador de seus estudos, Leite e Wanderley foram alunos da Universidade Federal do Ceara¡ (UFC). Os pesquisadores realizaram integralmente suas pesquisas na FMRP pela colaboração de pesquisa existente hámais de 15 anos entre os laboratórios do professor da USP e os do professor Ronaldo Ribeiro (falecido em 2015), também farmacologista, mas especialista em oncologia, da Faculdade de Medicina da UFC.

Segundo Cunha, dessa colaboração resultou 60 artigos cienta­ficos publicados em revistas indexadas, com “importantes contribuições para entender os efeitos colaterais dos antineopla¡sicos, com a visão de que essas drogas causam um processo inflamata³rio”. Atravanãs das pesquisas, o professor conta que colaborou na formação de “mais de 15 mestres e doutores orientados pelo professor Ribeiro e que realizaram parte de seus trabalhos aqui na FMRP”. Com a morte do professor Ribeiro, quatro desses pesquisadores realizaram integralmente seus experimentos em Ribeira£o Preto.

A felicidade de ter sido contemplado na premiação do ICESP éreconhecida pelo professor como “fruto de um processo que se desenvolve hámais de 15 anos de colaboração e mostra como ela éimportante. Quando colaboramos com um grupo importante, não somamos, multiplicamos a produção do conhecimento”.

Já o pesquisador Leite credita parte importante de seu desenvolvimento pessoal e profissional ao grupo de pesquisa liderado pelo professor Cunha. Segundo Leite, porque “conta com uma rede de cientistas nacionais e internacionais”, além do fato do professor Cunha cultuar a valorização de pequenos centros brasileiros, o que é“imprescinda­vel para o crescimento da pesquisa nacional”.

Potencial terapaªutico para câncer de ova¡rio

Além do CRID, outro Cepid Fapesp coordenado pela FMRP, o Centro de Terapia Celular (CTC) teve um de seus principais pesquisadores entre os finalistas do praªmio Octa¡vio Frias de Oliveira. Foi o professor do departamento de genanãtica da FMRP Wilson da Silva Jr com o estudo que identificou uma pequena molanãcula de RNA capaz de bloquear o processo de meta¡stase e reduzir o tumor de ova¡rio. Os resultados estãopublicados na edição de julho de 2019 da revista Cancer Research. Mais sobre o estudo e o praªmio, na Agência Fapesp.

 

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