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O que seránecessa¡rio para a transição para carros elanãtricos?
A adoa§a£o de vea­culos elanãtricos éparte fundamental da descarbonizaa§a£o da economia. Kenneth Gillingham, professor de economia ambiental e energanãtica, diz que aliviar a ansiedade de alcance e ajudar os motoristas a entender as vantagens da el
Por Kenneth Gillingham - 19/03/2022


Estações de carregamento em Monterey Park, Califa³rnia, em maio de 2021. Foto: Frederic J. Brown/AFP via Getty Images

P: Qual o impacto que os vea­culos elanãtricos podem ter no esfora§o geral de combate a smudanças climáticas?

Eles podem ser cruciais. Embora varie depaís parapaís, o transporte égeralmente um tera§o ou mais das emissaµes totais de dia³xido de carbono. E por muito tempo, as pessoas pensaram que o transporte seria um dos dois setores mais difa­ceis de descarbonizar, ao lado da indaºstria. Os vea­culos elanãtricos estãomudando a equação; a porta de repente estãoaberta para descarbonizar o transporte leve. Essa éuma grande mudança na forma como pensamos sobre os caminhos a seguir.

P: Além das emissaµes, o que estãomoldando a adoção de vea­culos elanãtricos? O que háde excitante neles? Que obsta¡culos permanecem?

Os custos de operação e manutenção são muito menores para vea­culos elanãtricos. Eles são muito silenciosos e, por terem um torque incra­vel em baixa velocidade, são muito divertidos de dirigir. Tudo isso éemocionante.

Um dos maiores desafios éa ansiedade de alcance. As pessoas se sentem desconforta¡veis ​​em comprar um vea­culo elanãtrico porque estãopreocupadas em encontrar estações de carregamento e o tempo que leva para recarregar.

Na prática , essa não éuma preocupação das pessoas em seu deslocamento dia¡rio; esta não éuma preocupação indo em recados e pegando as criana§as da escola. No entanto, a ansiedade do alcance éuma preocupação real para viagens mais longas, e as pessoas tomam decisaµes de compra com base na opção de fazer viagens mais longas.

Isso estãosendo superado lentamente, tanto pela construção de estações de carregamento quanto pelas baterias de maior alcance que chegam ao mercado. Se vocêtem uma bateria de 400 milhas, que algumas das ofertas no mercado hoje tem, fica muito mais fa¡cil não se preocupar. a‰ incomum dirigir mais de 400 milhas em um dia, mesmo em uma longa viagem.

P: Onde estãoas coisas com a infraestrutura de carregamento?

Ha¡ uma pea§a de tecnologia. As estações de carregamento tipicas levam cerca de 10 horas para carregar totalmente os vea­culos elanãtricos de longo alcance. Basicamente, os carros precisam ser ligados durante a noite. Mas também existem estações de carregamento rápido DC que consomem uma tensão mais alta e enchem a bateria muito mais rapidamente. Em meia hora, alguns dos vea­culos elanãtricos de longo alcance recarregara£o 75% ou mais. Nãoétão rápido quanto encher o tanque com gasolina, mas bem rápido. Ele permite que vocêtome uma xa­cara de cafanã, relaxe um pouco.

Ainda não existem muitos carregadores rápidos DC nopaís porque são muito mais caros de instalar e exigem infraestrutura dedicada. Um banco de carregadores, digamos na I-95, consumira¡ bastante da rede elanãtrica.

Do ponto de vista econa´mico, o interessante éque este éum mercado bilateral com efeitos de rede. Se vocêtiver mais vea­culos elanãtricos por aa­, mais estações de recarga sera£o instaladas. Se vocêtiver mais estações de recarga, as pessoas estara£o mais propensas a comprar vea­culos elanãtricos.

A Tesla acabou de construir uma infraestrutura de carregamento para seus pra³prios carros. Mas se realmente quisermos passar de vea­culos elanãtricos sendo 4% das vendas nos EUA para 60%, precisaremos de muito mais estações de carregamento.

Esse éum desafio real e éum desafio que os governos federal e estadual podem desempenhar um papel na facilitação, tanto fornecendo financiamento para a infraestrutura de estações de recarga quanto ajudando na permissão e agilizando a burocracia regulata³ria.

P: Vocaª mencionou que os vea­culos elanãtricos atingem 60% das vendas nos EUA. De onde vem esse número?

Muitas previsaµes da indústria projetam que, de 2035 a 2040, estaremos em 60%, dadas as regulamentações atuais e as trajeta³rias tecnologiicas. O governo Biden tem uma meta de 50% até2030. E o estado da Califórnia tem uma meta de eliminar completamente os novos vea­culos com motor de combustão interna até2035, o que ébastante ambicioso, mas outros lugares tem metas semelhantes.

P: Os consumidores não sabem necessariamente se a eletricidade que entra em suas casas éde fontes renova¡veis ​​ou baseadas em combusta­veis fa³sseis. Isso contribui para o valor dos vea­culos elanãtricos?

Em termos de intensidade de carbono, a eletricidade geralmente vem de fontes mais limpas do que a queima de gasolina. E isso são vai melhorar. As energias renova¡veis ​​são as maiores fontes de nova geração que estãosurgindo para substituir as fontes que estãosendo aposentadas.

Todos concordam que a eletricidade anã, na verdade, o setor mais fa¡cil de descarbonizar. Temos substitutos razoa¡veis ​​e de baixo custo para os combusta­veis fa³sseis. Havera¡ desafios para alcana§ar altas quotas de mercado de energias renova¡veis, mas podemos fazaª-lo. Vai levar apenas algum tempo.

P: E quanto ao impacto ambiental das baterias EV?

Fui coautor de um artigo na Nature Communication com Paul Wolfram, que na anãpoca era aluno de doutorado da Yale School of the Environment e agora épa³s-doutorando no Joint Global Change Research Institute. Observando todas as cadeias de suprimentos e todas as emissaµes indiretas, comparamos o custo ambiental total de vea­culos elanãtricos e movidos a combusta­vel fa³ssil.

a‰ verdade que háimpactos ambientais da mineração de metais para baterias de vea­culos elanãtricos e háemissaµes incorporadas na criação de baterias. Esses são fatores importantes que precisam ser considerados. Mas quando consideramos tudo nas cadeias de suprimentos de EVs e comparamos com a cadeia de suprimentos de gasolina, bem como todas as coisas que fazem um motor de combustão interna convencional e a queima de gasolina, verifica-se que os vea­culos elanãtricos são significativamente melhores do ponto de vista ambiental. Isso não foi totalmente compreendido atéque nossa análise incorporou todos os componentes.

P: Vocaª também analisou como os consumidores tomam uma decisão sobre comprar um vea­culo elanãtrico.

Minha pesquisa tenta desvendar todos os aspectos da decisão do consumidor usando dados sobre todas as compras de vea­culos nos EUA, bem como pesquisas e experimentos de escolha declarada. Tambanãm tento entender como essas decisaµes foram mudando ao longo do tempo a  medida que mais vea­culos elanãtricos são introduzidos e as pessoas tem mais informações.

Descobri que os efeitos de rede são poderosos. Um exemplo disso seria, se seu vizinho tiver um vea­culo elanãtrico, conversar com ele e ouvir como ele gosta osisso éeficaz para mudar sua percepção sobre vea­culos elanãtricos. Ou se vocêfor uma pessoa do Mustang, quando o Mustang Mach-E for lana§ado, vocêdira¡: “Ha¡ uma versão elanãtrica do carro que eu gosto. Talvez eu devesse dar uma olhada.” Mesmo que vocênão se importe com o meio ambiente, o torque em baixa velocidade, o silaªncio, a a³tima sensação de dirigir são atributos dos vea­culos elanãtricos que as pessoas podem não estar cientes atéexperimenta¡-los em primeira ma£o. Esses benefa­cios muito reais podem mudar a forma como as pessoas percebem os vea­culos elanãtricos e podem mudar o ca¡lculo em torno das preocupações com o alcance.

P: Outro componente comportamental que vocêestudou éo custo total de propriedade. Vocaª explicaria isso?

As pessoas tendem a subestimar substancialmente os custos de funcionamento de um carro. Tenho um artigo na Nature que levanta as crena§as dos consumidores sobre os custos de funcionamento de um carro a gasolina. As pessoas fazem um trabalho decente estimando quanto gastam em combusta­vel, mas subestimam os custos gerais de funcionamento em cerca de 50% quando vocêinclui todos os outros custos.

Muitos desses custos diminuiriam com os vea­culos elanãtricos, principalmente os custos de manutenção. Ha¡ um vianãs comportamental ou uma lacuna de informação; as pessoas subestimam sistematicamente seus custos operacionais de uma forma que as levaria a adotar excessivamente vea­culos a gasolina em relação aos vea­culos elanãtricos se tivessem informações completas.

“Eu defendo que o custo total de propriedade deve ser rotulado em vea­culos novos. Isso provavelmente aumentaria as vendas de vea­culos elanãtricos”.


Temos uma etiqueta de economia de combusta­vel muito clara em cada novo vea­culo. Eu diria que o custo total de propriedade deve ser rotulado em vea­culos novos. Isso provavelmente aumentaria as vendas de vea­culos elanãtricos.

Grandes segmentos da população consumidora que compram carros novos não se importam com asmudanças climáticas ou com as emissaµes. Mas eles se preocupam com a quantidade de dinheiro que estãogastando, incluindo os custos operacionais totais. Nãoter que trazer tanto o carro para a oficina osesse éum aspecto muito atraente de muitos vea­culos elanãtricos que nem sempre élevado em consideração.

Se vamos descarbonizar o transporte leve, precisaremos que todos eventualmente mudem. Sa³ faz sentido apelar para as várias razões pelas quais eles podem querer fazaª-lo.

P: Quanto os vea­culos elanãtricos podem mudar o futuro de como os carros são usados?

Os vea­culos elanãtricos são uma transição natural para vea­culos totalmente auta´nomos e vea­culos conectados.

Por exemplo, algumas startups, incluindo a Electreon, estãocolocando infraestrutura de recarga nas estradas para permitir que os vea­culos sejam recarregados enquanto dirigem. A tecnologia que conecta um vea­culo a  estrada pode permitir todo um conjunto de outras conexões.

Vocaª não precisa necessariamente ter vea­culos elanãtricos para ter vea­culos auta´nomos ou vea­culos conectados. Mas as novas tecnologias podem levar as montadoras e reguladores a pensar sobre o mundo fora da caixa em que vivemos hámuito tempo, de uma forma que pode nos ajudar a reimaginar o transporte de forma mais ampla.

Outra direção pode ser os benefa­cios de resiliencia das baterias dos vea­culos para a rede elanãtrica. A Ford F-150 Lightning osuma picape elanãtrica que serálana§ada ainda este ano ospode, com alguma modificação no painel elanãtrico de sua casa, manter pelo menos alguns circuitos de sua casa funcionando durante uma queda de energia.

Essas possibilidades de bateria para rede talvez estejam um pouco exageradas no momento, mas o potencial éreal. Poderia nos permitir gerenciar a rede com maior penetração de energias renova¡veis. Se vocêrealmente depende de energias renova¡veis ​​e chega a um período em que o sol não estãobrilhando e o vento não estãosoprando. talvez em algum momento vocêtambém possa aproveitar o fato de que metade das residaªncias dopaís tera¡ vea­culos elanãtricos com eletricidade armazenada em baterias.

a‰ muito emocionante pensar nas novas inovações que estãochegando ao nosso mundo na próxima década.

P: Incentivar a transição para vea­culos elanãtricos faz parte de uma discussão nacional e global sobre asmudanças climáticas. Como vocêenquadra os problemas clima¡ticos que estamos enfrentando?

O clima estãoentre as questões mais sanãrias de nossos dias. Nãohádaºvida sobre isso. A ciência éincrivelmente clara de que os impactos dasmudanças climáticas sera£o reais e nota¡veis. Embora não possamos eliminar totalmente esses impactos osalguns já estãoacontecendo osse realmente comea§armos a combater asmudanças climáticas, hátempo para reduzi-los.

Isso nos custara¡ algo, mas ao lidar com asmudanças climáticas, obteremos benefa­cios no futuro e cobenefa­cios hoje, incluindo coisas como redução da poluição do ar, redução de casos de asma e redução de internações hospitalares.

Do meu ponto de vista, também háfortes razões para implementar políticas prudentes para reduzir o risco demudanças climáticas catastra³ficas. Eles podem ser vistos como apa³lices de seguro.

P: Essas políticas são implementadas emnívelestadual, federal ou global?

Vai ter que ser tudo isso acima. Em um mundo ideal, todos os governos nacionais se reuniriam e implementariam prea§os de carbono suficientemente altos para realmente empurrar a agulha. Se isso acontecesse, acredito que podera­amos lidar com asmudanças climáticas, de forma substantiva, em questãode uma década ou duas, se todos o fizessem. Mas, infelizmente, a pola­tica não parece estar apontando nessa direção.

 

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