Humanidades

Pesquisa sobre ansiedade vitoriana éum livro de nega³cios do Financial Times de 2019
A lista écomposta principalmente por ta­tulos que vocêesperaria ver nas prateleiras dos CEOs, como livros sobre administraz£o e grandes empresas de tecnologia.
Por James Webster - 19/12/2019


O Financial Times acaba de lana§ar sua lista de livros de nega³cios de 2019.

A lista écomposta principalmente por ta­tulos que vocêesperaria ver nas prateleiras dos CEOs, como livros sobre administração e grandes empresas de tecnologia.

Mas um se destaca do resto: um livro baseado em pesquisas de Oxford sobre vida e saúde nos tempos vitorianos. Acontece que o Anxious Times: Medicina e Modernidade na Gra£-Bretanha do século XIX tem muito a nos ensinar sobre a vida moderna.

Escrito pela Dra. Amelia Bonea, Dra. Melissa Dickson, Professora Sally Shuttleworth e Dra. Jennifer Wallis, o livro surgiu do projeto de pesquisa Doena§as da Vida Moderna: Perspectivas do Sanãculo XIX na Universidade de Oxford.

Financiado pelo Conselho Europeu de Pesquisa, o projeto foi liderado por Sally Shuttleworth, professora de literatura inglesa no St Anne's College. O projeto analisa como a literatura, a ciência e a medicina refletiram o estresse de uma sociedade em rápida mudança, encontrando muitos paralelos interessantes com os nossos.

O professor Shuttleworth ficou "encantado" ao ouvir o nome do livro na lista. Ela disse: 'Foi muito inesperado. Dito isto, ao escrever o livro e executar o projeto, esta¡vamos muito conscientes de que os temas que esta¡vamos analisando são preocupações para a saúde pública e os nega³cios no momento. '

Na lista do Financial Times, eles dizem que o Anxious Times "argumenta de maneira fascinante que o estresse e a ansiedade dos vitorianos ... prenunciavam os problemas de nossa própria anãpoca com esgotamento e perturbação". 

Falando sobre esses paralelos, o professor Shuttleworth disse: 'Eu acho que éde grande releva¢ncia para o paºblico e o pensamento de hoje. Passamos um tempo observando o que chamamos de "exaustão executiva", mas na anãpoca isso era chamado de "pressão excessiva".

“Isso tinha muito a ver com a chegada do telanãgrafo, de repente vocêteve que trabalhar em uma escala global muito mais ampla e poderia ser inundado com telegramas a todas as horas da noite e do dia. Os empresa¡rios de Londres costumavam ter telanãgrafos em suas próprias casas, o que realmente aumentou as pressaµes.

Se isso soa familiar - talvez vocêtambém lute para não ser sempre um telefonema ou e-mail longe do trabalho - então vocêestãocomea§ando a entender um paralelo fundamental entre os dias modernos e os tempos vitorianos: a velocidade da mudança tecnologiica.

"Acho que toda geração tem a sensação de que as coisas estavam melhores de alguma forma no passado, mas háparalelos muito fortes entre agora e o século 19", disse o professor Shuttleworth. 'Tudo se deve a  rapidez da mudança; se vocêpensar nesse período, eles deixaram de ser predominantemente agra­colas para uma sociedade industrial em cerca de 50 anos.

“As ferrovias atingiram opaís e, com a criação de linhas globais de telanãgrafo, de repente uma carta que levaria seis meses para chegar a  Austra¡lia pode ser telegrafada em questãode minutos. Portanto, a mudança na forma como vocêse orienta no mundo e na sua compreensão do tempo e do espaço ésimplesmente nota¡vel. E acho que éo mesmo tipo de problema com o qual estamos lidando agora.

Existem outras semelhanças na grande quantidade de informações dispona­veis. O advento do estresse causado pelo vapor fez com que as pessoas sentissem que foram bombardeadas com impressão, enquanto o novo posto de moeda levava a um aumento na publicidade. Estamos vendo um eco disso agora, com preocupações sobre quanto espaço resta onde não estamos consumindo informações ou vendendo alguma coisa.

O professor Shuttleworth contou uma história em que: “Existe uma descrição maravilhosa de um médico incapaz de tomar o caféda manha£; havia tantos folhetos publicita¡rios para empresas farmacaªuticas por toda a mesa. Portanto, havia a mesma sensação de ser pressionado a comprar.

Nãosão apenas as semelhanças que podem surpreender os leitores. O Anxious Times também descobre algumas diferenças importantes nas atitudes da sociedade. O professor Shuttleworth explicou: 'Uma das grandes surpresas foi a maneira como as pessoas eram tão simpa¡ticas aos que sofrem de "pressão excessiva" ou "excesso de trabalho".

'Eles aceitaram que as avarias não eram vergonhosas e enviavam executivos para os centros de saúde por seis meses ou mais para se recuperar. Havia um entendimento de que a convalescena§a exigia um tempo substancial. Eu acho que isso éalgo completamente perdido.

Dado esse tipo de surpresa, fica ainda mais claro por que essa éuma leitura vital para os nega³cios. O professor Shuttleworth disse: 'Acho que as lições são que vocênão deve se preocupar com coisas sem precedentes. Vocaª pode entender melhor os problemas de hoje colocando-os em perspectiva hista³rica.

Tambanãm hálições a serem aprendidas com as maneiras pelas quais os vitorianos abordaram os problemas de poluição industrial que haviam criado, com a saúde pública local ou grupos 'sanita¡rios' em todo opaís se reunindo para medir a poluição do ar e da a¡gua, por exemplo, e fazendo campanha por legislação para controlar o fumo da fa¡brica ', acrescentou.

'Tendemos a pensar no movimento "cidade verde" como uma criação do século XX, mas ele também tem suas origens no período vitoriano. Fiquei bastante surpreso e encantado por encontrar tudo isso!

O projeto de pesquisa Doena§as da Vida Moderna também teve sucesso recente ao ganhar o Oxford Preservation Trust Award. Seu show de luzes e sons da Velocidade da Vida vitoriana do Victorian Night Light foi nomeado Melhor Projeto Tempora¡rio.

 

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