Humanidades

Como manter as cadeias de suprimentos confia¡veis ​​quando o mundo estãosuspenso
O COVID-19 expa´s a fragilidade das cadeias de suprimentos globais. Talvez seja hora de repensar o papel do governo.
Por Drew Calvert - 29/05/2020


O foco das empresas em otimizar sua vantagem com as cadeias de suprimentos pode
colocar a rede em risco de colapso, diz Kostas Bimpikis, professor de
Stanford. | Reuters / Chris Bergin

Em mara§o, quando os casos de COVID-19 ocorreram nos Estados Unidos, os hospitais enfrentaram uma escassez terra­vel de suprimentos médicos cruciais, desde máscaras faciais e ventiladores atécotonetes nasais e produtos químicos necessa¡rios para testar os kits. Nas semanas seguintes, houve uma preocupação crescente com a escassez mais ampla de medicamentos, já que - segundo dados da FDA - 72% da fabricação de ingredientes ativos para medicamentos vendidos nos EUA ébaseada em outrospaíses.

"Essa crise de saúde realmente mostrou o quanto fra¡geis são essas cadeias de suprimentos e o quanto contamos com elas", diz Kostas Bimpikis , professor associado de operações, informações e tecnologia da Stanford Graduate School of Business.

Para Bimpikis, essa fragilidade éo resultado de várias empresas projetando cadeias de suprimentos - cada vez mais complexas - que atingem metas de nega³cios especa­ficas, mas não conseguem proteger a resiliencia da rede como um todo. E porque isso éverdade tanto para as zaragatoas nasais quanto para os taªnis e os iPhones, pode levar aos tipos de vulnerabilidades que estamos enfrentando agora.

Então, como opaís evita interrupções tão caras? Bimpikis diz que pode haver um papel do governo monitorar as cadeias cra­ticas de suprimentos para garantir que elas permanea§am via¡veis, mesmo em tempos de emergaªncia.

“As empresas constroem cadeias de suprimentos com base em seus pra³prios incentivos, e não na saúde da rede como um todo. Portanto, vocênão pode esperar que essas redes sejam idealmente resilientes”, diz ele. "A única maneira de garantir isso seria algum tipo de intervenção do governo."

Tomando o ponto de vista da rede

Ha¡ uma razãopela qual as empresas optam por mover a produção para o exterior e manter um estoque "enxuto": reduz custos e melhora os lucros. a‰ claro que as interrupções sempre são uma ameaa§a, mas a maioria das empresas considera esse risco ao projetar cadeias de suprimentos. O que eles geralmente não levam em consideração éo risco agregado a  indústria resultante de cada empresa tomar decisaµes com base exclusivamente em seu pra³prio interesse.

Essa tensão entre a empresa e a rede tem sido o foco de grande parte das pesquisas da Bimpikis. Os riscos parecem diferentes quando vocêconsidera o ponto de vista da rede, diz ele, porque "o que éideal para uma única empresa pode ser abaixo do ideal para a rede".

Por exemplo, em um artigo recente , ele mostra que quando as empresas tomam decisaµes sobre cadeias de suprimentos com base em suas próprias margens de lucro projetadas, a s vezes criam ineficiências e fraquezas em uma cadeia maior. Ele sugere que os subsa­dios projetados adequadamente, direcionados a esta¡gios específicos do processo de produção, possam ser uma maneira econa´mica de resolver essas ineficiências e reforçar a robustez da rede. E em pesquisas anteriores , ele demonstra que quanto mais empresas diversificam suas cadeias de suprimentos para reduzir riscos, mais elas potencialmente amplificam os riscos para a rede do setor.

O COVID-19 mudara¡ a maneira como as cadeias de suprimentos são projetadas? Provavelmente não, diz Bimpikis. Algumas empresas podem mudar sua fabricação terceirizada para a andia ou outrospaíses da asia - corrigindo uma dependaªncia excessiva da China - mas as condições que levaram a  terceirização permanecem as mesmas.

"As empresas sempre precisara£o equilibrar custo versus risco", diz ele, e sem os incentivos necessa¡rios, provavelmente não formação cadeias de suprimentos muito diferentes das que possuem hoje. "a‰ aqui que o governo pode desempenhar um papel, se considerar que garantir a disponibilidade de certos bens éfundamental para os consumidores".

Qual o papel do governo?

A questãoanã: que papel o governo deve desempenhar quando se trata de proteger cadeias cra­ticas de suprimentos?

Já éobjeto de intenso debate. No final de abril, os democratas do Senado, invocando a Lei de Produção de Defesa - uma lei originalmente destinada a garantir suprimentos para fins de defesa nacional - divulgaram um projeto de lei para federalizar a cadeia de suprimentos médicos. Fazer isso, eles argumentaram, ajudaria a garantir que opaís tenha os ventiladores e equipamentos de proteção individual necessa¡rios para enfrentar a crise em curso.

Além de tais medidas emergenciais, Bimpikis vaª um papel mais duradouro para o governo: ele pode oferecer maior transparaªncia de redes internacionais de fornecimento cada vez mais complexas. Saber, por exemplo, exatamente onde e como éproduzido um medicamento essencial pode ajudar a salvar vidas em caso de interrupção.

Considere a experiência do Japa£o após o terremoto e o tsunami de 2011 que causaram interrupções em sua indústria de fabricação de automa³veis. Aconteceu que a maioria das empresas contava com um pequeno grupo de fornecedores em um cluster geogra¡fico - mas isso são ficou claro após o dano econa´mico.

"Nãohárazãopara que as mesmas preocupações com a saúde do setor banca¡rio não devam ser estendidas a  saúde das redes da cadeia de suprimentos".

Kostas Bimpikis

"Eu não defenderia que o governo precisa assumir as cadeias de suprimentos", diz Bimpikis. “Mas quando se trata de produtos que são considerados essenciais, ajudaria se eles tivessem visibilidade. Quantos dependem de uma única regia£o - ou mesmo de uma única empresa? Qua£o fortes eles são? Qua£o diversificada? Qua£o via¡vel seria aumentar a produção internamente em caso de emergaªncia? Existe uma reserva estratanãgica na qual podemos confiar se a produção for interrompida? ”

A digitalização de transações - usando a tecnologia blockchain - pode ser útil nesse esfora§o para obter mais transparaªncia, diz ele. De fato, a IBM já lançou seu pra³prio blockchain projetado para preencher a lacuna entre os fabricantes de suprimentos médicos e a comunidade de assistaªncia médica.

Além de monitorar as cadeias de suprimentos, o governo pode considerar oferecer a s empresas incentivos para construa­-las de maneiras que sejam mais benanãficas socialmente. Esses incentivos podem incluir incentivos fiscais ou subsa­dios para empresas que “on-shore” parte de sua produção, atenuando os riscos de interrupção.

“O ponto éque, para alcana§ar cadeias de suprimentos resilientes, vocênão pode confiar apenas nas empresas”, diz Bimpikis. Vocaª precisaria cutuca¡-los de alguma maneira e compensa¡-los pelas externalidades positivas que eles criam. ”

Ta£o crítico quanto bancos e petra³leo

Bimpikis ressalta que o governo interveio para proteger outros segmentos da economia que considera essenciais, como os bancos. "Nãohárazãopara que as mesmas preocupações com a saúde do setor banca¡rio não devam ser estendidas a  saúde das redes da cadeia de suprimentos", diz ele. "O governo não administra os bancos, mas eles ainda precisam manter uma certa quantidade de reservas com base em sua posição na rede financeira".

Alguns atépediram que o governo estabelecesse um "teste de estresse" para empresas que fornecem suprimentos cra­ticos, assim como fez para os bancos após a crise financeira de 2008 - mas Bimpikis écanãtico quanto a isso ser realista.

No entanto, ele aponta para outro exemplo de intervenção do governo: a criação da Reserva Estratanãgica de Petra³leo após a crise do petra³leo de 1973. Se o governo tem um papel a desempenhar na proteção dos bancos e na preservação de fontes de energia, por que não apoiar as redes da cadeia de suprimentos, mantendo um estoque estratanãgico de suprimentos cra­ticos?

Talvez uma boa analogia seja a mais próxima de casa: as ordens de abrigo no local que foram impostas para retardar a disseminação do COVID-19 ilustram o quanto extensamente estamos em rede e destacamos os riscos envolvidos na operação como se essa rede não o fizesse. existir.

"O distanciamento social pode impor um custo ao indiva­duo, mas também fornece externalidades positivas a  população", diz Bimpikis. “Portanto, háum paralelo entre o que estamos fazendo e o que as empresas podem estar fazendo para proteger suas redes de suprimentos. a‰ claro que as empresas não são tão altrua­stas quanto os indiva­duos, e mesmo as pessoas precisam de algum incentivo do governo para incentivar comportamentos que são bons para todos. ”

 

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