Humanidades

Como os governos resistem a s listagens do Patrima´nio Mundial em perigo
Uma listagem em Perigo visa conscientizar sobre ameaa§as a esses sites e incentivar o investimento em medidas de mitigaa§a£o, como protea§a£o extra.
Por ARC Center of Excellence for Coral Reef Studies - 20/07/2020

Doma­nio paºblico

Um estudo publicado hoje revelou que os governos nacionais resistiram repetidamente a  colocação de 41 locais do Patrima´nio Mundial da UNESCO - incluindo a Grande Barreira de Corais - na lista de Patrima´nio Mundial em Perigo. Essa resistência ocorre apesar dos sites serem tão ameaa§ados ou mais ameaa§ados do que aqueles que já estãona lista de Perigos.

O estudo foi co-escrito por uma equipe de cientistas da Austra¡lia, Reino Unido e EUA.

Os locais do Patrima´nio Mundial representam o patrima´nio natural e cultural da humanidade global. Sua proteção estãodentro da jurisdição de cadapaís. Uma listagem em Perigo visa conscientizar sobre ameaa§as a esses sites e incentivar o investimento em medidas de mitigação, como proteção extra.

A principal autora, a professora Tiffany Morrison, do Centro de Excelaªncia ARC para Estudos de Recifes de Coral da James Cook University (Coral CoE da JCU), diz que os governos nacionais responsa¡veis ​​por esses sites do Patrima´nio Mundial usam estratanãgias políticas de reta³rica e resistência para evitar uma lista de Patrima´nio Mundial em Perigo.

"Evitar uma lista em Perigo acontece atravanãs do cumprimento parcial e exercendo pressão diploma¡tica sobrepaíses que são membros do Comitaª do Patrima´nio Mundial", disse Morrison.

Ela diz que as listagens do Patrima´nio Mundial em Perigo estãocada vez mais politizadas. No entanto, atéagora, pouco se sabia sobre o que essa politização implicava e o que fazer a respeito.

O estudo constatou o número la­quido de listagens de perigo em plata´ desde o ano 2000. Ao mesmo tempo, estratanãgias políticas de baixa visibilidade - como lobby industrial e trade-offs pola­ticos associados a s listagens - intensificaram-se.

"Nossos resultados também desafiam a suposição de que a ma¡ governana§a são acontece em economias menos tecnologicamente avana§adas. Ospaíses ricos também costumam ter uma ma¡ governana§a", disse Morrison.

"Mostramos que a influaªncia de indaºstrias poderosas no bloqueio da governana§a ambiental épredominante em muitas regiaµes e sistemas".

A Grande Barreira de Corais, sob a custa³dia do governo australiano, éapenas um dos locais ameaa§ados que continua a escapar da lista de Patrima´nio Mundial em Perigo.

O professor Terry Hughes, também do Coral CoE da JCU, diz que não hádaºvida de que os recifes de coral estãoem perigo devido a smudanças climáticas provocadas pelo homem.

"O estudo não faz nenhuma recomendação sobre quais locais do Patrima´nio Mundial devem ser formalmente reconhecidos como em Danger, mas ressalta que praticamente todos os locais são cada vez mais impactados pelasmudanças climáticas antropogaªnicas", disse Hughes.
 
"A Grande Barreira de Corais foi severamente afetada por três eventos de branqueamento de corais nos últimos cinco anos, provocados por temperaturas recordes", disse ele.

As listagens de Patrima´nio Mundial em Perigo são desaprovadas por indaºstrias de recursos naturais de alto valor, como mineração, silvicultura e turismo ambiental. O professor Morrison diz que as listagens em Danger restringem a licena§a social das indaºstrias de combusta­veis fa³sseis para operar.

"As coalizaµes da indaºstria, portanto, frequentemente pressionam governos,países da UNESCO e do Comitaª do Patrima´nio Mundial", afirmou.

"Eles afirmam que uma lista no Perigo diminui a reputação internacional de seupaís e restringe o investimento estrangeiro, a produtividade nacional e o emprego local. Alguns também desafiam o pra³prio sistema do Patrima´nio Mundial e minam os relatórios de cientistas, organizações não-governamentais e a ma­dia".

Esses esforços de lobby aumentam o senso de ameaça pola­tica do governo, vinculando as listagens ao desempenho econa´mico nacional, bem como a s reputações individuais de pola­ticos e burocratas seniores.

"Ao mesmo tempo, a UNESCO estãociente dessa dina¢mica e preocupada com ameaa§as a  sua própria reputação", disse Morrison.

"Pola­ticos e burocratas costumam trabalhar para ocultar essas dina¢micas, resultando em ma¡ governana§a e degradação ambiental conta­nua".

O professor Morrison diz que revelar e analisar essas dina¢micas éum passo mais pra³ximo de modera¡-las.

O estudo fornece novas evidaªncias de como as interações, de 1972 a 2019, entre a UNESCO e 102 governos nacionais, moldaram a governana§a ambiental e os resultados de 238 ecossistemas do Patrima´nio Mundial. Tambanãm fornece exemplos de como as partes interessadas podem e estãoexperimentando estratanãgias de compensação que aproveitam essas políticas.

"Dado o investimento global em governana§a ambiental nos últimos 50 anos, éessencial enfrentar as ameaa§as ocultas a  boa governana§a e proteger todos os ecossistemas", conclui o estudo.

 

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