Humanidades

Os seres humanos podem ter chegado a s Amanãricas 15.000 anos antes do que se pensava anteriormente
A equipe arqueola³gica descobriu quase duas mil ferramentas de pedra e outras pea§as de pedra na Caverna Chiquihuite, que estãoem escavaa§a£o háquase uma década.
Por University of New South Wales - 23/07/2020


Juan I. Maca­as-Quintero, Marta­n Marta­nez-Riojas, Prof. Eske Willerslev e Dr. Mikkel Winther Pedersen (da esquerda para a direita), coletando amostras para análises de DNA antigas na Caverna Chiquihuite, 2019. Crédito: Devin A. Gandy

Os seres humanos podem ter chegado a s Amanãricas hámais de 30.000 anos, mostra uma nova pesquisa de equipes internacionais de cientistas - um período 15.000 anos antes do que se pensava anteriormente.

No entanto, o impacto humano em grandes mama­feros agora extintos (megafauna) ocorreu muito mais tarde, quando as populações aumentaram significativamente.

Essas descobertas - publicadas em dois artigos na Nature hoje - baseiam-se em pesquisas arqueola³gicas na Caverna Chiquihuite no Manãxico central e em modelagem estata­stica de datas de 42 sa­tios arqueola³gicos, incluindo a Caverna Chiquihuite.

"Acredita-se que os primeiros americanos chegaram ao continente entre 16.000 e 13.000 anos atrás", diz a principal autora do estudo de modelagem estata­stica, Dra. Lorena Becerra-Valdivia. Anteriormente da Universidade de Oxford, onde ela concluiu essa pesquisa, a Dra. Becerra-Valdivia éatualmente pesquisadora de pa³s-doutorado na UNSW Sydney.

"Nossas descobertas mostram evidaªncias de seres humanos cerca de 15.000 anos antes disso".

A equipe arqueola³gica descobriu quase duas mil ferramentas de pedra e outras pea§as de pedra na Caverna Chiquihuite, que estãoem escavação háquase uma década. Os artefatos pertencem a um tipo de cultura material nunca visto nas Amanãricas, sugerindo uma indústria la­tica (ou pedra) anteriormente desconhecida.

Os cientistas usaram a datação por radiocarbono para descobrir as idades das evidaªncias no local, como DNA de ossos, carva£o e sedimentos. O manãtodo de datação por luminescaªncia - que mede a luz emitida pela energia em certas rochas e solos - também foi usado em algumas amostras.

Mais de 50 datas foram retiradas do local da escavação, com as evidaªncias culturais mais antigas datando do ašltimo Glacial Ma¡ximo (LGM) - o pico da Era do Gelo - 26 a 18 mil anos atrás. Mas a modelagem estata­stica estima que os humanos ocuparam o local ainda mais cedo.

"A presença humana ocorre antes da criação de um sa­tio arqueola³gico", explica o Dr. Becerra-Valdivia, um cientista arqueola³gico e especialista em datação por radiocarbono da Unidade de Ciclo de Carbono Chronos 14 da UNSW.

"Usando as evidaªncias arqueola³gicas e a modelagem eta¡ria bayesiana - uma ferramenta poderosa que incorpora datas e evidaªncias arqueola³gicas por meio de estata­sticas - podemos estimar que os seres humanos chegaram a  Caverna Chiquihuite há33-31.000 anos atrás. Essas descobertas nos ajudam a entender a ocupação humana inicial dos Amanãricas em mais detalhes do que nunca ", diz o Dr. Becerra-Valdivia.
 
Uma colonização com falha

A Gruta de Chiquihuite éum local de alta altitude localizado nas montanhas Astillero, no norte do Manãxico central. Situada a 2.750 metros acima doníveldo mar, sua altura éincomum em comparação com outros sa­tios arqueola³gicos nas Amanãricas: a maioria são locais abertos, locais de matana§a de megafauna ou abrigos de rochas rasos.

A localização da caverna - e sua antiguidade - desafia modelos comuns na pesquisa dos Primeiros Americanos.

"As descobertas na caverna de Chiquihuite são extremamente emocionantes", diz o Dr. Ciprian Ardelean, da Universidade de Zacatecas, que liderou as escavações arqueola³gicas.

"A arqueologia émais antiga do que qualquer coisa que já vimos antes e as ferramentas de pedra são de um tipo aºnico nas Amanãricas. Artefatos de pedra em lascas feitas pelo homem estãola¡ aos milhares, embutidos em depa³sitos sedimentares em camadas que agora estãobem datados.

"a‰ curioso que o local tenha sido ocupado muito mais cedo do que outros - parece prova¡vel para nosque o povo de Chiquihuite represente uma 'colonização fracassada', que pode muito bem não ter deixado herana§a geneticamente detecta¡vel nas populações dos primeiros americanos de hoje".

O Dr. Jean-Luc Schwenninger, coautor saªnior e chefe do Laborata³rio de Datação por Luminescaªncia da Universidade de Oxford, estãonamorando o site háquase uma década.

"Ver finalmente os resultados publicados éimensamente satisfata³rio", diz ele.

"Foi um longo período de gestação, mas a publicação dessas novas descobertas e descobertas que abalam e desafiam as visaµes estabelecidas hámuito tempo exigia quantidades extras de diligaªncia, escruta­nio, paciaªncia e perseverana§a".

Um boom populacional

O Dr. Becerra-Valdivia e o Prof. Tom Higham, também da Universidade de Oxford, usaram as descobertas da Caverna Chiquihuite para construir uma estrutura cronola³gica detalhada da chegada e dispersão de seres humanos na Amanãrica do Norte.

Eles combinaram as datas da Caverna Chiquihuite com centenas de datas encontradas em sa­tios arqueola³gicos na Amanãrica do Norte e Beringia, a antiga ponte terrestre que liga o continente a  asia.

A estrutura mostra que, embora os seres humanos provavelmente estivessem presentes na regia£o antes, durante e após o LGM, a ocupação humana generalizada provavelmente começou muito mais tarde, durante um período de aquecimento clima¡tico global abrupto.

"Foi apenas cerca de 14.700 anos atrás que essas pessoas se tornaram mais visa­veis no registro arqueola³gico", diz o Dr. Becerra-Valdivia, que também foi coautor do artigo arqueola³gico da Caverna Chiquihuite. "Isso provavelmente ocorreu devido ao aumento da população".

O desaparecimento da megafauna agora extinta, como mamutes e tipos de cavalos e camelos, ocorreu em grande parte ao mesmo tempo que a expansão humana durante esse período mais quente - isto anã, entre 14,7 e 12,9 mil anos atrás.

Os autores sugerem que o aumento da população humana parece estar associado a um impacto significativo no decla­nio catastra³fico dessas grandes megafaunas.

Descobrir novas histórias

A estrutura cronola³gica data o ini­cio da ocupação humana na Amanãrica do Norte, bem como o ini­cio de três tradições distintas de ferramentas de pedra. Atéagora, a evidência mais antiga de ocupação cultural estãona Caverna Chiquihuite.

"Os primeiros americanos vieram do leste da Eura¡sia, e parece que houve um movimento surpreendentemente precoce de pessoas no continente", diz o professor Higham.

"As pessoas que viajaram para essas novas terras devem ter usado a tecnologia mara­tima, porque as partes do norte da Amanãrica do Norte eram impenetra¡veis ​​e isoladas do leste da Eura¡sia por uma imensa camada de gelo até13.000 anos atrás".

Para desenvolver sua estrutura cronola³gica, os pesquisadores usaram uma abordagem estata­stica conhecida como modelagem eta¡ria bayesiana, que foi realizada em um software (OxCal) desenvolvido em Oxford pelo professor Christopher Bronk Ramsey.

Eles combinaram estatisticamente as datas com informações estratigra¡ficas - ou camada de rocha - para estimar o ini­cio e o fim da ocupação humana em cada um dos locais. As datas foram plotadas espacialmente em todo o continente.

"Essa abordagem envolve dar um passo atrás e olhar para a imagem inteira para entender melhor o que aconteceu no passado", diz o Dr. Becerra-Valdivia.

Os pesquisadores esperam que mais investigações arqueola³gicas na Amanãrica Central e do Sul permitam o desenvolvimento de modelos em todo o continente.

"Uma combinação de novas escavações e ciência arqueola³gica de ponta estãonos permitindo descobrir uma nova história da colonização das Amanãricas", diz o professor Higham.

"A descoberta de que as pessoas estiveram aqui hámais de 30.000 anos atrás levanta uma sanãrie de novas questões importantes sobre quem eram essas pessoas, como elas viviam, quanto difundidas elas eram e, finalmente, qual era o seu destino".

 

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