Humanidades

Traa§os de vida antiga contam a história da diversidade primitiva em ecossistemas marinhos
A pesquisa éo resultado de mais de 20 anos de trabalho de Buatois e da equipe que examinou centenas de formaa§aµes rochosas em locais em todos os continentes.
Por Universidade de Saskatchewan - 14/08/2020


Uma trilha de pastagem sinuosa fossilizada da era cambriana. Crédito: Luis Buatois

Se vocêpudesse mergulhar no fundo do oceano háquase 540 milhões de anos, logo após o ponto em que as ondas comea§am a quebrar, vocêencontraria uma explosão de vida - dezenas de animais parecidos com vermes e outras criaturas marinhas cavando buracos e estruturas complexas na lama e areia - onde antes o ambiente era quase totalmente a¡rido.

Graças a  pesquisa publicada hoje na Science Advances por uma equipe de pesquisa internacional liderada pela Universidade de Saskatchewan (USask), este rápido aumento na biodiversidade - um dos dois grandes eventos em um período de 100 milhões de anos, 560 a 443 milhões de anos atrás - éparte de uma imagem mais clara emergindo dos antigos oceanos da Terra e da vida neles.

"Podemos ver a partir dos vesta­gios de fa³sseis - rastros, trilhas, perfurações e tocas de animais deixados para trás - que este ambiente particular do fundo do oceano , o offshore, serviu como um 'cadinho' para a vida", disse o paleobia³logo Luis Buatois da USask, lider autor do artigo. "Nos pra³ximos milhões de anos, a vida se expandiu dessa área para a¡guas mais profundas e para dentro em a¡guas mais rasas."

A pesquisa éo resultado de mais de 20 anos de trabalho de Buatois e da equipe que examinou centenas de formações rochosas em locais em todos os continentes.

"Atéagora, esses dois eventos - a Explosão Cambriana e o Grande Evento de Biodiversificação Ordoviciana - foram compreendidos principalmente por meio do estudo dos fa³sseis do corpo - as conchas, carapaa§as e os ossos de antigas criaturas marinhas", disse Buatois. "Agora podemos dizer com segurança que esses eventos também se refletem no registro de vesta­gios de fa³sseis, que revela o trabalho dessas criaturas de corpo mole cujos tecidos carnudos apodrecem muito rapidamente e, portanto, muito raramente são preservados."

Os paleobia³logos da USask Gabriela Ma¡ngano e Luis Buatois (da esquerda para a direita)
em campo no Marrocos examinando rochas marinhas de 478 milhões de anos.
Crédito: Xiaoya Ma

Pela primeira vez, a equipe mostrou evidaªncias de animais ativamente "projetando" seu ecossistema - por meio da construção de tocas abundantes e diversas no fundo do mar dos oceanos do mundo nesta anãpoca antiga.

“Nunca subestime o que os animais são capazes de fazer”, disse a paleobia³loga Gabriela Ma¡ngano, co-autora do artigo. "Eles podem modificar seu ambiente fa­sico e qua­mico, excluindo outros animais ou permitindo que eles floresa§am criando novos recursos. E eles definitivamente estavam fazendo todas essas coisas nesses mares antigos."
 
Os esforços de engenharia de animais produtores de vesta­gios de fa³sseis podem ter lana§ado as bases para uma maior diversidade na vida marinha. Os pesquisadores identificaram uma defasagem de 20 milhões de anos durante a Explosão Cambriana (o momento em que a maioria dos principais grupos de animais aparecem pela primeira vez no registro fa³ssil) entre a diversificação em vesta­gios de fa³sseis e em fa³sseis de corpos animais, sugerindo que os animais posteriores explorarammudanças o que lhes permitiu diversificar ainda mais.

A pesquisa também ajuda a resolver uma grande questãodo registro geoqua­mico, que indicava que grande parte do oceano antigo estava sem oxigaªnio e era inadequada para a vida. Como os oceanos de hoje, o oceano Cambriano tinha certas áreas cheias de vida, enquanto outras não tinham as condições necessa¡rias para sustenta¡-lo.

Rastreio de fa³sseis de trilobita do Grande Evento da Biodiversidade Ordoviciana.
Crédito: Luis Buatois

"O fato de que traa§os de distribuição de fa³sseis mostram que havia locais onde a vida florescia adjacente a outras desprovidas de atividade animal durante todo o ini­cio do período Cambriano éum forte argumento a favor da ideia de que zonas com oxigaªnio suficiente para sustentar uma diversidade de animais co- existia com a¡guas pobres em oxigaªnio em áreas mais profundas ", disse Ma¡ngano. "a‰ uma situação semelhante ao que ocorre nos oceanos modernos com zonas de ma­nimo de oxigaªnio na parte externa da plataforma continental e na parte superior da encosta continental, mas oxigenadas em a¡guas mais rasas."

A pesquisa pode fornecer novos insights de uma perspectiva evoluciona¡ria sobre a importa¢ncia de extensas formações rochosas de uma safra semelhante encontrada no Canada¡ e em outros lugares, e ajudar a sociedade a se preparar para os desafios que se aproximam.

"Compreender asmudanças que ocorreram no ini­cio da história do nosso planeta pode nos ajudar a enfrentar os desafios atuais dos oceanos modernos, particularmente no que diz respeito a smudanças no oxigaªnio", disse Buatois.

 

.
.

Leia mais a seguir