Humanidades

A erupção vulcânica de Ilopango que chocou a civilização maia, há1590 anos
A equipe de pesquisa usou um modelo de dispersão de tefra 3-D para estimar que a pluma de erupção subiu para 45 km e que as cinzas de Ilopango foram dispersas por mais de 7.000 km, atéa Groenla¢ndia.
Por Conselho Nacional de Pesquisa Espanhol - 29/09/2020


Pixabay

Em 431 dC, 1590 anos atrás, a civilização maia foi destrua­da quando o VulcãoIlopango entrou em erupção, matando todos os seres vivos em um raio de 40 km ao redor do vulca£o, de acordo com um novo estudo realizado por uma equipe internacional de cientistas e com a participação de Dario Pedrazzi, pesquisador em Geociências Barcelona osCSIC (GEO3BCN). O artigo foi publicado na revista PNAS .

Como estudos anteriores mostraram, houve uma grande erupção vulcânica na regia£o, mas a data ainda era desconhecida. Esta nova pesquisa liderada por Victoria Smith, professora associada da Universidade de Oxford e chefe do grupo de Tefcrocronologia, estabeleceu a data precisa e a natureza dessa erupção.

Para fazer isso, os cientistas analisaram um núcleo de gelo recuperado da Groenla¢ndia e também realizaram medições de radiocarbono em uma a¡rvore carbonizada encontrada nos depa³sitos de cinzas de TBJ. Consequentemente, eles foram capazes de datar com precisão a erupção massiva em apenas alguns anos, em 431 EC.

A equipe de pesquisa usou um modelo de dispersão de tefra 3-D para estimar que a pluma de erupção subiu para 45 km e que as cinzas de Ilopango foram dispersas por mais de 7.000 km, atéa Groenla¢ndia.

Dario Pedrazzi amostrando em um afloramento pra³ximo a Tazumal.
Crédito: Dario Pedrazzi

“Este trabalho segue estudos anteriores publicados em 2019 e nos quais descrevemos, graças a uma extensa análise dos depa³sitos de cinzas de El Salvador, os principais parametros fa­sicos dessa violenta erupção que atingiu seu cla­max com uma sanãrie de fluxos pirocla¡sticos ligados a um colapso da caldeira ", disse Dario Pedrazzi, pesquisador do GEO3BCN e co-autor do estudo. “Grande parte dessa pesquisa foi possí­vel graças a todos os dados adquiridos durante as três campanhas de campo realizadas em El Salvador, durante as quais realizamos um mapeamento detalhado dos depa³sitos de cinzas presentes em uma área de 200.000 km 2 ”.

Cerca de 55 km 3 de magma irrompeu de Ilopango. “Mais de 2 milhões de km 2 da Amanãrica Central foram cobertos com pelo menos meio centa­metro de cinzas e estaria escuro nesta regia£o por pelo menos uma semana”, disse Victoria Smith.

Vista panora¢mica da caldeira de Ilopango nos dias atuais. Crédito: Dario Pedrazzi

Smith diz: "A erupção de Ilopango foi mais de 50 vezes maior do que a do Monte Santa Helena", que ocorreu em 1980. "Os fluxos pirocla¡sticos da erupção de Ilopango foram 10 vezes o volume daqueles do Vesaºvio, que eclodiu em 79 dC , preservando a cidade romana de Pompanãia em cinzas ", acrescentou ela.

A explosão ocorreu durante o Primeiro Pera­odo Cla¡ssico Maia, que se estendeu de 300 a 600 DC, enquanto a civilização crescia na Amanãrica Central. Mas Smith diz: "A explosão teria matado todos os seres vivos em um raio de 40 km e não haveria habitantes por muitos anos ou décadas nas proximidades." A enorme erupção não teve, entretanto, um impacto marcante sobre os maias em outros lugares.

Acredita-se que Ilopango tenha sido o responsável pela década anormalmente fria no hemisfanãrio norte por volta de 540 dC. Mas o trabalho mostra que essa data estãoem desacordo com as evidaªncias arqueola³gicas (produção de cera¢mica), o que na verdade sugere uma data próxima ao ini­cio do período cla¡ssico inicial.

O Ilopango Caldera estãolocalizado a menos de 10 km da cidade de San Salvador, a capital de El Salvador, e faz parte do Arco Vulca¢nico de El Salvador, que inclui um total de 21 vulcaµes ativos, sendo um dos segmentos mais ativos do Centro Arco Vulca¢nico da Amanãrica.

 

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