Humanidades

As escolhas aleata³rias dos bebaªs tornam-se suas preferaªncias
Presumimos que escolhemos coisas de que gostamos, mas a pesquisa sugere que a s vezes isso ocorre ao contra¡rio: gostamos das coisas porque as escolhemos e não gostamos das coisas que não escolhemos
Por Jill Rosen - 04/10/2020


WILL KIRK / UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS

Quando um bebaª pega um bichinho de pelaºcia em uma sala cheia de outros iguais a ele, essa escolha aparentemente aleata³ria éuma panãssima nota­cia para aqueles brinquedos não escolhidos: o bebaª provavelmente decidiu que não gosta do que não escolheu.

Embora os pesquisadores saibam hámuito tempo que os adultos criam preconceitos inconscientes ao longo da vida ao fazer escolhas entre coisas que são essencialmente as mesmas, as descobertas da Universidade Johns Hopkins indicam que atémesmo os bebaªs se envolvem nesse fena´meno, sugerindo que essa forma de justificar a escolha éintuitiva e de alguma forma fundamental para a experiência humana.

"O ato de fazer uma escolha muda a forma como nos sentimos sobre nossas opções", disse o coautor Alex Silver, ex-graduando da Johns Hopkins que agora éaluno de graduação em psicologia cognitiva na Universidade de Pittsburgh. "Mesmo os bebaªs que estãoapenas comea§ando a fazer suas próprias escolhas tem esse vianãs."

As descobertas foram publicadas hoje na revista Psychological Science .

As pessoas presumem que escolhem as coisas de que gostam, mas a nova pesquisa sugere que a s vezes isso ocorre ao contra¡rio: gostamos das coisas porque as escolhemos e não gostamos das coisas que não escolhemos.

"Eu escolhi isso, então devo gostar. Nãoescolhi essa outra coisa, então não deve ser tão bom. Os adultos fazem essas inferaªncias inconscientemente", disse a coautora Lisa Feigenson , cientista cognitiva da Johns Hopkins especializada em criana§as desenvolvimento. "Justificamos nossa escolha após o fato."

Isso faz sentido para adultos em uma cultura de consumo, que devem fazer escolhas arbitra¡rias todos os dias, entre tudo, desde marcas de pasta de dente a marcas de carros e estilos de jeans. A questão, para Feigenson e Silver, era quando exatamente as pessoas começam a fazer isso. Então eles se voltaram para os bebaªs, que não tem muitas opções, então são "uma janela perfeita para a origem dessa tendaªncia", diz Feigenson.

A equipe trouxe bebaªs de 10 a 20 meses para o laboratório e deu-lhes uma escolha de objetos para brincar: dois blocos macios igualmente brilhantes e coloridos.

Eles colocaram cada bloco bem separado, então os bebaªs tiveram que engatinhar para um ou outro - uma escolha aleata³ria.

Depois que o bebaª escolheu um dos brinquedos, os pesquisadores o retiraram e voltaram com uma nova opção. Os bebaªs poderiam então escolher um brinquedo com o qual não brincaram da primeira vez ou um brinquedo novo.

"Os bebaªs escolheram brincar com segurança com o novo objeto, em vez do que não haviam escolhido anteriormente, como se dissessem: 'Hmm, não escolhi esse objeto da última vez, acho que não gostei muito dele , '"Feigenson disse. "Esse éo fena´meno central. Os adultos va£o gostar menos daquilo que não escolheram, mesmo que não tenham nenhuma preferaªncia real. E os bebaªs, da mesma forma, não preferem o objeto não escolhido."

Em experimentos posteriores, quando os pesquisadores escolheram com qual brinquedo o bebaª brincaria, o fena´meno desapareceu completamente. Se vocêtirar o elemento de escolha, disse Feigenson, o fena´meno vai embora.

“Eles realmente não estãoescolhendo com base na novidade ou preferaªncia intra­nseca”, disse Silver. "Eu acho que érealmente surpreendente. Nãoesperara­amos que bebaªs fizessem escolhas tão meta³dicas."

Para continuar estudando a evolução da escolha em bebaªs, o laboratório examinara¡ a seguir a ideia de "sobrecarga de escolha". Para adultos, a escolha éboa, mas muitas opções podem ser um problema, então o laboratório tentara¡ determinar se isso também éverdade para bebaªs.

 

.
.

Leia mais a seguir