Humanidades

As fama­lias pobres devem se mudar com frequência, mas raramente escapam da pobreza concentrada
Crises imprevistas forçam as fama­lias que vivem na pobreza a se mudarem para os locais mais seguros e convenientes, em vez de lugares com mais oportunidades e menos segregaa§a£o
Por Doug Donovan - 08/10/2020


Getty Images

Circunsta¢ncias imprevistas forçam as fama­lias de baixa renda a mudar rapidamente de uma casa para outra, em um processo que ajuda a perpetuar a segregação racial e econa´mica nos Estados Unidos, mostra a pesquisa.

A socia³loga Stefanie DeLuca, da Johns Hopkins University, analisou 17 anos de trabalho de campo de sua equipe com 1.200 fama­lias de baixa renda em cinco cidades diferentes. Eles descobriram que as fama­lias de baixa renda são forçadas por crises urgentes a escolher os locais mais seguros e convenientes necessa¡rios para a sobrevivaªncia imediata, em vez de perder tempo para encontrar bairros com a³timas escolas e oportunidades de emprego. Esses choques recorrentes e imprevisa­veis geralmente incluem falha na qualidade da habitação,mudanças na pola­tica habitacional, comportamento dos proprieta¡rios,mudanças na renda e violência na vizinhana§a.

“Ao ouvir como as fama­lias de baixa renda tomam suas decisaµes sobre moradia, podemos desenvolver políticas melhores para direcionar o que estãorealmente atrapalhando sua mudança para bairros de maior oportunidade com menos segregação racial e econa´mica”, disse DeLuca. "Eles não estãofazendo isso porque raramente hátempo suficiente antes que a próxima emergaªncia surja e os force a sair e exige uma solução imediata."

“AO OUVIR COMO AS FAMaLIAS DE BAIXA RENDA TOMAM SUAS DECISa•ES DE MORADIA, PODEMOS DESENVOLVER POLaTICAS MELHORES PARA DIRECIONAR O QUE ESTa REALMENTE ATRAPALHANDO SUA MUDANa‡A PARA BAIRROS DE MAIOR OPORTUNIDADE COM MENOS SEGREGAa‡aƒO RACIAL E ECONa”MICA”.

Stefanie DeLuca
Socia³logo

A atual pandemia são vai exacerbar esse padrãose os despejos aumentarem em meio ao desemprego recorde, dizem os autores do novo jornal, publicado esta semana na City & Community .

As descobertas de DeLuca e da coautora Christine Jang-Trettien, ex-estudante de pós-graduação da Johns Hopkins que agora estãona Universidade de Princeton, demonstram que os legisladores precisam reconsiderar atéque ponto as políticas federais, estaduais e locais fazem suposições sobre como as fama­lias de baixa renda decidir onde morar e onde mandar seus filhos para a escola. Os tomadores de decisão geralmente assumem que as preferaªncias pessoais e os impedimentos estruturais, como a discriminação racial nos mercados de habitação, são os principais impedimentos para reduzir a segregação por renda e raça.

Os pesquisadores descobriram que pessoas que vivenciam uma vida inteira de exposição a escolas e bairros economicamente desfavorecidos e racialmente segregados fazem movimentos reativos repetidos sem primeiro considerar as opções de escola.

DeLuca e sua equipe conduziram entrevistas ao longo de 17 anos em Baltimore, Seattle, Cleveland, Dallas e Mobile, Alabama. Eles revelaram como os choques que levam a uma tomada de decisão reativa afetam se devemos mudar, para onde se mudar, quais escolas escolher e se alugar ou adquirir. Os residentes compartilharam que não podiam se dar ao luxo de esperar pelo "pacote de ofertas" de uma casa em uma comunidade de grandes oportunidades. Em vez disso, repetidamente, eles adotaram uma "abordagem de tentativa e erro" que esperavam que melhorasse sua moradia e situação escolar.

O governo federal já estãoincorporando percepções da pesquisa para desenvolver políticas que poderiam ajudar a apoiar a capacidade das fama­lias de escolher áreas de maiores oportunidades que comprovadamente melhoram a saúde física e mental e acabam com o ciclo da pobreza ao expor as criana§as a melhores escolas e mais empregos .

O Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos Estados Unidos estãoatualmente considerando inscrições de autoridades de habitação pública atédezembro para um programa de teste que visa expandir as descobertas das autoridades de habitação pública em Seattle e King County, Washington. Os programas-piloto mostram que fama­lias com subsa­dios federais para habitação são freqa¼entemente forçadas a viver em áreas de maior pobreza por causa de barreiras, incluindo "tempo inadequado para encontrar uma unidade", não preferaªncias.

O programa ébaseado na pesquisa destacada por DeLuca neste documento e em outros trabalhos conduzidos em colaboração com colegas da Harvard University, do Massachusetts Institute of Technology e da Columbia University.

“A pandemia COVID-19 agravou a crise habitacional já existente nos Estados Unidos; com as taxas de desemprego mais do que triplicando nos primeiros três meses da pandemia, uma enorme onda de despejo assoma no horizonte”, afirma o jornal. “Amedida que mais fama­lias são forçadas a fazer movimentos 'reativos' sob coação e restrições financeiras, nossa pesquisa tem potencial para destacar as consequaªncias para as fama­lias e bairros, bem como fornecer orientação sobre como responder a uma crise tão rápida”.

 

.
.

Leia mais a seguir