Humanidades

A análise dos tweets de Trump revela desvio sistema¡tico da ma­dia
A ma­dia social da¡ aos lideres pola­ticos acesso direto e imediato aos seus constituintes, oferecendo uma oportunidade de explicar suas aa§aµes e propostas de políticas em uma escala sem precedentes.
Por Universidade de Bristol - 10/11/2020


Doma­nio paºblico

O polaªmico uso da ma­dia social pelo presidente Donald Trump éamplamente conhecido e abundam as teorias sobre seus motivos ocultos. Uma nova pesquisa publicada hoje na Nature Communications afirma fornecer a primeira análise baseada em evidaªncias demonstrando que a conta do presidente dos EUA no Twitter tem sido rotineiramente implantada para desviar a atenção de um ta³pico potencialmente prejudicial a  sua reputação, suprimindo, por sua vez, a cobertura negativa da ma­dia relacionada.

O estudo internacional, liderado pela Universidade de Bristol, no Reino Unido, testou duas hipa³teses: se um aumento na cobertura prejudicial da ma­dia foi seguido pelo aumento da atividade de desvio no Twitter, e se tal desvio reduziu com sucesso a cobertura subsequente da ma­dia sobre o ta³pico prejudicial.

O autor principal, Professor Stephan Lewandowsky, Professor de Psicologia Cognitiva da Universidade de Bristol, disse: "Nossa análise apresenta evidaªncias empa­ricas consistentes com a teoria de que sempre que a ma­dia relata algo ameaa§ador ou politicamente desconforta¡vel para o presidente Trump, seu relato tua­ta cada vez mais sobre tópicos não relacionados que representam seus pontos fortes pola­ticos. Este desvio sistema¡tico de atenção para longe de um ta³pico potencialmente prejudicial para ele reduziu significativamente a cobertura negativa da ma­dia no dia seguinte. "

A ma­dia social da¡ aos lideres pola­ticos acesso direto e imediato aos seus constituintes, oferecendo uma oportunidade de explicar suas ações e propostas de políticas em uma escala sem precedentes. O presidente Trump éum dos usuários mais prola­ficos entre os lideres mundiais. Desde o ini­cio de sua candidatura em 2015, cerca de 30.000 tweets foram enviados da conta de Trump. Embora relatos aneda³ticos sugiram que os tweets serviram para desviar a atenção da ma­dia de nota­cias que podem ser consideradas politicamente prejudiciais a ele, as evidaªncias para tal desvio permaneceram infundadas - atéagora.

"Nãoestãoclaro se o presidente Trump, ou quem quer que esteja no comando de sua conta no Twitter, se envolve em tais ta¡ticas intencionalmente ou se émera intuição. De qualquer forma, esperamos que esses resultados sirvam como um lembrete útil para a ma­dia de que eles tem o poder de definir a agenda das nota­cias, focando nos tópicos que considerem mais importantes, embora talvez não prestando tanta atenção a  esfera do Twitter. "

 Lewandowsky disse

O estudo se concentrou nos primeiros dois anos de Trump no cargo, examinando a investigação de Robert Mueller sobre um possí­vel conluio com a Raºssia nas Eleições Presidenciais de 2016, já que isso era politicamente prejudicial ao presidente. A equipe analisou o conteaºdo relacionado a  Raºssia e a  investigação de Mueller em dois dos meios de comunicação politicamente mais neutros dopaís, New York Times (NYT) e ABC World News Tonight (ABC). A equipe também selecionou um conjunto de palavras-chave julgadas para corresponder aos tópicos preferidos de Trump na anãpoca, que foram hipotetizados como prova¡veis ​​de aparecer em tua­tes alternativos. As palavras-chave relacionadas a "empregos", "China" e "imigração"; tópicos que representam as supostas forças políticas do presidente.

Os pesquisadores levantaram a hipa³tese de que quanto mais ABC e NYT relatassem sobre a investigação de Mueller, mais os tweets de Trump mencionariam empregos, China e imigração, o que, por sua vez, resultaria em menos cobertura da investigação de Mueller pela ABC e NYT.
 
Para apoiar suas hipa³teses, a equipe descobriu que cada cinco manchetes adicionais da ABC relacionadas a  investigação de Mueller estavam associadas a mais uma menção de uma palavra-chave nos tweets de Trump. Por sua vez, duas menções adicionais de uma das palavras-chave em um tweet de Trump foram associadas a aproximadamente uma menção a menos da investigação de Mueller no NYT do dia seguinte.

Esse padrãonão surgiu com tópicos de placebo que não representavam nenhuma ameaça ao presidente, por exemplo, o Brexit ou outras questões não políticas, como futebol ou jardinagem.

A pesquisa também realizou uma análise ampliada considerando todo o vocabula¡rio do presidente no Twitter como uma fonte potencial de desvio, o que confirmou a generalidade das conclusaµes dos pesquisadores. Especificamente, a análise identificou quase 90 pares de palavras que eram mais prova¡veis ​​de aparecer em tweets quando a cobertura Raºssia-Mueller aumentava, e que suprimiu a cobertura da ma­dia no dia seguinte. Esses pares de palavras representavam amplamente os pontos fortes pola­ticos do presidente, focalizando novamente em particular a economia.

Ambas as análises foram responsa¡veis ​​por uma sanãrie de fatores potencialmente confusos e verificações de robustez, como randomização, análises de sensibilidade e o uso de palavras-chave de placebo, para descartar explicações artificiais e fortalecer alegações de possa­veis relações causais.

O professor Lewandowsky disse: "Nãoestãoclaro se o presidente Trump, ou quem quer que esteja no comando de sua conta no Twitter, se envolve em tais ta¡ticas intencionalmente ou se émera intuição. De qualquer forma, esperamos que esses resultados sirvam como um lembrete útil para a ma­dia de que eles tem o poder de definir a agenda das nota­cias, focando nos tópicos que considerem mais importantes, embora talvez não prestando tanta atenção a  esfera do Twitter. "

 

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