Humanidades

Na Etia³pia, as escolas ainda carecem de meios ba¡sicos para conter o COVID-19, pois os alunos retornam após meses de aprendizagem interrompida
Muitas escolas na Etia³pia carecem de instalaa§aµes de higiene e infraestrutura para controlar o COVID-19 de forma eficaz, já que reabrem pela primeira vez após meses de aprendizagem interrompida, indicam uma nova pesquisa.
Por Tom kirk - 08/12/2020


Uma sala de aula vazia na escola Haro Huba, na regia£o de Oromia, no centro da Etia³pia. 
Crédito: UNICEF Etia³pia


O COVID-19 não apenas tornou mais difa­cil manter as criana§as aprendendo: também torna mais difa­cil mantaª-las na escola

Pauline Rose

Os dois novos relatórios de pesquisa e pola­tica, compilados por acadaªmicos da Universidade de Cambridge em colaboração com parceiros na Etia³pia, chamam a atenção para os desafios educacionais e práticos combinados que as escolas dopaís enfrentam com o retorno dos alunos. Os autores sugerem que esses problemas convergentes, embora mais graves do que aqueles que afetam escolas empaíses ricos como o Reino Unido, são ta­picos daqueles que enfrentam milhões de pais e professores em toda a áfrica Subsaariana, enquanto a pandemia continua a cobrar um tributo muito menos visível em suas vidas e comunidades.

Os resultados são baseados em entrevistas por telefone com mais de 900 professores e cuidadores, realizadas em agosto. As escolas na Etia³pia estãoatualmente reabrindo em uma base escalonada pela primeira vez desde mara§o, com prioridade para escolas nas áreas rurais. Depois que o estudo foi conclua­do, muitos dos problemas que documenta foram agravados pela crise em Tigray.

No geral, os pesquisadores descobriram que, apesar dos esforços significativos do governo da Etia³pia para apoiar o aprendizado a  distância, muitos alunos provavelmente tiveram pouca ou nenhuma educação durante o período de fechamento. Os grupos desfavorecidos - como as criana§as mais pobres, os de áreas remotas e as meninas - provavelmente precisara£o de atenção especa­fica, tendo perdido a maior parte.

Poranãm, embora seja vital que as escolas reabram, os relatórios também destacam os enormes desafios de tornar as escolas seguras para o COVID em um momento em que o acesso a uma vacina ainda esta¡, com toda probabilidade, a meses de muitos professores e alunos. Eles apontam para casos em que as escolas carecem de saba£o e águaencanada, por exemplo, e para preocupações sobre os aspectos práticos do distanciamento social em salas de aula superlotadas.

As pesquisas foram realizadas por membros do Centro de Pesquisa para Acesso Equitativo e Aprendizagem (REAL) da Faculdade de Educação da Universidade de Cambridge, em parceria com colegas da Universidade de Addis Ababa e do Instituto de Estudos Pola­ticos da Etia³pia, como parte do RISE Etia³pia Projetos de parceria de aprendizagem precoce.

O fechamento de escolas éamplamente conhecido como o agravamento de uma “crise de aprendizagem” de longo prazo empaíses de baixa e média renda, nos quais muitas das criana§as menos favorecidas já lutam para atingir na­veis ba¡sicos de alfabetização e numeramento. A professora Pauline Rose, diretora do REAL Center, disse: “Esses relatórios descrevem a situação na Etia³pia, mas destacam problemas interligados que se aplicam de maneira muito mais ampla”.

“Em muitas partes do mundo, o COVID-19 não apenas tornou mais difa­cil manter as criana§as aprendendo: também tornou mais difa­cil mantaª-las na escola. Existem várias restrições que afetam ospaíses de renda baixa e média, o que significa que as criana§as mais pobres e marginalizadas tem um risco ainda maior de abandonar o sistema do que já estavam. ”

O professor Tassew Woldehanna, presidente da Universidade de Addis Ababa, disse: “Com a reabertura das escolas, éessencial que os formuladores de políticas tenham acesso ao tipo de evidência clara e robusta apresentada aqui. a‰ fundamental direcionar os alunos que mais precisam de apoio e limitar os efeitos da aprendizagem perdida para milhões de criana§as. ”

A equipe entrevistou 443 professores e diretores de escolas prima¡rias e 480 pais e responsa¡veis. Eles também coordenaram pesquisas do programa Young Lives, de Oxford, que conversou com mais 64 diretores.

Seus resultados mostram que, embora muitos professores tenham se adaptado rapidamente ao ensino e aprendizagem a  distância, o acesso dos alunos a  educação tem sido claramente desigual. Em algumas regiaµes rurais, por exemplo, nenhum dos professores entrevistados tinha acesso a  Internet e apenas cerca de metade das fama­lias tinha eletricidade. Os pesquisadores estimam que cerca de dois tera§os dos professores entrevistados atingiram menos da metade de seus alunos durante os fechamentos.

A provisão desigual que isso implica provavelmente afetou grupos desfavorecidos, como criana§as mais pobres, aquelas em áreas rurais e meninas (cuja educação éfreqa¼entemente considerada de menor prioridade do que a dos meninos), de forma mais severa. Muitos professores temem isso, porque os pais desses grupos geralmente tem baixa escolaridade, pouca consideração pela educação e recrutam seus filhos para sustentar a geração de renda familiar; essas criana§as estãoespecialmente em risco de abandonar a escola ou de nunca mais voltar.

A pesquisa também chama a atenção para o impacto do COVID-19 na educação pré-prima¡ria na Etia³pia: um setor que foi negligenciado por muitos governos durante a pandemia. Apenas 53% dos pais ou responsa¡veis ​​por criana§as pequenas puderam participar de atividades de aprendizagem com criana§as do pré-prima¡rio durante o fechamento da escola. Apenas 10% relataram algum contato com professores da educação infantil.

Ao mesmo tempo, poranãm, os relatórios destacam desafios significativos de infraestrutura e recursos nas próprias escolas. 38% dos pais disseram que as escolas de seus filhos eram apenas 'parcialmente equipadas' com instalações para a lavagem das ma£os; 22% disseram que “não estavam equipados de todo”. Cerca de 15% disseram não ter máscaras faciais para os filhos usarem na escola e 46% não podiam fornecer desinfetante para as ma£os para os filhos. A maioria dos professores e diretores, especialmente aqueles nas áreas rurais, expressaram preocupações semelhantes sobre a higiene e a falta de espaço adequado na sala de aula para manter o distanciamento social.

Os pesquisadores enfatizam que, apesar dos esforços feitos pelo governo atéagora, intervenções conta­nuas sera£o, portanto, necessa¡rias para ajudar todas as criana§as a se beneficiarem com a reabertura das escolas. Suas principais recomendações são:

Uma campanha nacional direcionada do governo, comitaªs de gestãoescolar e autoridades locais para manter as criana§as na escola.

Suporte extra (e, se via¡vel, tempo na escola) para alunos que precisam recuperar o aprendizado perdido.

A construção de novas salas de aula ou áreas abrigadas sempre que possí­vel, bem como o fornecimento direcionado de recursos de higiene extra, como desinfetantes, máscaras faciais e instalações de lavagem das ma£os para os mais necessitados.

Investimento adicional em recursos e estratanãgias para apoiar o aprendizado a  distância, particularmente no contexto de outros possa­veis surtos em escolas antes da aplicação efetiva de uma vacina.

Ambos os relatórios estãodisponí­veis no site REAL Center .

 

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