Humanidades

Uma vez que ultrapassamos o esta¡gio do medo, onde colocamos a culpa pela pandemia COVID-19?
Em uma anãpoca de crise global como a atual pandemia COVID-19, éfa¡cil notar como as pessoas passam por diferentes fases para se preparar para tempos tão a¡rduos e sem precedentes.
Por Associação Polonesa de Psicologia Social - 21/05/2021


Doma­nio paºblico

Em um estudo recente, conduzido na Pola´nia em 2020 e publicado no jornal Social Psychological Bulletin , os cientistas conclua­ram que era o governo e o sistema a quem a maioria dos participantes atribua­a a responsabilidade pelas taxas de incidaªncia do COVID-19. Além disso, as opiniaµes políticas e as preferaªncias partida¡rias desempenham um papel incomparavelmente mais significativo em suas respostas do que fatores como na­veis de ansiedade, estresse e depressão ou bem-estar geral autorelatado.

Em uma anãpoca de crise global como a atual pandemia COVID-19, éfa¡cil notar como as pessoas passam por diferentes fases para se preparar para tempos tão a¡rduos e sem precedentes.

Logo no ini­cio da pandemia do ano passado, observamos "uma epidemia de medo", onde se tratava da natureza calamitosa de um va­rus totalmente desconhecido e sua preocupante contagiosidade e taxa de mortalidade. Poucos meses depois, com o bloqueio e restrições já em vigor em todo o mundo, o medo foi substitua­do por "uma epidemia de explicações", onde as pessoas, mesmo na sua ingenuidade, começam a buscar um sentimento de conforto colocando a culpa em alguém ou algo fora de seu controle.

a‰ por isso que uma equipe de pesquisa da Universidade de Ciências Sociais e Humanas do SWPS e da Academia de Ciências da Pola´nia procurou descobrir se o governo era de fato o principal culpado pela disseminação da pandemia COVID-19 aos olhos do paºblico. Afinal, ele se encaixava melhor no papel de um ator de autoridade superior, supostamente poderoso o suficiente para proteger a comunidade e resolver o problema em questãoe fornecer o conforto necessa¡rio. Nesse a­nterim, éum alvo fa¡cil de apontar um dedo por "não fazer o suficiente". Por outro lado, o paºblico também poderia estar explicando a situação com a virulência do va­rus ou com o comportamento irresponsável de outras pessoas da sociedade. Independentemente da resposta, a equipe estava interessada em entender o que estãopor trás do racioca­nio de alguém : eram suas visaµes políticas, bem-estar,

Para testar suas hipa³teses, os pesquisadores optaram por realizar seu estudo na Pola´nia: umpaís atualmente politicamente dividido entre o liberalismo e o comunitarismo, sendo este último o partido no poder na anãpoca da pesquisa, que ocorreu entre maio e junho de 2020. Um total de 850 poloneses adultos totalmente diversificados em termos de gaªnero, idade e educação participaram. As descobertas agora são publicadas no Social Psychological Bulletin , de acesso aberto e revisado por pares .

Como resultado, o estudo concluiu que não era apenas ao governo e ao sistema que a maioria dos participantes atribua­a a responsabilidade pelas taxas de incidaªncia do COVID-19, mas que as opiniaµes pola­tica se as preferaªncias partida¡rias dos participantes desempenharam um papel incomparavelmente mais significativo em suas respostas do que fatores como ansiedade, estresse e na­veis de depressão ou bem-estar geral autorelatado. Na verdade, entre os sintomas de saúde mental, o estudo descobriu que apenas o aumento da ansiedade estava estatisticamente significativamente relacionado a  tendaªncia de culpar o governo e suas decisaµes. Isso pode ser explicado pelo fato de que pessoas com na­veis mais altos de ansiedade tem maior probabilidade de exagerar na responsabilidade externa, observam os cientistas. Curiosamente, constatou-se que os participantes mais instrua­dos eram mais propensos a enfatizar a responsabilidade governamental.
 
Além disso, as pessoas com visaµes liberais que não apoiavam o partido comunita¡rio no poder culparam o governo em maior grau do que seus homa³logos, que muitas vezes atribua­am a responsabilidade pela disseminação do COVID-19 a fatores não governamentais.

Em seu estudo, a equipe de pesquisa usa várias teorias para explicar essa descoberta, incluindo a Teoria de Gerenciamento do Terror, que observa que lembrar as pessoas de sua mortalidade induz uma ameaça existencial que também leva a uma maior necessidade de proteção fornecida por crena§as baseadas na cosmovisão. Por outro lado, as teorias de atribuição e papanãis sociais sugerem que as pessoas veem a "proteção adequada contra a epidemia" como parte dos deveres do governo.

Em conclusão, os autores lembram que suas observações durante a pesquisa são consistentes com relatórios anteriores em decorraªncia de desastres naturais.

“Os cidada£os observam as atividades governamentais durante o período epidaªmico e avaliam a responsabilidade governamental. Aluz dos resultados de estudos anteriores sobre a percepção social dos desastres naturais, pensamos que este éum fena´meno bastante geral. Procurando uma explicação para os efeitos da epidemia, as pessoas tendem a culpar causas externas importantes ", afirmam os pesquisadores.

 

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