Humanidades

Os alunos que se identificam como multila­ngues tem melhor desempenho no GCSE
Os jovens que se consideram 'multila­ngues' tendem a ter um melhor desempenho em uma ampla gama de disciplinas na escola, independentemente de serem realmente fluentes em outro idioma, mostra uma nova pesquisa.
Por Tom Kirk - 21/11/2021


Dizendo adeus - Crédito: Jacqueline Brandwyn via Unsplash


"Se os alunos fossem encorajados a se verem como aprendizes de la­nguas ativos e capazes, isso poderia ter um impacto realmente positivo em seu progresso escolar mais amplo."

Linda Fisher

O estudo , com pouco mais de 800 alunos na Inglaterra, encontrou uma relação positiva entre as pontuações do GCSE e a 'identidade multila­ngue': uma referaªncia para saber se os alunos sentiam uma conexão pessoal com outras la­nguas atravanãs do conhecimento e uso. Aqueles que se autoidentificaram como multila­nga¼es normalmente superaram seus colegas não apenas em disciplinas como francaªs e espanhol, mas em disciplinas não lingua­sticas, incluindo matemática, geografia e ciências. Isso se aplicava se eles realmente falassem um segundo idioma com fluaªncia.

Talvez surpreendentemente, no entanto, nem todos os alunos que foram oficialmente descritos por suas escolas como tendo 'Inglaªs como Segunda La­ngua' (EAL) se consideravam multila­ngues, embora o termo seja usado por escolas e pelo governo como um substituto do multilinguismo. Correspondentemente, esses alunos não tiveram necessariamente um desempenho melhor (ou pior) como um grupo no GCSE do que seus colegas não-EAL.

Os resultados indicam que encorajar os alunos a se identificarem com as la­nguas e a valorizarem diferentes estilos de comunicação pode ajuda¡-los a desenvolver uma mentalidade que apoie o progresso acadêmico em geral.

Outra pesquisa recente defendeu o alargamento do a¢mbito das aulas de la­nguas para que, além de estudar o vocabula¡rio e a grama¡tica, os alunos explorem a importa¢ncia das la­nguas e o seu significado para as suas próprias vidas. Este novo estudo foi o primeiro, no entanto, a examinar a relação entre identidade multila­ngue e desempenho. Foi conduzido por acadaªmicos da Universidade de Cambridge e os resultados foram publicados no Journal of Language, Identity and Education.

A Dra. Dee Rutgers, Pesquisadora Associada da Faculdade de Educação da Universidade de Cambridge, disse: “As evidaªncias sugerem que quanto mais multila­ngue vocêse considera, mais altas são suas pontuações no GCSE. Embora precisemos entender mais sobre por que essa relação existe, pode ser que as criana§as que se consideram multila­ngues tenham uma espanãcie de 'ca³digo mental construtivo' que afeta o desempenho mais amplo. ”

A Dra. Linda Fisher, leitora de Educação em La­nguas da Universidade de Cambridge, disse: “Pode haver um forte argumento para ajudar criana§as que pensam que não podem 'fazer' la­nguas a reconhecer que todos nosusamos uma variedade de ferramentas de comunicação, e que aprender um idioma ésimplesmente aumentar esse intervalo. Isso pode influenciar a atitude e a autoconfiana§a, o que édiretamente relevante para a aprendizagem na escola. Em outras palavras, o que vocêpensa que épode ser mais importante do que o que os outros dizem que vocêanã. ”

Os autores do estudo argumentam que ser multila­ngue significa muito mais do que a definição oficial da EAL de ser 'exposto a uma la­ngua que se sabe ou se acredita ser diferente do inglês'. Eles sugerem que mesmo os jovens que se consideram monola­ngues possuem um 'reperta³rio' de comunicação. Por exemplo, eles podem usar dialetos diferentes, aprender palavras e frases nas fanãrias, saber linguagem de sinais ou compreender outros tipos de 'linguagem', como ca³digo de computador.

O estudo envolveu 818 alunos do 11º ano em cinco escolas secunda¡rias no sudeste da Inglaterra. Além de estabelecer se os alunos estavam oficialmente registrados como EAL ou não EAL, os pesquisadores perguntaram a cada aluno se ele se identificava pessoalmente como tal. Separadamente, cada aluno foi convidado a representar graficamente onde se viam em uma escala de 0-100, onde 0 representava 'monola­ngue' e 100 'multila­ngue'. Esses dados foram comparados com seus resultados GCSE em nove assuntos.

Os alunos que falavam uma segunda la­ngua em casa nem sempre se identificavam pessoalmente como EAL ou multilingue. Por outro lado, os alunos que se consideravam multilingues nem sempre foram aqueles que a escola definiu como tendo o inglês como la­ngua adicional.

“O fato de esses termos não se correlacionarem mais de perto ésurpreendente, considerando que todos eles estãosupostamente medindo a mesma coisa”, disse Rutgers. “Apenas ter experiência em outros idiomas claramente não se traduz necessariamente em uma identidade multila­ngue, porque a experiência pode não ser valorizada pelo aluno.”

O status EAL relatado pela escola não teve impacto nos resultados do GCSE, embora os alunos que se autoidentificaram como EAL geralmente se saa­ssem melhor do que seus colegas em la­nguas modernas. Aqueles que se consideravam 'multila­ngues' na escala de 0-100, no entanto, tiveram um melhor desempenho acadêmico em todos os na­veis.

A força dessa relação variava entre os assuntos e era, novamente, particularmente pronunciada nas la­nguas modernas. Em todos os nove assuntos GCSE avaliados, no entanto, cada aumento de ponto na escala monola­ngue para multila­ngue foi associado a um aumento fraciona¡rio nas pontuações dos alunos nos exames.

Por exemplo: um aumento de um ponto foi encontrado para corresponder a 0,012 de uma nota em Ciências e 0,011 de uma nota em Geografia. Os alunos que se consideram muito multila­ngues, por esta medida, normalmente obtem uma nota completa mais alta do que aqueles que se consideram monola­ngues. Identificar-se positivamente como multila­ngue muitas vezes pode, portanto, ser suficiente para empurrar os alunos que, de outra forma, ficariam um pouco aquanãm de uma determinada sanãrie, para o pra³ximo na­vel.

Os resultados parecem indicar que a mentalidade positiva e a autoconfianção que normalmente se desenvolve entre os alunos com uma identidade multila­ngue trazem benefa­cios indiretos para a educação em geral. Os autores acrescentam que isso poderia ser cultivado nas salas de aula de la­nguas: por exemplo, expondo os jovens a programas de aprendizagem que exploram diferentes tipos de linguagem e dialeto, ou encorajando-os a pensar sobre como as la­nguas moldam suas vidas dentro e fora da escola.

“Muitas vezes pensamos em outras la­nguas como algo que não precisamos saber ou como algo difa­cil de aprender”, disse Fisher. “Essas descobertas sugerem que se os alunos fossem encorajados a se verem como aprendizes de la­nguas ativos e capazes, isso poderia ter um impacto realmente positivo em seu progresso na escola.”

 

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