Humanidades

Preferaªncias musicais unem personalidades em todo o mundo, segundo novo estudo
Uma pesquisa envolvendo mais de 350.000 participantes de mais de 50países e 6 continentes descobriu que as ligaa§aµes entre preferaªncias musicais e personalidade são universais. Os resultados sugerem que a música pode
Por Universidade de Cambridge - 09/02/2022


Doma­nio paºblico

Uma pesquisa envolvendo mais de 350.000 participantes de mais de 50países e 6 continentes descobriu que as ligações entre preferaªncias musicais e personalidade são universais. Os resultados sugerem que a música pode desempenhar um papel maior na superação da divisão social, além de oferecer benefa­cios terapaªuticos atualmente inexplorados.

A música Shivers, de Ed Sheeran, provavelmente atraira¡ tanto os extrovertidos que vivem no Reino Unido quanto os que vivem na Argentina ou na andia. Aqueles com traa§os neura³ticos nos EUA são tão propensos a gostar de Smells do Nirvana como Teen Spirit quanto pessoas com uma personalidade semelhante que vivem na Dinamarca ou na áfrica do Sul. Pessoas agrada¡veis ​​em todo o mundo tendem a gostar de What's Going On, de Marvin Gaye, ou Shallow, de Lady Gaga e Bradley Cooper; enquanto as fronteiras nacionais não podem impedir que pessoas abertas repitam Space Oddity de David Bowie ou Nina Simone. Mas não importa onde uma pessoa conscienciosa viva, éimprova¡vel que ela goste de Rage Against the Machine.

Esses são os tipos de suposições apoiadas por novas pesquisas lideradas pelo Dr. David Greenberg, pesquisador associado honora¡rio da Universidade de Cambridge e bolsista de pa³s-doutorado na Universidade Bar-Ilan.

Em todo o mundo, sem variação significativa, os pesquisadores encontraram as mesmas correlações positivas entre extroversão e música contempora¢nea; entre a consciência e a música despretensiosa; entre amabilidade e música suave e despretensiosa; e entre abertura e música suave, contempora¢nea, intensa e sofisticada. Eles também identificaram uma clara correlação negativa entre consciência e música intensa.

Greenberg, que usa muitos chapanãus como maºsico, neurocientista e psica³logo, disse: "Ficamos surpresos com o quanto esses padraµes entre música e personalidade se replicam em todo o mundo. As pessoas podem estar divididas por geografia, idioma e cultura, mas se um os introvertidos em uma parte do mundo gostam da mesma música que os introvertidos em outros lugares, o que sugere que a música pode ser uma ponte muito poderosa. A música ajuda as pessoas a se entenderem e encontrarem um terreno comum."

O estudo, publicado no Journal of Personality and Social Psychology , explica por que os traa§os de personalidade estãoligados a estilos musicais. Os pesquisadores previram com precisão que a extroversão, que édefinida pela busca de excitação, sociabilidade e emoções positivas, seria positivamente associada a  música contemporâneaque tem caracteri­sticas otimistas, positivas e dançantes. Da mesma forma, não se surpreenderam ao constatar que a consciência, associada a  ordem e a  obediaªncia, se chocava com estilos musicais intensos, caracterizados pela agressividade e temas rebeldes.
 
Mas uma descoberta estãose mostrando mais intrigante. Greenberg disse: "Na³s pensamos que o neuroticismo provavelmente teria seguido uma das duas maneiras, preferindo música triste para expressar sua solida£o ou preferindo música otimista para mudar seu humor. Na verdade, em média, eles parecem preferir estilos musicais mais intensos, que talvez reflete angaºstia e frustração interior.

"Isso foi surpreendente, mas as pessoas usam a música de maneiras diferentes - algumas podem usa¡-la para catarse, outras para mudar seu humor. Portanto, pode haver subgrupos com pontuação alta em neuroticismo que ouvem música suave por um motivo e outro subgrupo que émais frustrado e talvez prefira música intensa para desabafar. Vamos analisar isso com mais detalhes."

Os pesquisadores também descobriram que a correlação entre extroversão e música contemporâneaera particularmente forte em torno do equador, sobretudo na Amanãrica Central e do Sul. Isso pode sugerir que os fatores clima¡ticos influenciam as preferaªncias musicais e que as pessoas em climas mais quentes tendem a ter traa§os de personalidade que os tornam mais propensos a preferir música ra­tmica e dançante.

Greenberg, que continua a se apresentar como saxofonista profissional, tem uma lista de reprodução muito diversificada, ta­pica de pessoas que pontuam alto em abertura. Ele disse: "Eu sempre amei jazz e agora também gosto muito da música de diferentes religiaµes do mundo, o que faz todo o sentido com base em meus traa§os de personalidade".

Como funcionou o estudo

Greenberg e seus colegas usaram dois manãtodos diferentes de avaliação de preferaªncias musicais para avaliar um número sem precedentes de participantes que vivem em mais de 50países. O primeiro exigia que as pessoas relatassem o quanto gostavam de ouvir 23 gêneros de música, além de preencher o Inventa¡rio de Personalidade de Dez Itens (TIPI) e fornecer informações demogra¡ficas. O segundo usou uma abordagem mais avana§ada e pediu aos participantes que ouvissem pequenos clipes de a¡udio de 16 gêneros e subgêneros da música ocidental no site musicaluniverse.io e depois dessem suas reações preferenciais a cada um (as pessoas ainda podem visitar o site para receber suas partituras) .

Os pesquisadores se concentraram na música ocidental principalmente porque éa mais ouvida globalmente e os resultados baseados na música ocidental oferecem o maior potencial para serem aplicados no mundo real e em ambientes terapaªuticos globalmente.

Os pesquisadores usaram o modelo MUSIC, uma estrutura amplamente aceita para conceituar preferaªncias musicais, que identifica cinco estilos musicais principais: ' Mellow' (apresentando atributos roma¢nticos, lentos e tranquilos como ouvidos em soft rock, R&B e gêneros adultos contempora¢neos), ' Despretensioso' (atributos descomplicados, relaxantes e não agressivos como ouvidos em gêneros country), ' Sofisticado' (caracteri­sticas inspiradoras, complexas e dina¢micas como ouvidas em gêneros de jazz cla¡ssico, opera­stico, avant-garde e tradicional), ' Intenso' (distorcido , atributos altos e agressivos como ouvidos em gêneros de rock cla¡ssico, punk, heavy metal e power pop) e ' Contempora¢neo'(atributos ra­tmicos, otimistas e eletra´nicos como ouvidos nos gêneros rap, eletra´nico, latino e euro-pop).

Por que as descobertas são importantes

Por milhares de anos, os humanos transmitiram sons para outros grupos para estabelecer se eles tem valores semelhantes, se podem compartilhar recursos ou se estãoprestes a lutar. Hoje, as pessoas estãousando a música como uma forma de sinalizar sua personalidade e, portanto, argumenta o estudo, hápotencial para usar a música para abordar a divisão social.

Greenberg, que mora em Jerusalém , já usa a música como ponte para trabalhar com israelenses e palestinos. Na verdade, ele recentemente deu uma palestra no TEDx expandindo as maneiras pelas quais a música pode unir pessoas e culturas. Greenberg também acredita que as descobertas podem melhorar os servia§os de streaming de música e oferecer suporte a aplicativos de bem-estar, mas isso não étão fa¡cil quanto parece.

Greenberg disse: "Se as pessoas que pontuam alto em neuroticismo, por exemplo, estãosendo alimentadas com música mais intensa e já estãose sentindo estressadas e frustradas, isso estãoajudando com a ansiedade ou apenas reforçando e perpetuando? agora precisa responder."

O estudo não visa classificar os amantes da música. Greenberg diz: "As preferaªncias musicais mudam e mudam, elas não são gravadas em pedra. E não estamos sugerindo que alguém seja apenas extrovertido ou aberto, todos nostemos combinações de traa§os de personalidade e combinações de preferaªncias musicais de diferentes pontos fortes. Nossas descobertas são baseados em médias e temos que comea§ar de algum lugar para comea§ar a ver e entender as conexões."

Greenberg acha que pesquisas futuras podem combinar dados de streaming com tecnologias de hiperdigitalização de EEG para estabelecer uma compreensão mais sutil dos fatores biola³gicos e culturais que contribuem para nossas preferaªncias e respostas musicais. Ele também diz que pesquisas futuras devem testar rigorosamente as ligações entre música e personalidade em ambientes do mundo real para ver como a música pode ser uma ponte entre pessoas de diferentes culturas ao redor do mundo.

 

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