Humanidades

Investigando Pola­ticas Paºblicas e Liberdades Sexuais
O cientista pola­tico de Stanford, Kevin Mintz, diz que sua pesquisa sobre as liberdades sexuais foi moldada por tudo, desde sua própria experiência com paralisia cerebral atéseus encontros com as artes e seu estudo da teoria pola­tica.
Por Natalie Jabbar - 05/07/2019

Kevin Mintz, PhD 19, explora a interseção da filosofia pola­tica, da pola­tica dos EUA e da sexualidade humana no Departamento de Ciência Pola­tica de Stanford. Seus interesses de pesquisa incluem políticas sobre deficiência, a aplicação da sexologia (o estudo cienta­fico da sexualidade humana) a  teoria pola­tica, anãtica nos nega³cios, pola­tica do cinema e cultura popular e ativismo para indivíduos com identidades sexuais e de gaªnero não normativas. 

A Escola de Humanidades e Ciências falou com Mintz sobre as raa­zes de sua dissertação, Teoria Pola­tica Sexual-Positiva: Prazer, Poder, Pola­ticas Paºblicas e a Busca da Libertação Sexual , seus interesses fora da pesquisa e seus planos para depois de Stanford. 

Quais são as origens de seus interesses de pesquisa e como isso se transformou em seu projeto de dissertação? 

Eu nasci com uma deficiência, por mais desafiadora que tenha sido toda a minha vida, nasci com uma agenda de pesquisa. Mas em termos do aspecto da sexualidade, quando saa­ hásete anos, comecei a perceber que a infra-estrutura que me ajudava a ter sucesso na educação e todos os outros aspectos da minha vida realmente não falavam sobre minha sexualidade. Se eu não tivesse pais que fossem ricos o suficiente para pagar por terapia sexual, eu ainda estaria tão confusa como sempre. Esse foi realmente o começo de pensar sobre como as instituições políticas poderiam estender os benefa­cios a s pessoas no campo da saúde sexual. 

E então um filme chamado The Sessionsestrelando Helen Hunt saiu em 2012 [sobre um poeta paralisado do pescoa§o para baixo da pa³lio que contrata um substituto sexual]. Eu nunca vou esquecer porque eu estava em Londres, e o teatro que eu fui não era acessa­vel naquele dia porque o elevador estava quebrado. Então meus amigos e eu tivemos que atravessar a cidade para ver. E eu sabia que tinha acabado de ver algo extraordina¡rio em termos de moldar o discurso sobre sexo e deficiência. Ao mesmo tempo, eu estava participando de uma aula de teoria feminista e tivemos que discutir se o trabalho sexual era mais ou mais explorador do que outros tipos de trabalho domanãstico. Foi onde eu li pela primeira vez o nome “Debra Satz”, por causa de sua pesquisa relacionada. Mais tarde ela se tornaria minha conselheira em Stanford.O Jornal de Filosofia, Ciência e Direito em 2014. 

Eu soube no final disso que havia uma história muito maior para ser contada. Mas eu não tinha experiência suficiente para contar de forma eficaz, então comecei a procurar maneiras de me tornar treinada em sexualidade. Durante meu doutorado em Stanford, passei um ano no Instituto de Estudos Avana§ados sobre Sexualidade Humana, em Sa£o Francisco. O que eu aprendi no meu ano não foi empa­rico, mas realmente como avaliar meus pra³prios preconceitos e realmente conversar com as pessoas sobre sexo de uma maneira não cra­tica, para que eu pudesse, idealmente, ajuda¡-los, elaborando políticas melhores. Foi uma experiência de mudança de vida.

Foto de Ker Than
Kevin Mintz, PhD 19 no Departamento de Ciência Pola­tica 

Que questões vocêexplora especificamente em sua pesquisa de dissertação? 

Minha dissertação discute se instituições políticas como pola­tica de saúde, escolas públicas e afins tem obrigações positivas para permitir que as pessoas exera§am suas liberdades sexuais. Vocaª poderia imaginar se a saúde sexual e o bem-estar eram algo que somente os ricos poderiam pagar para obter ajuda? Infelizmente, toda a indústria da terapia sexual tem essa noção de "Nãotomamos assistaªncia porque não confiamos no governo, portanto, fique fora do nosso caminho". a‰ uma cra­tica justa, mas o que acaba acontecendo éque vocêtem pessoas que gastam milhares de da³lares fora do bolso para obter acesso para ajudar a ser quem eles realmente são. E isso ésimplesmente triste. 

Como seu tempo na Stanford ajudou a moldar seu trabalho? 

Acho que minha orientadora Debra Satz, de todas as pessoas, me entendeu desde o primeiro dia de uma forma muito interessante, por causa de todo o trabalho que ela fez sobre igualdade de gaªnero. a‰ por isso que obtivemos permissão especial do departamento de ciências políticas para ela ser minha tese de dissertação. Ela éincra­vel. 

Em termos de moldar a trajeta³ria real da minha pesquisa, a coisa mais importante que Stanford me deu foi a oportunidade de fazer meu terceiro ano para estudar no Instituto para o Estudo Avana§ado da Sexualidade Humana. Como Stanford não tem fronteiras disciplinares, também consegui realmente dizer ao meu programa o que eu precisava fazer para criar essa pesquisa. 

E porque acredito em ensino e pesquisa, meus dois trimestres de ensino em Stanford foram alguns dos melhores momentos da minha vida. Eu não apenas tenho a alegria de ver mentes jovens crescerem, mas também tenho vários grandes assistentes de pesquisa de meus ex-graduandos. 

O que vocêgosta de fazer por diversão quando não estãotrabalhando em sua pesquisa? 

Eu vou a Sa£o Francisco, e eu vivo atéa cultura teatral, incluindo meu favorito pessoal: "Beach Blanket Babylon", que seráfechado em Sa£o Francisco logo após uma corrida de 45 anos. O que eu realmente amo no teatro, seja a³pera ou musical, éque não importa o que vocêpode ou não fazer fisicamente. Vocaª pode simplesmente sentar-se no teatro e absorver-se no mundo de outra pessoa. a‰ imersão em um mundo tão diferente do seu. A vita³ria de Ali Stroker como o primeiro usua¡rio de cadeira de rodas a ganhar um Tony recentemente fala sobre quanto inclusivas as artes podem ser e como éimportante dar a s pessoas com deficiência esse tipo de saa­da. 

O que o futuro reserva para vocêagora que vocêse formou? 

Eu vou ser um pa³s-doutorado no Departamento de Bioanãtica Cla­nica nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) em Bethesda, Maryland. Eu nunca teria pensado que iria trabalhar para o principal hospital de pesquisa dopaís. Nãogosto muito do sistema médico de muitas maneiras. Um médico disse a  minha fama­lia, quando eu tinha nove meses, que eu nunca viveria uma vida normal, e tive muita interação com médicos que não sabem como lidar com as deficiências além de trata¡-las ou cura¡-las. Nãofoi atéa minha entrevista com o NIH que eu sabia onde passaria a próxima parte da minha vida porque as pessoas la¡ são simplesmente incra­veis. 

No meu pa³s-doutorado, vou gastar metade do meu tempo pesquisando com o corpo docente de la¡ - eles tem um grande grupo de fila³sofos, advogados, médicos, todos os tipos de pessoas que se concentram basicamente em aplicar a teoria pola­tica aos cuidados de saúde. Mas a outra metade éum programa de treinamento cla­nico onde todos no departamento são chamados para aconselhar os médicos e pesquisadores do NIH sobre o que eles devem fazer em situações anãticas de área cinzenta. 

Vocaª sabe, na sala de aula vocêensina essas questões de filosofia e vocêtem esses experimentos mentais principalmente para testar o pensamento do aluno, mas os resultados dos experimentos mentais não importam porque estãona sua cabea§a. Mas esses são alguns dos experimentos mentais mais ambiciosos que eu provavelmente irei trabalhar. E étão humilhante e excitante pensar em tudo que aprenderei e viverei nos pra³ximos dois anos.

 

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