Humanidades

Depressão adolescente ligada ao uso de ma­dias sociais e TV
Em um estudo de quatro anos, pesquisadores do CHU Sainte-Justine descobriram que os sintomas de depressão são piores em adolescentes que são mais ativos em plataformas como Facebook e Netflix.
Por Florença Meney & Jeff Heinrich - 22/07/2019



Usar a ma­dia social e assistir TV pode aumentar os sintomas de depressão em adolescentes, de acordo com um novo estudo realizado por pesquisadores do hospital pedia¡trico CHU Sainte-Justine, da Universidade de Montreal.

Publicado em 15 de julho no JAMA Pediatrics, o estudo de quatro anos pediu a quase 4 mil adolescentes canadenses que relatassem o número de horas que gastam em ma­dias sociais, TV, videogames e computadores. Usua¡rios mais frequentes de ma­dia social e TV apresentaram sintomas mais graves de depressão.

Esses sintomas incluem humor deprimido, sentimentos de inutilidade e pensamentos recorrentes de morte. 
O estudo mostrou que quando os adolescentes aumentaram o uso das ma­dias sociais e assistiram a mais programas de TV do que o habitual em um determinado ano, seus sintomas de depressão também aumentaram naquele ano. Jogos de va­deo, tempo de tela acima da média em um computador e outros tipos de navegação na Web também foram seguidos no estudo, mas não emergiram como preditores de depressão na adolescaªncia.

Por que os adolescentes que consumiram mais ma­dia social e TV ficaram deprimidos? Nãoétanto que o tempo de tela estivesse consumindo o tempo que passavam fazendo atividades físicas (o estudo não encontrou evidaªncias de que fosse um fator), mas importava o que eles observavam e a frequência da exposição, descobriram os pesquisadores.

Em particular, se os adolescentes assistissem a programas ou se estivessem em sites que os encorajassem a "se aproximar" de outras pessoas - as chamadas "comparações sociais ascendentes" -, eles estariam mais propensos a ter uma baixa auto-estima. Tambanãm houve evidência de que as ma­dias sociais, em comparação com outras atividades baseadas em screen, fazem com que aqueles que já mostram sinais de depressão a experimentem ainda mais profundamente, atravanãs do chamado "processo espiral de reforço".  

Consistente com pesquisas anteriores

Essas observações são consistentes com hipa³teses anteriores sobre como a depressão se desenvolve, dizem os autores do estudo.

“As ma­dias sociais e a televisão são formas de ma­dia que freqa¼entemente expaµem os adolescentes a imagens de outros que operam em situações mais pra³speras, como aqueles com corpos 'perfeitos' e um estilo de vida mais excitante ou rico”, disse Elroy Boers, principal autor do estudo. pesquisadora de pa³s-doutorado no Departamento de Psiquiatria da UdeM.

"Além disso, como mostra a teoria das 'espirais de reforço', as pessoas buscam e selecionam informações congruentes com seu estado atual de espa­rito. As caracteri­sticas algora­tmicas da visualização da televisão e, em particular, da ma­dia social criam e mantem um ciclo de feedback sugerindo conteaºdo semelhante ao usuários com base em seu comportamento anterior de pesquisa e seleção Assim, quanto mais o estado depressivo influenciar suas escolhas de visualização, mais conteaºdo semelhante estãosendo sugerido e fornecido, e mais prova¡vel serácontinuamente exposto a tal conteaºdo, mantendo e aumentando a depressão ”.

Mais uma razãopara os jovens e seus pais regularem melhor o tempo que passam na frente das telas, dizem os pesquisadores.

"Muitas pessoas atribuem taxas crescentes de depressão entre os jovens na Amanãrica do Norte a  introdução de dispositivos digitais ma³veis em nossa sociedade, e nosso estudo parece confirmar isso", disse a autora saªnior Patricia Conrod, professora de psiquiatria da UdeM e presidente do Tier 1 Canada Research. na CHU Sainte-Justine. "Agora, mais pesquisas são necessa¡rias, incluindo estudos que usam projetos experimentais, para confirmar que a exposição a  ma­dia social estãorealmente causando taxas elevadas de depressão em jovens." 

 

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