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Seis meses depois, por que o COVID-19 ainda estãoacontecendo em todo o mundo?
A cooperaça£o global eficaz, que desempenha um papel essencial para conter a disseminação desenfreada do va­rus, estãoem necessidade urgente.
Por Xinhua - 15/07/2020

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O mundo estãotestemunhando discos quebrados do COVID-19, com disparos dia¡rios confirmados que ultrapassaram os 200.000 no ini­cio desta semana.

As infecções crescentes estãoforçando ospaíses a suspender os planos para diminuir as restrições a  vida pública e reabrir gradualmente as economias. Os bloqueios foram reimpostos em cidades da Europa Ocidental ao Oceano Paca­fico, e os hospitais nos Estados Unidos estãomais uma vez sobrecarregados, soando o alarme para um ressurgimento de coronava­rus ainda mais mortal.

Já faz quase meio ano desde o ini­cio do surto de COVID-19. No entanto, algunspaíses estãolutando para achatar a curva enquanto pressionam políticas de reabertura prematura, dizem analistas e especialistas.

Diante de uma situação tão terra­vel, hánecessidade de cooperação global e ações persistentes, substanciais e baseadas na ciência para acabar com a pandemia.

Ritmo de quebrar recordes

Levou apenas 10 dias para que as infecções por coronava­rus em todo o mundo atingissem 11,9 milhões a partir da quinta-feira, a partir da marca sombria de 10 milhões, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.

As Amanãricas foram o epicentro do coronava­rus, já que os Estados Unidos, com mais de 3 milhões de casos, são ospaíses mais atingidos, seguidos pelo Brasil com cerca da metade do número de casos nos EUA.

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A foto tirada em 7 de julho de 2020 mostra o Capita³lio em Washington, DC, Estados Unidos.

Os Estados Unidos, cujos 50 estados inteiros reabriram parcialmente em maio, estãoexperimentando um ressurgimento renovado de infecções, com novos casos dia¡rios nos estados da Fla³rida, Califórnia e Texas quebrando novos recordes.

A Florida viu seu número de casos ultrapassar 10.000 por dia e 200.000 no total. Mais de quatro daºzias de hospitais no estado de sol relataram que suas unidades de terapia intensiva atingiram a capacidade total na tera§a-feira. As autoridades locais foram forçadas a fechar praias cheias de pessoas sem máscaras e mantendo distância social inadequada.

A situação éhorra­vel, enquanto a imagem real pode ser muito pior. O diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doena§as dos EUA, Robert Redfield, disse no final de junho que os casos nopaís provavelmente sera£o 10 vezes maiores do que os relatados.

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doena§as Infecciosas dos EUA, alertou segunda-feira "que uma sanãrie de circunsta¢ncias associadas a vários estados e cidades que tentam se abrir, no sentido de voltar a alguma forma de normalidade, levou a uma situação onde opaís agora tem casos recordes ".

Sob ataques por um tratamento insta¡vel da pandemia, a Casa Branca insistiu que o aumento éresultado de testes ampliados, uma alegação rejeitada por muitos especialistas em saúde pública.

A ma­dia americana Politico disse em um artigo de opinia£o recente que os Estados Unidos ainda não conseguem lidar com os testes de seis meses após a pandemia.

"Os pola­ticos que apontam para o 'maior número de testes sendo feitos' e para a 'menor taxa de mortalidade e hospitalização' são apenas uma coisa distorcida da realidade", disse Robert Schooley, professor de medicina da Divisão de Doena§as Infecciosas e Globais. Saúde Paºblica da Universidade da Califa³rnia. "Mais infecção éo problema, não mais testes".

"Sem daºvida, o governo dos EUA reagiu muito lentamente e com autoridade central insuficiente para evitar a enormidade da calamidade pandaªmica", disse Robert Lawrence Kuhn, presidente da fundação Kuhn.

BALANa‡O FRaGIL

Fora das Amanãricas, decisaµes prematuras de reabertura e medidas de prevenção e controle frouxas arrastaram várias cidades para o confinamento. Governos regionais no norte da Espanha reintroduziram restrições no fim de semana para conter um aumento em novos casos, enquanto o estado australiano de Victoria anunciou um bloqueio de seis semanas na tera§a-feira, além do fechamento de fronteira de todo opaís.

Enquanto isso, ressurgimentos também ocorreram no Oriente Manãdio, onde algunspaíses estãose esforçando para reabrir suas economias com medidas preventivas que não são rigorosamente seguidas, quebrando um equila­brio fra¡gil entre reabrir e controlar a propagação do va­rus que exige esforços nacionais liderados pelo governo com vigila¢ncia, prudaªncia e persistaªncia.

A Turquia testemunhou um salto preocupante em infecções desde 12 de junho, depois que opaís reabriu as áreas públicas em 1º de junho. Como opaís continua registrando mais de 1.000 novos casos diariamente, o uso de máscaras faciais em locais paºblicos tornou-se obrigata³rio para conter a disseminação.

"A razãopela qual nossos novos casos dia¡rios são superiores a 1.000 éporque as regras não são seguidas", disse o ministro da Saúde da Turquia, Fahrettin Koca, na segunda-feira.

Além disso, o governo israelense restabeleceu várias restrições, incluindo o fechamento de academias, bares, boates e salas de eventos, além de limitar o número de fianãis nas sinagogas na segunda-feira, apenas algumas semanas após o ala­vio de medidas estritas.

"Temos que fazer cumprir os regulamentos. Vimos reuniaµes de mil pessoas sem ma¡scara ... As pessoas não são disciplinadas o suficiente e o governo precisa tomar medidas ativas", disse Cyrille Cohen, vice-reitor da faculdade de ciências da vida. na Universidade Bar Ilan, em Israel, sobre o aumento de infecções em Israel.

Gina Tambini, representante na Cola´mbia da Organização Pan-Americana da Saúde, enfatizou a necessidade de levar em consideração os diversos ambientes de cada cidade de cadapaís e recomendou que as medidas de bloqueio não sejam relaxadas atéque a velocidade da transmissão seja controlada.

"Os governos locais e nacionais devem permitir que a dina¢mica da transmissão determine seu cronograma para o estabelecimento de medidas e a reabertura. O objetivo éachatar a curva e reduzi-la significativamente antes de relaxar as restrições", afirmou.

FALTA DE COOPERAa‡aƒO

Além das diretrizes obrigata³rias das autoridades locais e da reabertura inteligente e cautelosa, énecessa¡ria uma cooperação global eficaz, que desempenha um papel essencial para conter a disseminação desenfreada do va­rus.

No entanto, opaís mais atingido pela pandemia estãose isolando da cooperação global. Na tera§a-feira, 30, os Estados Unidos enviaram oficialmente sua notificação de retirada da Organização Mundial da Saúde (OMS) a s Nações Unidas, iniciando a saa­da dopaís do organismo global em meio a casos crescentes de coronava­rus.

Com a aceleração da pandemia, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse no final de junho que todos ospaíses que vivem com o COVID-19 sera£o a nova normalidade nos pra³ximos meses.

"Em todo o mundo, vimos atos emocionantes de resiliencia, inventividade, solidariedade e bondade. Mas também vimos a respeito de sinais de estigma, desinformação e politização da pandemia", afirmou.

Xi Chen, professor da Escola de Saúde Paºblica de Yale e presidente da Sociedade de Pola­ticas e Gerenciamento de Saúde da China, disse que "estamos vivendo uma globalização sem governana§a global, que expa´s a vulnerabilidade dos seres humanos diante de doenças infecciosas importantes, como o COVID. -19 ".

Chen pediu maior cooperação global no combate a  pandemia em quatro áreas principais - rastreamento e detecção do va­rus, relatórios oportunos a organizações internacionais, compartilhamento de informações cienta­ficas e compartilhamento de experiências na prevenção e controle do COVID-19.

"As medidas de distanciamento social e prática s de uso de máscaras na China e em outrospaíses do leste asia¡tico reduziram efetivamente a propagação do va­rus", acrescentou.

Aprender com os erros um do outro é"cra­tico" em termos de cooperação internacional, observou Cohen.

Ao abordar uma comemoração virtual do Dia Internacional do Vesak 2020, realizada na semana passada, o Secreta¡rio-Geral da ONU, Antonio Guterres, disse que somente atravanãs da cooperação internacional "aliviaremos as consequaªncias econa´micas e sociais da crise".

"Somente fortalecendo os laa§os em toda a sociedade éque recuperaremos melhor e construiremos um mundo mais sauda¡vel, inclusivo, sustenta¡vel, resiliente e equitativo", afirmou.

 

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