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A Nova Guinépossui a flora mais rica em ilhas do mundo
O estudo apresenta uma lista de quase 14.000 espanãcies de plantas, compiladas a partir de cata¡logos on-line e verificadas por especialistas em plantas.
Por Universidade de Zurique - 05/08/2020


Vista da floresta e das montanhas maduras tomadas da estrada de Lae-Madang na prova­ncia de Morobe, Papua-Nova Guinanã. (Imagem: Zacky Ezedin) Crédito: Zacky Ezedin

A Nova Guinééa ilha mais diversificada em termos flora­sticos do mundo, demonstrou uma colaboração internacional liderada pela Universidade de Zurique. O estudo apresenta uma lista de quase 14.000 espanãcies de plantas, compiladas a partir de cata¡logos on-line e verificadas por especialistas em plantas. Os resultados são inestima¡veis ​​para pesquisa e conservação e também sublinham a importa¢ncia do conhecimento especializado na era digital.

Quase 20 vezes o tamanho da Sua­a§a, a Nova Guinééa maior ilha tropical do mundo. Possui um mosaico complexo de ecossistemas, desde selvas de plana­cie atéprados de alta altitude com picos mais altos que o Mont Blanc. Os bota¢nicos sabem hámuito tempo que essa área selvagem de grande diversidade abriga um grande número de espanãcies de plantas . Esfora§os para identificar e nomear milhares de plantas coletadas na Nova Guinée arquivadas em herba¡rios em todo o mundo estãoem andamento desde o século XVII.

No entanto, como os pesquisadores trabalharam de maneira independente entre si, permanece uma grande incerteza quanto ao número exato de espanãcies vegetais, com estimativas conflitantes que variam de 9.000 a 25.000. "Em comparação com outras áreas como a Amaza´nia, para as quais recentemente foram publicadas listas de verificação de plantas, a Nova Guinépermaneceu o 'ašltimo Desconhecido'", diz Rodrigo Ca¡mara-Leret, pesquisador de pa³s-doutorado no laboratório do Prof. Jordi Bascompte no Departamento de Biologia Evolutiva da UZH Estudos Ambientais. Sob sua liderana§a, 99 cientistas de 56 instituições e 19países criaram a primeira lista de verificação verificada por especialistas para as 13.634 espanãcies de plantas vasculares da Nova Guinée de suas ilhas vizinhas.

"Nosso trabalho demonstra que os esforços internacionais de colaboração usando dados digitais verificados podem sintetizar rapidamente as informações sobre biodiversidade. Isso pode servir como modelo para acelerar a pesquisa em outras áreas hiper-diversas, como Bornanãu", diz Ca¡mara-Leret. "Tais iniciativas abrem caminho para o grande desafio de conservar a flora insular mais rica do mundo".


Mesclando bancos de dados e conhecimento humano

Os pesquisadores começam seu esfora§o colaborativo em larga escala, compilando uma lista de nomes de plantas a partir de cata¡logos on-line, reposita³rios institucionais e conjuntos de dados com curadoria de taxonomistas. Apa³s padronizar os nomes cienta­ficos, 99 especialistas em flora da Nova Guinéverificaram quase 25.000 nomes de espanãcies derivadas de mais de 700.000 espanãcimes individuais. Para isso, eles revisaram a lista de nomes originais em sua familia de especialistas em plantas e avaliaram se esses nomes foram atribua­dos corretamente nas plataformas online. Finalmente, uma comparação independente foi realizada entre a lista aceita por especialistas e uma lista contida em Plants of the World Online for New Guinea.

A planta de jarro Nepenthes biak, um alpinista terrestre endaªmico de falanãsias costeiras
calca¡rias na zona de floresta sempre verde da ilha de Biak, na Indonanãsia, Nova Guinanã.
Crédito: Matin Cheek

Tremenda diversidade de plantas, principalmente endaªmica

A lista de verificação resultante contanãm 13.634 plantas, demonstrando que a Nova Guinépossui a flora insular mais rica do mundo - com cerca de 20% mais espanãcies do que Madagascar ou Bornanãu. De longe, a familia mais rica em espanãcies são as orqua­deas e quase um tera§o das espanãcies são a¡rvores. Uma descoberta particularmente nota¡vel éque 68% das plantas são endaªmicas, o que significa que são encontradas apenas na regia£o. "Uma riqueza tão alta de espanãcies endaªmicas éincompara¡vel na asia tropical", diz Ca¡mara-Leret, "significa que a Indonanãsia e a Papua Nova Guinanã, os dois estados em que a ilha estãodividida, tem uma responsabilidade única pela sobrevivaªncia dessa biodiversidade insubstitua­vel. "
 
Fundação para pesquisa e proteção

A nova lista de verificação autorizada melhorara¡ a precisão dos estudos biogeogra¡ficos e ecola³gicos, ajudara¡ a concentrar o seqa¼enciamento de DNA em grupos ricos em espanãcies com alto endemismo e facilitara¡ a descoberta de mais espanãcies por taxonomistas. Milhares de espanãcimes permanecem não identificados nas coleções e muitas espanãcies desconhecidas ainda não foram descobertas na natureza. "Estimamos que nos pra³ximos 50 anos sera£o adicionadas 3.000 a 4.000 espanãcies", diz Michael Kessler, co-autor do estudo e curador cienta­fico do Jardim Bota¢nico da Universidade de Zurique. Esses esforços sera£o importantes para o planejamento da conservação e modelagem do impacto dasmudanças no clima e no uso da terra.

Musa ingens éuma espanãcie de banana endaªmica da Nova Guinanã. a‰ a maior e mais
alta planta não lenhosa do mundo, com hastes que podem exceder 15 metros
de altura e 2 m de circunferaªncia e frutos de mais de 1,5 kg.
Crédito: Rodrigo Ca¡mara Leret

A colaboração também destaca que o conhecimento especializado ainda éessencial na era digital - a dependaªncia apenas de plataformas on-line teria aumentado erroneamente a contagem de espanãcies em um quinto. No entanto, muitos dos especialistas em usinas da Nova Guinéjá estãoou estãoprestes a se aposentar e quase metade deles não éresidente. Os pesquisadores advogam, portanto, a construção de uma massa cra­tica de taxonomistas de plantas residentes.

Em termos de pola­tica, o estudo mostra que o apoio institucional e financeiro de longo prazo éfundamental para que avanços significativos sejam feitos nas próximas décadas. "Nosso trabalho demonstra que os esforços internacionais de colaboração usando dados digitais verificados podem sintetizar rapidamente as informações sobre biodiversidade. Isso pode servir como modelo para acelerar a pesquisa em outras áreas hiper-diversas, como Bornanãu", diz Ca¡mara-Leret. "Tais iniciativas abrem caminho para o grande desafio de conservar a flora insular mais rica do mundo".

O estudo estãopublicado na Nature .

 

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