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Os ananãis das a¡rvores mostram que a escala da poluição do artico épior do que se pensava
O maior estudo de todos os tempos sobre ananãis de a¡rvores em Norilsk, no artico Russo, mostrou que os efeitos diretos e indiretos da poluia§a£o industrial na regia£o e além são muito piores do que se pensava.
Por Sarah Collins - 28/09/2020


Decla­nio da floresta a leste de Norilsk - Crédito: Dr. Alexander Kirdyanov


"Dada a importa¢ncia ecola³gica deste bioma, os na­veis de poluição nas latitudes altas do norte podem ter um enorme impacto em todo o ciclo global do carbono"

Ulf Ba¼ntgen

Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pela Universidade de Cambridge, combinou a largura do anel e medições da química da madeira de a¡rvores vivas e mortas com caracteri­sticas do solo e modelagem de computador para mostrar que os danos causados ​​por décadas de mineração de na­quel e cobre não devastaram apenas os locais ambientes, mas também afetou o ciclo global do carbono.

A extensão dos danos causados ​​a  floresta boreal, o maior bioma terrestre da Terra, pode ser vista nos ananãis de crescimento anual das a¡rvores perto de Norilsk, onde a morte se espalhou por até100 quila´metros. Os resultados são relatados na revista Ecology Letters .

Norilsk, no norte da Sibanãria, éa cidade mais ao norte do mundo, com mais de 100.000 habitantes, e um dos lugares mais polua­dos da Terra. Desde a década de 1930, a mineração intensiva dos enormes depa³sitos de na­quel, cobre e pala¡dio da regia£o, combinada com poucos regulamentos ambientais, levou a na­veis severos de poluição. Um grande derramamento de a³leo em maio de 2020 contribuiu para onívelextremo de danos ambientais na área.

Nãoapenas o altonívelde emissaµes aanãreas do complexo industrial de Norilsk éresponsável pela destruição direta de cerca de 24.000 quila´metros quadrados de floresta boreal desde os anos 1960, mas também as a¡rvores sobreviventes em grande parte das latitudes altas do norte. Os altos na­veis de poluição causam o decla­nio do crescimento das a¡rvores, que por sua vez tem um efeito na quantidade de carbono que pode ser sequestrado na floresta boreal.

No entanto, embora a ligação entre a poluição e a saúde da floresta seja bem conhecida, ela não foi capaz de explicar o 'problema de divergaªncia' na dendrocronologia, ou o estudo dos ananãis das a¡rvores: um desacoplamento da largura dos ananãis das a¡rvores do aumento da temperatura do ar visto desde 1970s.

Usando o maior conjunto de dados de ananãis de a¡rvores de a¡rvores vivas e mortas para reconstruir a história e a intensidade da morte da floresta de Norilsk, os pesquisadores mostraram como a quantidade de poluição lana§ada na atmosfera por minas e fundições épelo menos parcialmente responsável pela fena´meno de 'escurecimento do artico', fornecendo novas evidaªncias para explicar o problema de divergaªncia.

“Usando as informações armazenadas em milhares de ananãis de a¡rvores, podemos ver os efeitos do desastre ambiental descontrolado de Norilsk nas últimas nove décadas”, disse o professor Ulf Ba¼ntgen do Departamento de Geografia de Cambridge, que liderou a pesquisa. “Embora o problema de emissaµes de enxofre e morte florestal tenha sido abordado com sucesso em grande parte da Europa, para a Sibanãria, não fomos capazes de ver qual foi o impacto, em grande parte devido a  falta de dados de monitoramento de longo prazo.”

A expansão das medições da largura do anel das a¡rvores resolvidas anualmente e absolutamente datadas, compiladas pelo primeiro autor do artigo, Dr. Alexander Kirdyanov, junto com as novas medições de alta resolução da química da madeira e do solo, permitiu aos pesquisadores quantificar a extensão dos danos devastadores ao ecossistema de Norilsk, que atingiu o pico na década de 1960.

“Podemos ver que as a¡rvores perto de Norilsk começam a morrer massivamente na década de 1960 devido ao aumento dos na­veis de poluição”, disse Ba¼ntgen. “Como a poluição atmosfanãrica no artico se acumula devido a padraµes de circulação em grande escala, expandimos nosso estudo muito além dos efeitos diretos do setor industrial de Norilsk e descobrimos que as a¡rvores nas latitudes altas do norte também estãosofrendo.”

Os pesquisadores usaram um modelo avana§ado baseado em processo de crescimento de a¡rvore boreal, com e sem forçamento de irradia¢ncia desuperfÍcie como um substituto para poluentes, para mostrar que o escurecimento do artico desde os anos 1970 reduziu substancialmente o crescimento de a¡rvore.

O escurecimento do artico éum fena´meno causado pelo aumento departículas na atmosfera terrestre, seja por poluição, poeira ou erupções vulcânica s. O fena´meno bloqueia parcialmente a luz solar, retardando o processo de evaporação e interferindo no ciclo hidrola³gico.

O aquecimento global deve aumentar a taxa de crescimento das a¡rvores boreais, mas os pesquisadores descobriram que, conforme os na­veis de poluição atingiam o pico, a taxa de crescimento das a¡rvores no norte da Sibanãria diminua­a. Eles descobriram que os na­veis de poluição na atmosfera diminua­am a capacidade das a¡rvores de transformar a luz do sol em energia por meio da fotossa­ntese e, portanto, elas não eram capazes de crescer tão rápido ou tão forte como fariam em áreas com na­veis de poluição mais baixos.

“O que nos surpreendeu équanto generalizados são os efeitos da poluição industrial - a escala dos danos mostra o quanto vulnera¡vel esensíveléa floresta boreal”, disse Ba¼ntgen. “Dada a importa¢ncia ecola³gica deste bioma, os na­veis de poluição nas latitudes altas do norte podem ter um enorme impacto em todo o ciclo global do carbono.”

 

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