Mundo

Cobras, ratos e gatos: o problema das espanãcies invasoras de trilhaµes de da³lares
Pesquisadores na Frana§a estimam que as espanãcies invasoras custaram quase US $ 1,3 trilha£o de da³lares para a economia global desde 1970, uma média de US $ 26,8 bilhaµes por ano.
Por Amélie Bottollier-Depois - 01/04/2021


Mexilhaµes zebra foram introduzidos na Amanãrica do Norte por acidente

Mosquitos transmissores de doena§as, roedores destruidores de plantações, insetos comedores de florestas e atémesmo o gato domanãstico são todos intrusos "exa³ticos" cujo custo para a humanidade e o meio ambiente éenorme e crescente, de acordo com um estudo abrangente publicado na quarta-feira.

Pesquisadores na Frana§a estimam que as espanãcies invasoras custaram quase US $ 1,3 trilha£o de da³lares para a economia global desde 1970, uma média de US $ 26,8 bilhaµes por ano.

E eles alertam que isso provavelmente éuma subestimativa.

Em um estudo publicado na revista Nature , os cientistas calcularam a gama estonteante de efeitos nocivos de espanãcies transportadas entre habitats, sejam plantas, insetos, ranãpteis, pa¡ssaros, peixes, moluscos, microrganismos ou mama­feros.

Além da "magnitude fenomenal" desses custos, também hásinais de uma tendaªncia de crescimento constante desde 1970, disse o autor principal Christophe Diagne, do laboratório de Ecologia, Sistema¡tica e Evolução da Universidade de Paris-Saclay.

A maior parte do prea§o estãoassociada aos danos aos ecossistemas, plantações ou pescarias, embora medidas de controle de pragas também tenham sido inclua­das na pesquisa, uma análise de centenas de estudos que fazem parte de um novo banco de dados de espanãcies invasoras.

Uma análise preliminar das dez principais pragas invasoras inclui ratos comedores de plantações e a mariposa cigana asia¡tica, que estãoatacando a¡rvores em todo o hemisfanãrio norte.

Distribuição geogra¡fica das estimativas de custo (em milhões de da³lares americanos
de 2017) disponí­veis no subconjunto mais robusto do banco de dados original para
o período 1970-2017. Inclua­mos apenas estimativas que poderiam ser derivadas
de uma única regia£o geogra¡fica (áfrica, asia, Amanãrica Central, Europa,
Amanãrica do Norte, Oceania e Ilhas do Paca­fico e
Amanãrica do Sul) oupaís. Crédito: Natureza

Tambanãm incluiu o mosquito tigre, nativo do sudeste asia¡tico, que se tornou uma das piores espanãcies invasoras do mundo, transmitindo doenças como chikungunya, dengue e zika.

Os custos manãdios anuais triplicam a cada década, disseram os pesquisadores, em parte devido ao aumento dos estudos cienta­ficos sobre o assunto.

Mas também háevidaªncias de um "aumento exponencial nas espanãcies introduzidas, devido ao crescente comanãrcio internacional", disse Franck Courchamp, diretor do mesmo laboratório Paris-Saclay.

“Importamos muitas espanãcies, volunta¡ria ou involuntariamente”, disse ele.

Mexendo em

a‰ um problema com uma longa história, ligada ao comanãrcio humano, a s viagens e ao colonialismo.

Na Austra¡lia, populações selvagens de coelhos europeus foram relatadas pela primeira vez no ini­cio de 1800 e sua população explodiu, atingindo tais proporções que devastaram espanãcies nativas e causaram bilhaµes de da³lares em danos a s plantações.

Em 1950, o governo lançou a doença mixomatose, que afeta apenas coelhos, matando mais de 90 por cento dos coelhos selvagens. Mas, desde então, alguns desenvolveram imunidade.
 
A cobra arba³rea marrom comeu quase todos os pa¡ssaros e lagartos nativos de Guam desde que foi acidentalmente introduzida em meados do século XX em seu habitat no Paca­fico Sul, além de causar quedas de energia ao se infiltrar em instalações elanãtricas e ameaa§ar as pessoas em suas casas.

Nas décadas de 1980 e 90, o mexilha£o-zebra, origina¡rio dos cursos d' águada ex-Unia£o Sovianãtica, invadiu os Grandes Lagos da Amanãrica do Norte, bloqueando tubulações, ameaa§ando espanãcies nativas e causando bilhaµes em danos.

Em terra, as florestas americanas - e mais recentemente as da Europa - foram devastadas pelo besouro de chifre longo asia¡tico.

Enquanto estava no Havaa­, o sapo coqui porto-riquenho encontrou um novo lar sem predadores naturais - exceto proprieta¡rios locais cujos valores de propriedade caa­ram graças ao seu crocitar ensurdecedor, que pode chegar a 100 decibanãis.

"Incalcula¡vel"

Os pesquisadores esperam que, ao colocar um número no custo das espanãcies invasoras, eles possam aumentar a consciência da enormidade do problema e coloca¡-lo no topo da lista assustadora de desafios ambientais da humanidade.

Mas além da estimativa moneta¡ria, o estudo disse que "os impactos ecola³gicos e de saúde das invasaµes são pelo menos tão significativos, mas muitas vezes incalcula¡veis".

O painel consultivo de ciências da ONU para a biodiversidade, chamado IPBES, disse que as espanãcies invasoras estãoentre os cinco principais culpados - todos causados ​​pelo homem - da destruição ambiental em todo o mundo, junto com asmudanças no uso da terra, exploração de recursos, poluição e mudança climática.

Em 2019, o IPBES estimou que houve um aumento de 70% nas espanãcies invasoras desde 1970, nos 21países estudados.

E o pior pode estar por vir, disse Courchamp, que participa da próxima pesquisa do IPBES.

As espanãcies invasivas mais caras, incluindo mosquitos, formigas, gatos e cobras, de
acordo com um novo estudo publicado na Nature.

"O comanãrcio internacional fara¡ com que mais e mais espanãcies sejam introduzidas, enquanto a mudança climática fara¡ com que mais e mais dessas espanãcies introduzidas sobrevivam e se estabelea§am", disse ele.

A detecção precoce, melhores dados e medidas preventivas podem reduzir os custos consideravelmente, disse o estudo.

Courchamp disse que o gato domanãstico também tem muito a responder - entre os piores, na verdade, entre os dez primeiros dos pesquisadores.

O animal, que já foi levado pelo mundo hácentenas de anos, agora é"invasor em quase todas as ilhas do mundo", disse.

Os gatos domanãsticos tem sido responsa¡veis ​​"pela maior matana§a de aves, ranãpteis e anfa­bios no mundo, que não estãopreparados para este tipo de predador", acrescentou.

 

.
.

Leia mais a seguir