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Parar o fluxo ta³xico de armas dos EUA para o Manãxico
Autoridades, pola­tica de saúde e juristas discutem aa§a£o hista³rica contra fabricantes americanos
Por Liz Mineo - 22/02/2022


Armas apreendidas de um cartel de drogas são exibidas no Manãxico, onde autoridades atribuem grande parte da violência que assolou seupaís nas últimas décadas ao tra¡fico ila­cito de armas dos EUA. foto do arquivo AP

Todos os anos, meio milha£o de armas entram ilegalmente no Manãxico vindos dos EUA, e muitas delas são armas de estilo militar que acabam nas ma£os de cartanãis de drogas e outros criminosos violentos, disse Alejandro Celorio Alca¡ntara , assessor jura­dico do Ministanãrio das Relações Exteriores do Manãxico. Romances.

“Além de processar criminosos e apreender armas que estãoilegalmente no Manãxico, decidimos ir atéa origem do problema. Como se fosse um rio ta³xico, além de limpar o rio, precisamos ir atéa nascente e impedir que o lixo ta³xico seja despejado no rio”, disse Celorio Alca¡ntara, referindo-se a  ação hista³rica que o governo mexicano moveu contra 10 Fabricantes de armas dos EUA no tribunal federal dos EUA no vera£o passado. a‰ a primeira vez que um governo estrangeiro processa fabricantes de armas americanos.

Celorio Alca¡ntara falou na quinta-feira no painel online “Exporting Mayhem: Processing Gun Manufacturers in the US to Stop Violence in Mexico” sobre as crises de saúde pública criadas pela violência armada em ambos os lados da fronteira e os argumentos legais por trás da ação. O painel foi patrocinado pelo Petrie-Flom Center for Health Law Policy, Biotechnology, and Bioethics da Harvard Law School.

Autoridades mexicanas disseram que uma parte significativa da epidemia de violência e crime que assolou seupaís nas últimas décadas éimpulsionada pelo tra¡fico ila­cito de armas dos EUA. cerca de 50 licena§as emitidas por ano. Entre 70 a 90 por cento das armas recuperadas em cenas de crime no Manãxico podem ser rastreadas atéos cartanãis de drogas dos EUA, em particular , compram essas armas nos EUA, principalmente no Texas ou Arizona, e as contrabandeiam pela fronteira.

O processo acusa os fabricantes de armas de estratanãgias de marketing e prática s comerciais para “projetar, comercializar, distribuir e vender armas de maneiras que eles sabem armar rotineiramente os cartanãis de drogas no Manãxico”.

Alicia Ely Yamin,  Senior Fellow em Saúde e Direitos Globais do Petrie-Flom Center, traa§ou um paralelo entre o processo do governo mexicano e o acordo entre Remington e as fama­lias de nove pessoas mortas na Sandy Hook Elementary School em 2012. No total o atirador, armado com um rifle estilo AR-15, tirou a vida de 20 criana§as e seis adultos no ataque.

Ambos os processos se concentram nas estratanãgias de marketing das empresas que visam indivíduos que representam uma maior ameaça de violência armada, disse Yamin. O acordo com a Remington anunciado em 15 de fevereiro concede a s fama­lias US$ 73 milhões e, mais importante, exige que o fabricante de armas divulgue documentos internos da empresa sobre suas estratanãgias de marketing.

“Decidimos ir a  origem do problema. Como se fosse um rio ta³xico, além de limpar o rio, precisamos ir atéa nascente e impedir que o lixo ta³xico seja despejado no rio.”

— Alejandro Celorio Alca¡ntara, assessor jura­dico do Ministanãrio das Relações Exteriores do Manãxico

A ação legal do Manãxico énova e inovadora em seus esforços para romper o vanãu de impunidade que foi construa­do nos EUA para proteger os fabricantes de armas, disse Yamin. Desde 2005, quando o presidente George W. Bush sancionou a Lei de Proteção ao Comanãrcio Legal de Armas, ou PLCAA, os fabricantes de armas gozam de imunidade a ações judiciais porque isso os protege da responsabilidade quando suas armas são usadas em crimes mortais.

Para Heidi Li Feldman , professora de direito e codiretora do curso conjunto de direito e filosofia da Universidade de Georgetown, o processo mexicano éjuridicamente complexo, mas, se for bem-sucedido, podera¡ abrir possibilidades para novos processos contra fabricantes de armas dos EUA.

“No centro da queixa mexicana estãoa intuição de que se vocêestãocolocando suas armas em um mercado criminoso e comercializando seus produtos para construir um mercado criminoso, isso étanto intuitivamente quanto fundamentalmente sem escraºpulos”, disse Feldman. “Pode ser bom para os seus lucros, mas éclaramente contra¡rio ao bem-estar social. E esse éo a¢ngulo que acho que fundamentara¡ um dos argumentos mais promissores que o governo mexicano trara¡.”

A violência armada éuma crise de saúde pública, disse David Hemenway , professor de pola­tica de saúde e diretor do Harvard Injury Control Research Center na Harvard TH Chan School of Public Health . Embora os processos judiciais possam ajudar muito, disse Hemenway, eles são apenas uma parte de uma abordagem multifacetada de saúde pública.

Celorio Alca¡ntara disse que o processo éum esfora§o para responsabilizar os fabricantes de armas por suas prática s comerciais e estratanãgias de marketing que estãoalimentando a violência armada em seupaís.

“Este não éum processo contra a Segunda Emenda”, disse Celorio Alca¡ntara. “As empresas que estamos processando sabem que seus produtos acabam no Manãxico. Eles sabem que seus produtos estãoprejudicando as pessoas no Manãxico e não fazem nada para mudar suas prática s comerciais. Queremos responsabiliza¡-los. Precisamos do nosso dia no tribunal.”

O painel foi patrocinado pelo Global Health and Rights Project , uma colaboração entre o Petrie-Flom Center  e a Global Health Education and Learning Incubator da Universidade de Harvard, e o programa do Manãxico no David Rockefeller Center for Latin American Studies .

 

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