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Polvos, lulas e caranguejos tem emoções?
Considerava-se que bebaªs humanos pré-verbais não sentiam dor atépelo menos a década de 1980. Muitos ainda pensam que os animais, incluindo os invertebrados, não sentem dor e são tem reaa§aµes inconscientes a esta­mulos negativos
Por Universidade de York - 24/03/2022


Pixabay

Os polvos podem resolver quebra-cabea§as complexos e mostrar preferaªncia por diferentes indiva­duos, mas se eles e outros animais e invertebrados tem emoções estãosendo muito debatido e pode abalar a tomada de decisaµes morais dos humanos, diz um especialista da Universidade de York em mentes animais.

A maioria dospaíses não reconhece invertebrados, como polvos, caranguejos, lagostas e lagostins, como seres sencientes que podem sentir dor, mas o Reino Unido estãoconsiderando alterações em sua legislação de bem-estar animal que reconhea§a isso.

“Um relatório da London School of Economics (LSE) encomendado pelo governo do Reino Unido descobriu que háevidaªncias fortes o suficiente para concluir que os crusta¡ceos deca¡podes e os moluscos cefala³podes são sencientes”, diz a professora e fila³sofa da Universidade de York, Kristin Andrews, da York Research Chair em Animal Minds, que estãotrabalhando com a equipe LSE.

Andrews coescreveu um artigo publicado hoje na revista Science , "A questãodas emoções dos animais", com o professor Frans de Waal, diretor do Living Links Center da Emory University, que discute as questões anãticas e políticas em torno dos animais considerados sencientes.

Andrews aponta que hámuito se pensa na cultura ocidental que outros animais não sentem dor ou tem emoções. "Tem sido uma verdadeira luta atémesmo para obter peixes e mama­feros reconhecidos sob a lei de bem-estar como sencientes. Então, ébastante inovador o que parece estar acontecendo no Reino Unido com invertebrados."

Considerava-se que bebaªs humanos pré-verbais não sentiam dor atépelo menos a década de 1980. Muitos ainda pensam que os animais, incluindo os invertebrados, não sentem dor e são tem reações inconscientes a esta­mulos negativos. No entanto, pesquisas com mama­feros, peixes, polvos e, em menor grau, caranguejos, mostraram que eles evitam a dor e os locais perigosos, e hásinais de empatia em alguns animais, como as vacas oseles ficam angustiados quando veem que seu filhote estãoem dor.

Reconhecer a senciaªncia dos invertebrados abre um dilema moral e anãtico. Os humanos podem dizer o que sentem, mas os animais não tem as mesmas ferramentas para descrever suas emoções. "No entanto, a pesquisa atéagora sugere fortemente sua existaªncia", diz Andrews, que estãotrabalhando em um projeto de pesquisa chamado Animals and Moral Practice.

"Quando estamos vivendo nossas vidas normais, tentamos não fazer mal a outros seres. Então, trata-se realmente de reeducar a maneira como vemos o mundo. Como exatamente tratar outros animais continua sendo uma questãode pesquisa em aberto", diz Andrews. "Nãotemos ciência suficiente agora para saber exatamente qual deve ser o tratamento adequado de certas espanãcies. Para determinar isso, precisamos de uma maior cooperação entre cientistas e especialistas em anãtica."

Pode haver um ponto em que os humanos não possam mais presumir que lagostins, camaraµes e outros invertebrados não sentem dor e outras emoções.

“Se eles não puderem mais ser considerados imunes a  dor sentida, as experiências dos invertebrados precisara£o se tornar parte da paisagem moral de nossa espanãcie”, diz ela. "Mas a dor éapenas uma emoção moralmente relevante. Invertebrados como os polvos podem experimentar outras emoções, como curiosidade na exploração, afeição por indivíduos ou excitação na expectativa de uma recompensa futura."

Talvez seja hora de olhar para o nosso mundo de forma diferente.

 

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