Opinião

Um va­rus contra o mundo
O isolamento social protege as pessoas e o sistema de saúde, espaa§ando a ocorraªncia de casos e evitando o caos que ocorre em algunspaíses da Europa.
Por Luiz Carlos Zeferino - 15/04/2020

Erasmo-Spadotto

Estamos diante do maior desafio desta geração de profissionais da saúde, a pandemia por Covid-19. Tudo indica que somente estaremos livres da Covid-19 quando a quase totalidade da população adquirir a capacidade de produzir anticorpos contra o va­rus, seja pela infecção ou então pela vacina. Enquanto isso não ocorrer, resta-nos tomar todas as precauções possa­veis. Um ponto que emerge éque o isolamento social protege as pessoas e o sistema de saúde, espaa§ando a ocorraªncia de casos e evitando o caos que ocorre em algunspaíses da Europa.

Para tentar ilustrar este desafio, a prova­ncia de Hubei, onde tudo começou, teve cerca de 68 mil casos confirmados e, possivelmente, dois milhões de pessoas (dado superestimado) tiveram infecção assintoma¡tica ou com sintomas leves. Poranãm, a população de Hubei éde 58,5 milhões de habitantes, ou seja, mais de 56 milhões continuam vulnera¡veis a  infecção por Covid-19.

As temperaturas de vera£o e outono no Brasil possivelmente oferecem alguma proteção. Sera¡ que este fator poderia contribuir para evitar a ocorraªncia do pico de doentes da Ita¡lia? Nãome parece absurdo admitir um “sim” para esta resposta.

Em dois meses iniciaremos o inverno. Assim, seráque temperaturas mais baixas favoreceriam a transmissão? Se a resposta for sim, seráque esta variação climática prolongaria o tempo de duração da pandemia no Brasil? Tambanãm não me parece absurdo admitir um “sim” para esta resposta.

a‰ uma sensação estranha; não sei se na guerra éassim. Conhecemos pouco de nosso inimigo; não sabemos o quanto as armas disponí­veis são eficazes; na verdade, não temos armas eficazes; estamos sendo atingidos pelo inimigo.

"Ganharemos esta luta como a humanidade ganhou todas as lutas contra pandemias ou epidemias que antecederam".


O custo seráalto pelas vidas perdidas, pelo impacto negativo na economia, entre inúmeros outros fatos. As grandes potaªncias estãosuperpreparadas para se defender de um ataque nuclear, mas estãomuito vulnera¡veis a um ataque viral. Nos Estados Unidos o total de mortes atribua­das a  Covid-19 já émuitas vezes maior do que o total de 2.977 vitimas do ataque a s torres gaªmeas.

No Brasil, neste ambiente de disputa pola­tica entre governantes, felizmente emerge um universo de profissionais de saúde altamente comprometido, que coloca a própria vida em risco, que sofre discriminação, que assume uma sobrecarga de trabalho para cumprir com seu juramento.

Na Unicamp, desde o ini­cio deste ano háprofissionais e dirigentes que vão discutindo e planejando ações para quando a epidemia chegar. A este time foi se agregando profissionais, de tal forma que temos um exanãrcito para atuar.

"a‰ fanta¡stica a nossa capacidade de mobilização".


O contradita³rio éque, para nose para o mundo, este éum momento aºnico, uma experiência única para algumas gerações, pois háum ganho imenso de conhecimento e competaªncias em curta­ssimo Espaço. a‰ um momento de grande solidariedade, fanta¡stico! Na³s podemos ou precisamos nos isolar para atenuar os efeitos da pandemia, mas o mundo precisara¡ se unir, globalizar para melhor enfrentar futuros ataques virais. As diferenças econa´micas e sociais nos fragilizam enquanto combatentes com prejua­zos para os mais pobres e para os mais ricos.


*As opiniaµes expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), não refletindo necessariamente a posição institucional do maisconhecer.com

Luiz Carlos Zeferino 
Diretor da Faculdade de Ciências Manãdicas (FCM) da Unicamp

 

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