A pesquisa quer caracterizar a carne orgânica, que em linhas gerais está atrelada a uma produção por sistema ambientalmente correto, socialmente justo e viável economicamente, auditado e certificado.
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Mato Grosso do Sul e Mato Grosso – dois dos maiores produtores de gado no paÃs – são os únicos estados brasileiros a produzir carne orgânica certificada, produto que começa a ganhar espaço em grandes mercados, mas ainda é desconhecido do grande público.
Esse nicho crescente será investigado na pesquisa “Carne orgânica: uma análise da cadeia de suprimento, seus custos e comercialização por valor justoâ€, coordenada pelo professor Alberto Aguirre da Escola de Administração e Negócios (Esan) da UFMS, com recursos do CNPq.
“A busca para melhorar os meios de produção e agregar valor a um produto tem se tornado um importante diferencial e é meta organizacional de muitos produtores. Neste contexto está inserida a carne orgânica, a qual tenta sair do status de uma commodity e aspira um nicho de mercado com um poder aquisitivo maior do que a carne convencionalâ€, afirma o coordenador.
Inicialmente, a pesquisa quer caracterizar a carne orgânica, que em linhas gerais está atrelada a uma produção por sistema ambientalmente correto, socialmente justo e viável economicamente, auditado e certificado.
“Estamos levantando o que é carne orgânica, as polÃticas públicas de carne orgânica existentes – aqui no estado já existe alguma legislação dando benefÃcios para os produtores da área, especialmente do Pantanal; quais são os canais de abastecimento, o que entra na produção da carne orgânica e como montarÃamos um canal de distribuição para esse produto, para o consumidor, basicamente em mercados mais maduros onde há clientes que estão dispostos a pagar mais caro por uma qualidade diferenciadaâ€, aponta.
Com a participação de dois mestrandos (Programa de Pós-graduação em Administração) e três graduandos, o projeto prevê investigar a cadeia de suprimento para a carne orgânica, descrever os custos da cadeia de suprimentos deste produto final, analisar os custos produtivos e ainda promover o valor justo de comercialização desse produto.
“Em média, sabemos que os frigorÃficos pagam 10% a mais pela carne orgânica. Mas esse percentual está correto? Da mesma forma, ao colocar esse produto no mercado hoje, cerca de 20% a 30% mais caros, as pessoas não devem comprar, porque não sabem o que é. Por isso, precisa haver uma conscientização do público para que ele consumaâ€
Alberto Aguirre
Os pesquisadores estão em contato com produtores do Pantanal e da Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO), criada em 2001 por pecuaristas brasileiros da região pantaneira para sistematizar a produção.
“Precisamos saber, por exemplo, o que o gado orgânico come, se só pasto ou recebe complementação com ração, se toma vitaminas, vermÃfugos ou outros defensivos. Quais as vantagens, quais os benefÃcios nessa carneâ€, completa.
Já se sabe que o boi orgânico demora mais tempo para atingir o peso. “Talvez não se gaste tanto com a alimentação dele, mas ele vai demorar mais tempo no pasto, isso paga aquela economia ou é mais prejuÃzo do que se ganha? São muitas as perguntar a responderâ€, diz Alberto.
O coordenador estuda ainda a futura publicação de um manual de carne orgânica, explicando todas essas questões, e ainda mostrando como consumir e aproveitar melhor o produto.