Saúde

Canãlulas revelam como estãoas defesas do corpo contra o câncer de mama
Tanãcnica utiliza células do sistema imune para fazer a contagem de linfa³citos T, capazes de reconhecer e eliminar o câncer de mama
Por Júlio Bernardes - 31/10/2019

Pixabay  

A imunoterapia éuma nova frente de combate ao câncer que usa diversas estratanãgias, como vacinas, para estimular as células de defesa do pra³prio corpo a enfrentarem a doena§a. Para definir a melhor abordagem no tratamento, énecessa¡rio saber a situação exata da resposta imune do paciente, em especial o número de linfa³citos T, células que destroem o ca¢ncer. Com esse objetivo, uma pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP desenvolveu uma técnica que permite a contagem de linfa³citos T capazes de reconhecer e eliminar o câncer de mama.

A pesquisa utilizou células dendra­ticas para medir a capacidade de proliferação dos linfa³citos T, células sanguíneas do sistema de defesa do organismo que combatem o ca¢ncer. “As células dendra­ticas, que também fazem parte do sistema imune, são capazes de apresentar as protea­nas produzidas pelas células do câncer para os linfa³citos T”, diz a pesquisadora Mariana Pinho, que realizou o trabalho.

Mariana afirma que a identificação do câncer pelos linfa³citos émais difa­cil porque as células da doena§a, que eram normais, se transformaram, mas possuem muitas protea­nas similares a s das demais células do corpo. “Os linfa³citos T proliferam quando entram em contato com as células dendra­ticas, e saem pelos tecidos a  procura de um alvo especa­fico, no caso, as células do ca¢ncer”.

A técnica foi criada pela pesquisadora italiana Federica Sallusto, que utiliza mona³citos (células precursoras das células dendra­ticas, existentes no sangue) para identificar a resposta imune a va­rus e bactanãrias. “Como essa resposta émais intensa, hámais células especa­ficas de defesa”, observa a pesquisadora do ICB. “No caso do ca¢ncer, a técnica não étão eficiente porque o número de linfa³citos T específicos émenor, e como se trata de uma doença crônica, o linfa³cito já viu o anta­geno hámuito tempo e estãoexaurido. Embora a canãlula dendra­tica seja mais difa­cil de obter, ela émais potente para estimular os linfa³citos T”.


Para estudar a técnica, foram utilizadas células tumorais de câncer de mama. “Em laboratório, essas células são ‘estouradas’, de modo que liberem todas as suas protea­nas, formando uma espanãcie de ‘sopa’ onde são colocadas as células dendra­ticas”, descreve Mariana. A análise revelou que cada paciente de câncer de mama tem uma quantidade de linfa³citos diferente. “Existem diversos tipos de câncer de mama, assim, já era esperada uma diferença; no entanto as análises mostraram que o número varia mesmo entre pacientes com o mesmo tipo de ca¢ncer.”

Foto: Ceca­lia Bastos/USP Imagens
Pesquisa utilizou células dendra­ticas (que fazem parte do sistema imune) para
medir a capacidade de proliferação dos linfa³citos T, células de defesa do sangue
que destroem o ca¢ncer. As células dendra­ticas apresentam protea­nas produzidas
pelas células do câncer aos linfa³citos T 

A pesquisadora aponta que a imunoterapia éo quarto grande pilar do tratamento do ca¢ncer, ao lado da cirurgia, da radioterapia e da quimioterapia. “Basicamente, a imunoterapia pega o sistema imune e faz com que ele combata o ca¢ncer, por meio de diversas estratanãgias, como ‘tirar o freio’ do sistema imune, aumentar o número de linfa³citos T, entre outras”, explica. “Por isso são necessa¡rias ferramentas para saber quantos linfa³citos T específicos para o tumor o paciente possui e como eles estão.”

A técnica seráaplicada nos testes clínicos de vacinas para pacientes com glioblastoma, um tumor agressivo que atinge o sistema nervoso central, com a vacina servindo como esta­mulo para aumentar o número de linfa³citos T que combatem a doena§a. “A maior importa¢ncia do manãtodo éna parte laboratorial, para entender como alguns pacientes respondem bem aos diferentes tratamentos e outros não”, destaca Mariana. “A técnica visualiza a resposta imune contra os tumores, que muda com a imunoterapia, desse modo éimportante saber como o paciente estãoreagindo, para avaliar o tratamento ideal”.

A pesquisa de Mariana foi orientada pelo professor JoséAlexandre Barbuto, do Laborata³rio de Imunologia de Tumores do Departamento de Imunologia do ICB. As pesquisas com a vacina para glioblastoma são realizadas no laboratório, com a supervisão do professor Barbuto.

 

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