Tanãcnica utiliza células do sistema imune para fazer a contagem de linfa³citos T, capazes de reconhecer e eliminar o câncer de mama
Pixabay Â
A imunoterapia éuma nova frente de combate ao câncer que usa diversas estratanãgias, como vacinas, para estimular as células de defesa do pra³prio corpo a enfrentarem a doena§a. Para definir a melhor abordagem no tratamento, énecessa¡rio saber a situação exata da resposta imune do paciente, em especial o número de linfa³citos T, células que destroem o ca¢ncer. Com esse objetivo, uma pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP desenvolveu uma técnica que permite a contagem de linfa³citos T capazes de reconhecer e eliminar o câncer de mama.
A pesquisa utilizou células dendraticas para medir a capacidade de proliferação dos linfa³citos T, células sanguíneas do sistema de defesa do organismo que combatem o ca¢ncer. “As células dendraticas, que também fazem parte do sistema imune, são capazes de apresentar as proteanas produzidas pelas células do câncer para os linfa³citos Tâ€, diz a pesquisadora Mariana Pinho, que realizou o trabalho.
Mariana afirma que a identificação do câncer pelos linfa³citos émais difacil porque as células da doena§a, que eram normais, se transformaram, mas possuem muitas proteanas similares a s das demais células do corpo. “Os linfa³citos T proliferam quando entram em contato com as células dendraticas, e saem pelos tecidos a procura de um alvo especafico, no caso, as células do ca¢ncerâ€.
A técnica foi criada pela pesquisadora italiana Federica Sallusto, que utiliza mona³citos (células precursoras das células dendraticas, existentes no sangue) para identificar a resposta imune a varus e bactanãrias. “Como essa resposta émais intensa, hámais células especaficas de defesaâ€, observa a pesquisadora do ICB. “No caso do ca¢ncer, a técnica não étão eficiente porque o número de linfa³citos T específicos émenor, e como se trata de uma doença crônica, o linfa³cito já viu o antageno hámuito tempo e estãoexaurido. Embora a canãlula dendratica seja mais difacil de obter, ela émais potente para estimular os linfa³citos Tâ€.
Para estudar a técnica, foram utilizadas células tumorais de câncer de mama. “Em laboratório, essas células são ‘estouradas’, de modo que liberem todas as suas proteanas, formando uma espanãcie de ‘sopa’ onde são colocadas as células dendraticasâ€, descreve Mariana. A análise revelou que cada paciente de câncer de mama tem uma quantidade de linfa³citos diferente. “Existem diversos tipos de câncer de mama, assim, já era esperada uma diferença; no entanto as análises mostraram que o número varia mesmo entre pacientes com o mesmo tipo de ca¢ncer.â€
Foto: Cecalia Bastos/USP Imagens
Pesquisa utilizou células dendraticas (que fazem parte do sistema imune) para
medir a capacidade de proliferação dos linfa³citos T, células de defesa do sangue
que destroem o ca¢ncer. As células dendraticas apresentam proteanas produzidas
pelas células do câncer aos linfa³citos TÂ
A pesquisadora aponta que a imunoterapia éo quarto grande pilar do tratamento do ca¢ncer, ao lado da cirurgia, da radioterapia e da quimioterapia. “Basicamente, a imunoterapia pega o sistema imune e faz com que ele combata o ca¢ncer, por meio de diversas estratanãgias, como ‘tirar o freio’ do sistema imune, aumentar o número de linfa³citos T, entre outrasâ€, explica. “Por isso são necessa¡rias ferramentas para saber quantos linfa³citos T específicos para o tumor o paciente possui e como eles estão.â€
A técnica seráaplicada nos testes clínicos de vacinas para pacientes com glioblastoma, um tumor agressivo que atinge o sistema nervoso central, com a vacina servindo como estamulo para aumentar o número de linfa³citos T que combatem a doena§a. “A maior importa¢ncia do manãtodo éna parte laboratorial, para entender como alguns pacientes respondem bem aos diferentes tratamentos e outros nãoâ€, destaca Mariana. “A técnica visualiza a resposta imune contra os tumores, que muda com a imunoterapia, desse modo éimportante saber como o paciente estãoreagindo, para avaliar o tratamento idealâ€.
A pesquisa de Mariana foi orientada pelo professor JoséAlexandre Barbuto, do Laborata³rio de Imunologia de Tumores do Departamento de Imunologia do ICB. As pesquisas com a vacina para glioblastoma são realizadas no laboratório, com a supervisão do professor Barbuto.