Saúde

Estudo sugere que a exposição infantil a ca£es pode diminuir o risco de desenvolver esquizofrenia
Estudo acrescenta evidaªncias de que a exposia§a£o a animais de estimaa§a£o na primeira infa¢ncia pode ser fatores ambientais que alteram o sistema imunológico, afetando o desenvolvimento de certos distúrbios psiquia¡tricos
Por Michael E. Newman - 08/01/2020



Desde que os humanos domesticaram o ca£o, o animal fiel forneceu ao seu dono companhia e bem-estar emocional. Agora, um estudo da Johns Hopkins Medicine sugere que estar pra³ximo do "melhor amigo do homem" desde tenra idade também pode trazer benefa­cios a  saúde - diminuindo a chance de desenvolver esquizofrenia quando adulto.

"Transtornos psiquia¡tricos graves tem sido associados a alterações no sistema imunológico ligadas a exposições ambientais no ini­cio da vida, e como os animais domanãsticos geralmente são as primeiras coisas com as quais as criana§as tem contato pra³ximo, era la³gico explorar as possibilidades de uma conexa£o. entre os dois ", diz Robert Yolken , presidente da Divisão de Neurovirologia do Desenvolvimento de Stanley e professor de neurovirologia em pediatria na Faculdade de Medicina Johns Hopkins . Ele éo principal autor do trabalho de pesquisa recentemente publicado online na revista PLOS One .

No estudo, Yolken e colegas do Sistema de Saúde Sheppard Pratt em Baltimore investigaram a relação entre a exposição a um gato ou cachorro de estimação durante os primeiros 12 anos de vida e um diagnóstico posterior de esquizofrenia ou transtorno bipolar. Para a esquizofrenia, os pesquisadores ficaram surpresos ao ver uma diminuição estatisticamente significativa no risco de uma pessoa desenvolver o distaºrbio se exposto a um ca£o no ini­cio da vida. Em toda a faixa eta¡ria estudada, não houve ligação significativa entre ca£es e transtorno bipolar, ou entre gatos e transtorno psiquia¡trico.

"TRANSTORNOS PSIQUIaTRICOS GRAVES TaŠM SIDO ASSOCIADOS A ALTERAa‡a•ES NO SISTEMA IMUNOLa“GICO LIGADAS A EXPOSIa‡a•ES AMBIENTAIS NO INaCIO DA VIDA, E COMO OS ANIMAIS DOMa‰STICOS GERALMENTE SaƒO AS PRIMEIRAS COISAS COM AS QUAIS AS CRIANa‡AS TaŠM CONTATO PRa“XIMO, ERA La“GICO EXPLORAR AS POSSIBILIDADES DE UMA CONEXaƒO ENTRE OS DOIS."

Robert Yolken
Professor de neurovirologia em pediatria

Os pesquisadores alertam que são necessa¡rios mais estudos para confirmar essas descobertas, procurar os fatores por trás de quaisquer links fortemente apoiados e definir mais precisamente os riscos reais de desenvolver distúrbios psiquia¡tricos de expor bebaªs e criana§as menores de 13 anos a gatos e ca£es de estimação.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Proprieta¡rios de Animais de Estimação mais recente da American Pet Products Association , existem 94 milhões de gatos e 90 milhões de ca£es nos Estados Unidos. Estudos anteriores identificaram exposições precoces da vida a gatos e ca£es de estimação como fatores ambientais que podem alterar o sistema imunológico por vários meios, incluindo respostas alanãrgicas, contato com bactanãrias e va­rus de animais, alterações no microbioma de uma casa e efeitos de redução de estresse induzidos por animais de estimação. química do cérebro humano.

Alguns pesquisadores, observa Yolken, suspeitam que essa "modulação imunola³gica" possa alterar o risco de desenvolver distúrbios psiquia¡tricos aos quais uma pessoa égeneticamente predisposta ou não.

No estudo, Yolken e colegas analisaram uma população de 1.371 homens e mulheres entre 18 e 65 anos: 396 pessoas com esquizofrenia, 381 com transtorno bipolar e 594 controles. As informações documentadas sobre cada pessoa inclua­am idade, sexo, raça / etnia, local de nascimento enívelmais alto de educação dos pais (como uma medida do status socioecona´mico). Todos os participantes do estudo foram questionados se tinham um gato ou cachorro de estimação em casa ou ambos durante os primeiros 12 anos de vida.

A relação entre a idade da primeira exposição do animal domanãstico e o diagnóstico psiquia¡trico foi definida usando um modelo estata­stico que produz uma taxa de risco - uma medida ao longo do tempo de quantas vezes eventos específicos acontecem em um grupo de estudo em comparação com a frequência em um grupo controle.

Surpreendentemente, diz Yolken, os resultados sugerem que as pessoas que são expostas a um ca£o de estimação antes dos 13 anos de idade tem uma probabilidade significativamente menor - até24% - de serem diagnosticadas mais tarde com esquizofrenia.

"O maior efeito protetor aparente foi encontrado em criana§as que tiveram um ca£o domanãstico no nascimento ou foram expostas pela primeira vez após o nascimento, mas antes dos 3 anos", diz ele.

Yolken acrescenta que, se for assumido que a taxa de risco éum reflexo preciso do risco relativo, até840.000 casos de esquizofrenia podem ser evitados pela exposição de ca£es ou outros fatores associados a  exposição a ca£es.

"Existem várias explicações plausa­veis para esse possí­vel efeito 'protetor' do contato com ca£es - talvez algo no microbioma canino que seja passado aos seres humanos e reforce o sistema imunológico contra ou subjugue uma predisposição genanãtica a  esquizofrenia", diz Yolken.

Para o transtorno bipolar, os resultados do estudo sugerem que não hássociação de risco, positiva ou negativa, com o fato de estar perto de ca£es quando bebaª ou criana§a pequena.

No geral, para todas as idades examinadas, a exposição precoce a gatos de estimação foi neutra, pois o estudo não pa´de vincular felinos a um aumento ou diminuição do risco de desenvolver esquizofrenia ou transtorno bipolar. No entanto, houve um risco ligeiramente aumentado de desenvolver ambos os distúrbios para aqueles que tiveram contato com gatos entre 9 e 12 anos de idade. Yolken diz que isso indica que o tempo de exposição pode ser crítico para determinar se a exposição a gatos altera o risco.

Um exemplo de um gatilho suspeito de esquizofrenia transmitido por animais de estimação éa toxoplasmose da doena§a, uma condição na qual os gatos são os principais hospedeiros de um parasita transmitido aos seres humanos pelas fezes dos animais. As mulheres gra¡vidas são aconselhadas hános a não trocar as caixas de areia dos gatos para eliminar o risco de a doença passar pela placenta para seus fetos e causar aborto esponta¢neo, natimorto ou distúrbios psiquia¡tricos em uma criana§a nascida com a infecção.

Em um artigo de revisão de 2003, Yolken e o colega E. Fuller Torrey, diretor associado de pesquisa do Instituto de Pesquisa Manãdica Stanley em Chevy Chase, Maryland, forneceram evidaªncias de vários estudos epidemiola³gicos mostrando que háuma conexão estata­stica entre uma pessoa exposta ao parasita que causa toxoplasmose e um risco aumentado de desenvolver esquizofrenia . Os pesquisadores descobriram que um grande número de pessoas nesses estudos que foram diagnosticados com distúrbios psiquia¡tricos graves, incluindo esquizofrenia, também tinham altos na­veis de anticorpos contra o parasita da toxoplasmose.

Devido a essa descoberta e outras semelhantes, a maioria das pesquisas se concentrou em investigar uma ligação potencial entre a exposição precoce a gatos e o desenvolvimento de distúrbios psiquia¡tricos. Yolken diz que o estudo mais recente estãoentre os primeiros a considerar o contato com ca£es também.

"Uma melhor compreensão dos mecanismos subjacentes a s associações entre exposição a animais de estimação e distúrbios psiquia¡tricos nos permitiria desenvolver estratanãgias adequadas de prevenção e tratamento", diz Yolken.

 

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