Saúde

Reservata³rios profundos de va­rus 'dorminhocos' são obsta¡culos para a cura do HIV
O principal obsta¡culo para curar o HIV éum vasto reservata³rio de
Por Delthia Ricks, - 11/02/2020


Imagem microsca³pica de uma canãlula T infectada pelo HIV. Crédito: NIAID

De todas as barreiras a  cura do HIV, nenhuma representa um dilema tão difa­cil quanto a lataªncia, uma fase inativa na qual os prova­rus estãoessencialmente a  espera, mas permanecem capazes de reativação. Um prova­rus éum va­rus inativo hospedado por uma canãlula. E no caso do HIV, as células que fornecem um refaºgio seguro para os va­rus são as várias subpopulações de células T CD4 +, membros-chave do sistema imunológico.

Na fase latente, os prova­rus evitam a vigila¢ncia pelo sistema imunológico e escapam a  aniquilação por medicamentos anti-retrovirais . Sa³ esses dois fatores fizeram do HIV um quebra-cabea§a extraordina¡rio para resolver.

O Dr. Robert F. Siliciano, professor de medicina da Universidade Johns Hopkins, cuja pesquisa definiu o entendimento do reservata³rio de HIV, estuda o fena´meno hámais de duas décadas.

No último trabalho de pesquisa publicado por Siliciano e seus colaboradores na Universidade da Califa³rnia, em San Francisco, e no Howard Hughes Medical Institute, em Baltimore, a equipe destacou um ponto importante: embora várias subpopulações de células T CD4 + abrigem provanãrbios latentes, elas mostram baixa indutibilidade dos va­rus do HIV-1 em condições experimentais. A resolução da lataªncia do HIV abre caminho para a cura, dizem esses pesquisadores.

"A lataªncia pode ser inicialmente devido a  falta dos principais fatores hospedeiros necessa¡rios para a expressão do gene do HIV", disse Siliciano, que estãona vanguarda dos pesquisadores que desejam eliminar os teimosos reservata³rios dos va­rus do HIV.

Siliciano disse a  Medical Xpress que "com o tempo, as alterações epigenanãticas podem contribuir para silenciar ainda mais a expressão do gene do HIV", um fator que pode levar o HIV a um estado mais profundo de lataªncia.

Para ter uma idanãia de quanto desconcertante esse pool de prova­rus latentes pode ser, a equipe de Siliciano enfatiza que a terapia antirretroviral pode efetivamente bloquear a replicação do HIV em pacientes infectados e prevenir ou reverter a imunodeficiência entre aqueles que tomam fielmente seus medicamentos. Mas a replicação viral éretomada poucas semanas após a interrupção do tratamento, e o bombardeio do corpo por va­rus que se replicam recentemente surge do pool de va­rus de HIV latentes, patógenos adormecidos que reativam para perpetuar a infecção.

Escrevendo na Science Translational Medicine , Siliciano e seus colegas observaram que a pesquisa mostrou que a proliferação de células T CD4 + infectadas pelo HIV constitui "um fator importante na geração e persistaªncia do reservata³rio latente".

Siliciano e seus colegas descobriram que os prova­rus intactos do HIV-1 são igualmente distribua­dos em diferentes subconjuntos de células CD4 + da memória. Em sua pesquisa, a equipe estudou a lataªncia relacionada a s células T da memória central, células T da memória de transição e células T da memória efetiva.

Nos últimos 40 anos, a pandemia global de HIV / AIDS tem sido uma grande preocupação de saúde pública. A infecção écausada por um retrova­rus, um pata³geno de RNA que possui uma enzima - transcriptase reversa - que permite exclusivamente a transcrição do RNA viral no DNA ao entrar nas células do hospedeiro. O DNA do HIV pode então se insinuar no DNA cromossa´mico do hospedeiro, onde o va­rus éexpresso.

Desde o ini­cio da pandemia de HIV / AIDS no ini­cio dos anos 80, estima-se que 75 milhões de pessoas foram infectadas pelo va­rus e aproximadamente 32 milhões morreram, segundo a Organização Mundial da Saúde. Os medicamentos anti-retrovirais podem controlar a infecção, mas não são curas devido ao poderoso fena´meno da lataªncia viral.

No entanto, outros va­rus são mais dependentes da lataªncia como mecanismo de sobrevivaªncia do que o HIV, que o utiliza além da capacidade de se replicar a um ritmo alarmante.

"Para alguns va­rus, especialmente os da familia do va­rus herpes, a lataªncia éuma estratanãgia viral importante para evitar a resposta imune. O HIV evita a resposta imune por uma evolução rápida e se replica continuamente em pessoas não tratadas", disse Siliciano. "A lataªncia ocorre quando algumas células T ativadas são infectadas, pois estãovoltando ao estado de repouso, no qual os fatores hospedeiros necessa¡rios para a expressão do gene HIV não estãomais dispona­veis".

As pesquisas destinadas a curar a infecção continuam, apesar de um grande revanãs recente na produção de uma vacina contra o HIV, que os cientistas esperavam que pudesse prevenir completamente a infecção. Um estudo cla­nico baseado na áfrica do Sul, conhecido como o HVTN 702 ou Uhambo, foi cancelado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doena§as Infecciosas dos Estados Unidos, o patrocinador do estudo.

Siliciano e seus colaboradores, enquanto isso, intitularam seu trabalho de pesquisa "Diferentes subconjuntos de células T CD4 + com memória de repouso humana mostram baixa indutibilidade semelhante dos va­rus latentes de HIV-1". Experimentalmente, eles examinaram subpopulações de células T CD4 + de 10 pacientes com HIV em terapia anti-retroviral.

O trabalho experimental foi baseado nesta premissa enganosamente simples: em certos subconjuntos de células T da memória CD4 +, o prova­rus pode estar em um estado de lataªncia mais profundo, permitindo que a canãlula prolifere sem produzir protea­nas virais. Isso pode, por sua vez, permitir que o va­rus escape da depuração imunola³gica. Para avaliar a lataªncia do prova­rus, a equipe usou um ensaio de crescimento viral de estimulação maºltipla para cultivar células T CD4 +.

"O ensaio éuma variação do que usamos inicialmente para descobrir o reservata³rio latente", disse Siliciano. "Se vocêativar células T, a lataªncia podera¡ ser revertida porque os fatores hospedeiros agora se tornam disponí­veis no núcleo".

 

.
.

Leia mais a seguir