Saúde

Vacina contra coronava­rus em desenvolvimento na USP édiferente da americana
Jorge Kalil explica que o manãtodo usado no projeto da vacina impede a penetraz£o do va­rus nas células, por meio de anticorpos bloqueadores
Por USP/MaisConhecer - 19/03/2020


Foto: Manuella Brandolff/ Pala¡cio Piratini via Fotos Paºblicas

A vacina para o coronava­rus estãoem desenvolvimento por pesquisadores da Universidade de Sa£o Paulo. Os testes ainda não foram feitos em animais ou humanos, mas a expectativa éde que acontea§a dentro de alguns meses, resultando numa vacina com resposta rápida contra o va­rus, possibilitando a criação dos anticorpos necessa¡rios.

O professor Jorge Kalil, diretor do Laborata³rio de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP, fala que o processo de desenvolvimento da vacina se da¡ a partir da criação de uma parta­cula semelhante ao coronava­rus, o VLP (virus-like particle, em inglês), que, na verdade, écomo se fosse um va­rus oco, sem o material genanãtico e, portanto, sem a transmissibilidade da doena§a, o que torna seguro usar em vacinas. “Colocamos as partes do coronava­rus que são importantes para desencadear uma forte resposta do sistema imunológico, para emitir os anticorpos bloqueadores e impedir o va­rus de penetrar nas células”.

A vacina em desenvolvimento no Brasil difere da que já estãosendo testada nos Estados Unidos. La¡, éutilizada a tecnologia mRNA, que insere na vacina uma parta­cula sintanãtica do RNA mensageiro do va­rus e, então, éinjetada no organismo humano e instrua­da a produzir protea­nas que possam ser reconhecidas pelo sistema imunológico. De acordo com Kalil, diferente das mRNA, as vacinas com VLP já possuem hista³rico de uso, como no papiloma va­rus oso HPV. As respostas tendem a ser mais robustas, enquanto a utilização da mRNA gera respostas mais ta­midas.

O professor explica que a parte importante do va­rus, a que penetra na canãlula e que éutilizada para a criação do VLP, são as coronas, ou espa­culas, que ficam na parte exterior do va­rus. “No laboratório, a gente consegue sintetizar essa parte da protea­na in vitro. A gente inclui esse pepta­deo na parta­cula viral. Sa£o várias protea­nas que sintetizamos e forma uma parta­cula, que colocamos junto a um pedaço do coronava­rus que a gente escolheu”.

Jorge Kalil comenta ainda que o desenvolvimento da vacina para o novo coronava­rus no Brasil se deu rapidamente devido a estudos prévios sobre outro tipo de coronava­rus, anterior ao causador da covid-19. “Quando apareceu esse novo coronava­rus, imediatamente usamos os sistemas que já esta¡vamos trabalhando. Por isso, precisamos ter pesquisa em andamento e pessoas afinadas e ligadas nas coisas, porque, quando surge uma emergaªncia como essa, da¡ para alterar o rumo”.

 

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