Saúde

Cientistas encontram nova maneira de bloquear o va­rus HPV causador de ca¢ncer
O novo manãtodo pode eventualmente ajudar no tratamento não apenas do HPV, mas de outros va­rus, bem como de doenças não virais que atualmente são consideradas
Por Anne Doerr - 24/03/2020


Micrografia eletra´nica de um va­rus do papiloma humano (HPV) corado negativamente
que ocorre em verrugas humanas. Crédito: doma­nio paºblico

O papilomava­rus humano (HPV) éa principal causa de vários tipos de ca¢ncer, incluindo o câncer do colo do aºtero, que mata quase 300.000 mulheres em todo o mundo a cada ano. Embora as vacinas oferea§am uma primeira linha de defesa comprovada contra a infecção pelo HPV, os pesquisadores continuam procurando opções adicionais para se proteger contra o va­rus.

Em um novo estudo publicado hoje no Proceedings da Academia Nacional de Ciências , os pesquisadores do Yale Cancer Center (YCC) demonstraram, em princa­pio, uma nova abordagem biológica que pode parar a infecção pelo HPV . Esse manãtodo pode eventualmente ajudar no tratamento não apenas do HPV, mas de outros va­rus, bem como de doenças não virais que atualmente são consideradas "insuporta¡veis", disseram os pesquisadores.

"Mostramos que pepta­deos muito curtos [fragmentos de uma protea­na] podem impedir o va­rus HPV de infectar células", disse o autor saªnior Daniel DiMaio, MD, Ph.D., vice-diretor da YCC, Waldemar Von Zedtwitz Professor de Genanãtica, e professor de biofa­sica molecular e bioquímica e de radiologia terapaªutica. "Esta pesquisa confirma nosso modelo de como o HPV infecta células. Tambanãm mostra que o tra¡fico intracelular de um va­rus pode ser o alvo de uma nova abordagem antiviral".

O HPV étransportado para a canãlula por um saco ligado a  membrana chamado endossoma. Uma protea­na HPV conhecida como L2 contanãm um segmento conhecido como "pepta­deo que penetra nas células" que adere a  membrana do endossomo no interior da canãlula. La¡, uma sequaªncia de L2 ao lado do pepta­deo que penetra nas células se liga a uma protea­na celular chamada reta´mero. O Retromer entrega então o va­rus a um mecanismo de transporte celular conhecido como caminho retra³grado que despeja o va­rus no núcleo, onde ele pode comea§ar a fazer ca³pias de si mesmo.

Pesquisas anteriores do laboratório de DiMaio descobriram que o mecanismo principal do pepta­deo que penetra nas células ésurpreendentemente curto. Os pepta­deos são compostos de aminoa¡cidos e foi necessa¡ria uma sequaªncia de apenas seis aminoa¡cidos para que o pepta­deo penetrasse nas membranas celulares, enquanto uma sequaªncia de apenas três aminoa¡cidos foi necessa¡ria para se ligar a  protea­na do reta´mero.

"Percebemos que poda­amos sintetizar um pepta­deo curto que deveria ser suficiente para atravessar a membrana celular, ligar o reta´mero e bloquear a infecção, por isso decidimos testar isso", disse DiMaio. "O primeiro pepta­deo que tentamos funcionou".

Quando os investigadores adicionaram os pepta­deos penetrantes nas células sintetizadas a um meio de cultura das células humanas, eles viram que os pepta­deos entraram no citoplasma e se ligaram ao reta´mero. Quando os cientistas infectaram as células com o HPV, o va­rus não pa´de mais se ligar ao reta´mero e deixar o endossomo porque o reta´mero estava preso pelo pepta­deo e a infecção foi bloqueada.

Os pesquisadores de Yale demonstraram que essa inibição de pepta­deo persiste mesmo após a remoção dos pepta­deos. "Na verdade, não sabemos por quanto tempo o pepta­deo estãoativo, mas o efeito pode ser irreversa­vel", acrescentou DiMaio. "Tambanãm parece que o va­rus desaparece da canãlula. A canãlula tem uma maneira de perceber que a infecção não estãoocorrendo normalmente, então se livra do va­rus".

Em experimentos de acompanhamento conduzidos com colegas da Universidade de Wisconsin, os cientistas mostraram que esse pepta­deo penetrante nas células também inibia a infecção pelo HPV em camundongos. Esta pesquisa ba¡sica pode apontar para novos tipos de tratamentos anti-HPV, que são necessa¡rios, disse DiMaio.

Embora as vacinas sempre sejam a melhor base para prevenir infecções por HPV, disse DiMaio, "a grande maioria das pessoas no mundo não évacinada, especialmente nospaíses em desenvolvimento, onde a maioria dos casos de câncer do colo do aºtero ocorre". Além disso, as vacinas atuais não se protegem contra todas as cepas de HPV, disse ele.

 

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