Saúde

Vocaª pode espalhar o coronava­rus apenas respirando, segundo novo relatório
O debate começou quando os pesquisadores relataram no ini­cio deste ano no The New England Journal of Medicine que o SARS-CoV-2 pode flutuar em gota­culas de aerossol - com menos de 5 ma­crons de dia¢metro - por até3 horas e permanecer infeccioso.
Por Robert F. Service - 02/04/2020


Uma caixa de supermercado em Buenos Aires, Argentina,  espera os clientes atrás de
uma cortina de pla¡stico improvisada como precaução contra a propagação do
coronava­rus que causa o COVID-19.

A Academia Nacional de Ciências (NAS) deu um impulso a uma idanãia perturbadora: que o novo coronava­rus pode se espalhar pelo ar - não apenas pelas grandes gota­culas emitidas pela tosse ou espirro. Embora os estudos atuais não sejam conclusivos, "os resultados dos estudos disponí­veis são consistentes com a aerossolização do va­rus da respiração normal", escreveu Harvey Fineberg, chefe de um comitaª permanente de doenças infecciosas emergentes e ameaa§as a  saúde do século XXI,  em uma carta de 1 de abril  a Kelvin Droegemeier, chefe do Escrita³rio de Pola­tica Cienta­fica e Tecnola³gica da Casa Branca.

Atéagora, os Centros de Controle e Prevenção de Doena§as dos EUA e outras agaªncias de saúde insistiram que a principal via de transmissão do coronava­rus 2 da sa­ndrome respirata³ria aguda grave (SARS-CoV-2) éatravanãs das gota­culas respirata³rias maiores, de até1 mila­metro de dia¢metro, que as pessoas expulsam quando tossem e espirram. A gravidade aterra essas gota­culas a 1 ou 2 metros, apesar de depositarem o va­rus emsuperfÍcies, das quais as pessoas podem pega¡-lo e se infectar tocando na boca, nariz ou olhos. Mas se o coronava­rus puder ser suspenso na nanãvoa ultrafina que produzimos quando expiramos, a proteção se torna mais difa­cil, reforçando o argumento de que todas as pessoas devem usar máscaras em paºblico para reduzir a transmissão involunta¡ria do va­rus de portadores assintoma¡ticos.

O debate começou quando os pesquisadores relataram no ini­cio deste ano no The New England Journal of Medicine que o SARS-CoV-2 pode flutuar em gota­culas de aerossol - com menos de 5 ma­crons de dia¢metro - por até3 horas e permanecer infeccioso. Em sua análise, Fineberg e seus colegas do NAS apontaram para outros estudos, incluindo um recente de Joshua Santarpia e colegas do Centro Manãdico da Universidade de Nebraska, que encontraram evidaªncias generalizadas de RNA viral em salas de isolamento de pacientes em tratamento com COVID-19. O RNA viral apareceu emsuperfÍcies de difa­cil acesso, bem como em amostradores de ar a mais de 2 metros dos pacientes. A presença do RNA indica que o va­rus pode se espalhar por aerossãois, conclua­ram Santarpia e seus colegas, embora não tenham encontradopartículas virais infecciosas.

Outra pré-impressão citada pelo painel do NAS levantou preocupações de que o equipamento de proteção individual (EPI) pudesse ser uma fonte de contaminação aanãrea. Nesse trabalho, pesquisadores liderados por Yuan Liu na Universidade Wuhan, na China, descobriram que o novo coronava­rus pode ser ressuspenso no ar quando os profissionais de saúde removerem seus EPI, limparem o cha£o e passarem pelas áreas infectadas. Tomados em conjunto, "a presença de RNA viral em gota­culas de ar e aerossãois indica a possibilidade de transmissão viral por essas rotas", conclui o painel do NAS.

"[Estou] aliviado ao ver que a aerossolização éaceita", escreveu Kimberly Prather, um qua­mico de aerossãois da Universidade da Califa³rnia, em San Diego, em um e-mail para Science Insider. "Esse caminho adicional no ar ajuda a explicar por que estãose espalhando tão rápido."

Tambanãm adiciona ao caso de ma¡scaras. O painel do NAS citou o trabalho relatado em uma pré-impressão de Nancy Leung, da Universidade de Hong Kong e colegas. Eles coletaram gota­culas respirata³rias e aerossãois de pacientes com doenças respirata³rias causadas por va­rus; alguns pacientes usavam máscaras cirúrgicas. As máscaras reduziram a detecção do RNA do coronava­rus nas gota­culas respirata³rias e nos aerossãois, mas apenas nas gota­culas respirata³rias dos portadores de influenza. "Nossos resultados fornecem evidaªncias mecanicistas de que máscaras faciais cirúrgicas podem impedir a transmissão de infecções por coronava­rus humano e va­rus da influenza se usadas por indivíduos sintoma¡ticos", concluem os pesquisadores.

Nem todos os especialistas concordam que os aerossãois são uma rota prova¡vel de transmissão. Um informe cienta­fico de 27 de mara§o da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a transmissão de aerossãois "pode ​​ser possí­vel em circunsta¢ncias e configurações especa­ficas que geram aerossãois", como quando pacientes gravemente enfermos são intubados com um tubo de respiração. No entanto, dizem os especialistas da OMS, uma análise de mais de 75.000 casos de coronava­rus na China não revelou casos de transmissão aanãrea. Quanto a estudos como o de Santarpia, eles observam que “a detecção de RNA em amostras ambientais baseadas em ensaios baseados em PCR não éindicativa de va­rus via¡veis ​​que possam ser transmissa­veis”. 

No entanto, o CDC aparentemente estãose preparando para mudar sua posição sobre o assunto. De acordo com várias reportagens, a agaªncia estãopronta para recomendar que todas as pessoas nos Estados Unidos usem máscaras faciais em tecido em paºblico para reduzir a propagação do va­rus.

 

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