Saúde

A imunoterapia antes da cirurgia éeficaz no câncer de ca³lon
Em pacientes com um subtipo especa­fico de câncer de ca³lon (MSI), 100% dos pacientes se beneficiaram da terapia. Na outra metade (com tipo MSS), isso foi de 25%.
Por EurekAlert - 06/04/2020

Pacientes com câncer de ca³lon, mas sem meta¡stases distantes ainda, podem se beneficiar de um curso curto de imunoterapia enquanto aguardam a cirurgia, pois isso pode fazer com que os tumores encolham substancialmente ou se esclarea§am em um período muito curto.

Cancer de coloCréditos da imagem: crystal light / Shutterstock.com

As células imunola³gicas do pra³prio paciente eliminaram as células cancera­genas. Esta éa conclusão de um estudo NICHE do Netherlands Cancer Institute, um ensaio cla­nico inovador de fase II. Em pacientes com um subtipo especa­fico de câncer de ca³lon (MSI), 100% dos pacientes se beneficiaram da terapia. Na outra metade (com tipo MSS), isso foi de 25%.

A oncologista médica Myriam Chalabi e seus colegas pesquisadores publicara£o esses resultados na segunda-feira, 6 de abril, na revista Nature Medicine.

Imunoterapia neoadjuvante

A imunoterapia antes da cirurgia éreferida como 'imunoterapia neoadjuvante'. O objetivo éimpedir o retorno ou a meta¡stase do câncer e, no caso de grandes tumores, facilitar a cirurgia. A idanãia principal éfamiliarizar o sistema imunológico com todas as variações do tumor antes que o tumor seja removido, permitindo que o sistema responda melhor.

O câncer de ca³lon éo segundo tipo de ca¢ncer, depois do melanoma, para o qual pesquisadores do Instituto Holandaªs do Ca¢ncer demonstraram o efeito da imunoterapia neoadjuvante em uma revista cienta­fica. Estudos sobre outros tipos de tumores ainda estãoem andamento.

Taxa de resposta de 100% em pacientes com o subtipo 'insta¡vel por microssatanãlites'
Quarenta pacientes com dois subtipos de câncer de ca³lon participaram do estudo NICHE. Vinte deles tinham o subtipo insta¡vel por microssatanãlites (MSI), o que significa que o tumor éaltamente susceta­vel a  mutação, resultando em centenas e centenas de mutações.

De todos os pacientes com câncer de ca³lon não metastizado, 15% tem esse tipo, e a terapia foi eficaz em todos os 20 pacientes. "Uma boa taxa de resposta estava nos cartaµes deste grupo", diz o gerente de projetos Myriam Chalabi. "Mas uma taxa de 100% ésem precedentes. Vocaª não ousa esperar que seja tão bom."

Os pacientes foram submetidos a  cirurgia cerca de quatro semanas após a primeira administração intravenosa. Durante esse curto período, a grande maioria desses tumores havia desaparecido completamente ou quase completamente.

"Pudemos ver claramente onde estava o tumor, mas as células imunola³gicas do pra³prio paciente haviam eliminado as células cancera­genas ".


Myriam Chalabi, Instituto Holandaªs de Ca¢ncer

Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que a imunoterapia éeficaz contra o câncer de ca³lon metastizado avana§ado neste subgrupo. Ha¡ uma boa explicação cienta­fica: quanto mais novas mutações houver, mais não-eu seráo tumor, fazendo com que o sistema imunológico entre em ação.

Taxa de resposta de 25% em pacientes com o subtipo 'esta¡vel por microssatanãlites' de câncer de ca³lon

Os vinte pacientes restantes no estudo NICHE apresentavam tumores esta¡veis ​​em microssatanãlites (MSS). Por outro lado, sabe-se que tumores desse tipo não respondem bem a  imunoterapia. Para sua grande surpresa, os pesquisadores descobriram que 25% desse grupo de pacientes também responderam bem. Dado que 85% de todos os pacientes com câncer de ca³lon não metastizado tem esse tipo, esse também éum resultado promissor.

Os pesquisadores procuraram uma explicação para essa taxa de resposta surpreendentemente alta no grupo MSS no laboratório. Para comea§ar, não foi fa¡cil.

"Analisamos todos os suspeitos do costume, mas eles não foram a causa", diz Chalabi. "Nãoobservamos os mesmos fatores preditivos do melanoma, por exemplo. Mas, no final, encontramos um novo biomarcador. Se isso for preditivo nos estudos de acompanhamento, podera¡ fornecer uma maneira simples de identificar pacientes com Tumores MSS que poderiam se beneficiar da imunoterapia.

Muito mais para aprender no laboratório

Uma vantagem adicional importante dos estudos neoadjuvantes éque eles permitem que os efeitos precisos da imunoterapia no tecido canceroso excisado sejam determinados para pacientes individuais. Nesse sentido também, a terapia neoadjuvante estãofazendo uma revolução na pesquisa do ca¢ncer, com o trabalho de laboratório e a prática cla­nica se tornando mais integrados.

Trabalhando em conjunto com cirurgiaµes

Estudos pioneiros sobre drogas neoadjuvantes como o NICHE também tem um grande impacto no trabalho dos cirurgiaµes oncola³gicos. Os estudos dependem de sua confiana§a: os cirurgiaµes estãodispostos a aceitar a espera e a incerteza? Myriam Chalabi observa: "Nossos cirurgiaµes estavam muito entusiasmados desde o ina­cio, caso contra¡rio, nunca podera­amos ter realizado o julgamento".

O primeiro objetivo do estudo NICHE foi, portanto, mostrar que as operações poderiam ocorrer com segurança e de acordo com o cronograma e que não haveria mais complicações pa³s-operata³rias do que o esperado - o que de fato acabou sendo o caso.

A cirurgia pode ser dispensada?

Os pesquisadores, assim como os pacientes, estãomuito felizes com os resultados do estudo NICHE. Chalabi diz: "Grandes tumores diminuindo ou desaparecendo completamente em quatro semanas, em média, são um resultado fanta¡stico e sem precedentes. Nunca vimos uma taxa de resposta de 100% antes". A questão- levantada por alguns pacientes no estudo - anã: se o tumor desapareceu, a cirurgia poderia ser dispensada por completo?

Isso seria muito cedo, alerta Chalabi, pois "mesmo que descobramos que o tumor desapareceu quando operamos, não podemos saber antecipadamente quem tera¡ uma resposta completa, nem mesmo com a ajuda de exames". Os pesquisadores, portanto, precisam encontrar uma resposta para essa pergunta: como podemos saber o ma¡ximo possí­vel antes da cirurgia se os pacientes tera£o uma resposta completa? "Nãosera¡ fa¡cil, mas estamos ocupados trabalhando nisso".

Qual éa probabilidade de um paciente ainda desenvolver meta¡stases quando o tumor desaparecer completamente ou quase completamente? "Achamos que o risco émuito baixo", diz Chalabi. “Descobrimos isso com melanoma. Mas primeiro precisamos tratar os pacientes e monitora¡-los por anos antes que possamos responder a essa pergunta.

Estudo de acompanhamento

O estudo NICHE continuara¡, portanto, e o número de pacientes seráaumentado. Eles sera£o monitorados por pelo menos três anos para verificar se permanecem livres de doena§as. "Sa³ então a nova terapia pode ser considerada como um tratamento padra£o", diz Chalabi. Ao mesmo tempo, muitas pesquisas novas sera£o realizadas em laboratório, usando material tumoral desses pacientes.

Os pesquisadores usara£o novas técnicas: imagens médicas avana§adas, por exemplo, e o que são conhecidas como 'bia³psias la­quidas' para procurar vesta­gios de DNA tumoral no sangue.

 

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