Saúde

Pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da USP va£o acompanhar a saúde mental de jovens durante a pandemia
Um dos objetivos éprevenir que os sintomas de ansiedade e depressão se tornem cra´nicos; primeiro questiona¡rio já estãodispona­vel
Por Fabiana Mariz - 28/06/2020

Doma­nio  paºblico

Avaliar os efeitos da covid-19 na saúde de jovens e criana§as de 5 a 17 anos éum dos objetivos do estudo Jovens na Pandemia, liderado pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Cla­nicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Ao longo de 12 meses, os pesquisadores querem caracterizar emoções e comportamentos desse paºblico no contexto da doença que, atéo fechamento desta reportagem, já tinha em torno de 466 mil mortes e quase 9 milhões de casos no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os questiona¡rios foram disponibilizados no dia 17 de junho e, uma semana depois, já contava com 1.054 inscritos. “O ideal éque a amostra seja maior e mais ampla possí­vel e que alcance diferentes extratos socioecona´micos”, diz Guilherme V. Polanczyk, professor associado da disciplina de Psiquiatria da Infa¢ncia e Adolescaªncia do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.

"Quanto mais pessoas, mais dados teremos para trabalhar”.


Para participar, não énecessa¡rio ter um quadro de ansiedade ou depressão em curso. O questiona¡rio inicial serárespondido pelos pais. Depois de analisados, todos os voluntários recebera£o um retorno sobre o seu estado de saúde. “Aqueles que precisarem, sera£o encaminhados para psicoterapia no IPq”, explica Polanczyk.

Saúde mental

O estresse emocional éum dos mais importantes fatores de risco prevena­veis para transtornos mentais. Em um artigo publicado em maio no Jornal da USP, Polanczyk deu um panorama sobre como uma pandemia pode afetar os jovens. “Todas as criana§as e adolescentes neste momento se deparam com situações que geram sofrimento. A limitação de não poder ir e vir, a restrição de Espaço, não poder encontrar ou abraçar seus ava³s, não poder encontrar seus amigos, ter festa, viagens e campeonatos cancelados, o medo de ser infectado ou de ter seus familiares infectados, a interrupção do ensino presencial, a percepção que seus pais estãoansiosos, preocupados, irritados, as brigas, são todas as situações que geram estresse nesse momento.”

O psiquiatra afirma que os sentimentos foram mudando ao longo dos dias, desde que a OMS declarou a pandemia de covid-19 em 11 de mara§o deste ano. Segundo ele, as reações foram mais intensas no ina­cio. Depois, houve o período de adaptação a  nova realidade e, essa fase, que éa que estamos vivendo agora, deixou as pessoas mais cansadas. “Nãosaber o que vai acontecer gera muita ansiedade”, explica o psiquiatra. Os grupos de criana§as com vulnerabilidade prévia osaquelas que já apresentam transtornos mentais, vivem na pobreza e em situações preca¡rias de moradia ospodem sentir com mais intensidade os efeitos do isolamento social.

Por isso, os pesquisadores acham importante haver uma intervenção médica e psicotera¡pica a partir dos 5 anos.

"Nessa idade, a criana§a já tem uma compreensão maior do que estãoacontecendo, entende os riscos e  sabe que a doença pode atingir pessoas próximas”


Transtornos mentais em adultos comea§am na infa¢ncia em 75% dos casos
Durante o estudo, os pais sera£o orientados a reconhecer os sinais de estresse dos filhos, processa¡-los e passar para eles respostas que gerem segurança, acolhimento e aprendizado, por exemplo. Sintomas como ansiedade, estresse, irritabilidade, tristeza, insa´nia, além de agitação e desesperana§a, servem de alerta.“Boa parte dos transtornos que acompanham os adultos comea§a na infa¢ncia”, explica Polanczyk . “Mas se os adultos também necessitarem de ajuda, sera£o encaminhados para tratamento.”

Recentemente, os coordenadores da pesquisa enviaram a  Fundação de Amparo a  Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp) um projeto de teleatendimento para as criana§as e aguardam um retorno da entidade. 

Como participar

Os interessados devera£o preencher o formula¡rio no site da pesquisa e responder o primeiro questiona¡rio, que dura aproximadamente 20 minutos para ser preenchido. Os demais demandara£o um tempo menor, em torno de 5 minutos. Além disso, as criana§as sera£o convidadas a participar de um jogo via internet que avalia a flexibilidade do pensamento delas.

Apa³s preencher os dados, os pais ou responsa¡veis recebera£o por e-mail informações sobre os comportamentos do filho comparados aos padraµes na população. Essas informações sera£o exclusivas aos pais. Já os dados do grupo de criana§as e adolescentes que respondeu a  pesquisa sera£o divulgados, sem a identificação de qualquer participante.

 

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