Saúde

Epidural da natureza: variante genanãtica pode explicar por que algumas mulheres não precisam de ala­vio da dor durante o parto
Em um estudo publicado nesta tera§a-feira, 21, na revista Cell Reports, os pesquisadores explicam como a variante limita a capacidade das células nervosas de enviar sinais de dor ao cérebro.
Por Craig Brierley - 22/07/2020


Ma£e e bebaª recanãm-nascido
Crédito: u_njsabyvh

Mulheres que não precisam de ala­vio da dor durante o parto podem ser portadoras de uma variante genanãtica chave que age de forma peridural natural, afirmam cientistas da Universidade de Cambridge. Em um estudo publicado nesta tera§a-feira, 21, na revista Cell Reports, os pesquisadores explicam como a variante limita a capacidade das células nervosas de enviar sinais de dor ao cérebro.

"Essa [variante] age como uma epidural natural. Isso significa que épreciso um sinal muito maior - em outras palavras, contrações mais fortes durante o parto - para liga¡-lo. Isso torna menos prova¡vel que os sinais de dor possam atingir o cérebro"

Ewan St. John Smith

O parto éamplamente reconhecido como uma experiência dolorosa. Contudo, a experiência de parto e nascimento de cada mulher éúnica, e onívelde desconforto e dor experimentados durante o parto varia substancialmente entre as mulheres.

Uma colaboração entre médicos e cientistas do Hospital Addenbrooke, parte do NHS Foundation Trust (CUH) e da Universidade de Cambridge, procurou investigar por que algumas ma£es relatam menos dor durante o trabalho de parto.

Um grupo de mulheres foi recrutado e caracterizado pela equipe liderada pelo Dr. Michael Lee, da Divisão de Anestesia da Universidade. Todas as mulheres tiveram o primeiro filho a termo e não solicitaram nenhum ala­vio da dor durante um parto vaginal sem complicações. Lee e seus colegas realizaram vários testes com as mulheres, incluindo aplicar calor e pressão nos braa§os e fazaª-las mergulhar as ma£os na águagelada.

Comparado a um grupo controle de mulheres que tiveram partos semelhantes, mas receberam ala­vio da dor, o grupo teste apresentou limiares de dor mais altos para pressão de calor, frio e meca¢nica, consistentes com o fato de não solicitarem ala­vio da dor durante o parto. Os pesquisadores não encontraram diferenças nas habilidades emocionais e cognitivas dos dois grupos, sugerindo uma diferença intra­nseca na capacidade de detectar dor.

"a‰ incomum que as mulheres não solicitem gás e ar, ou epidural para ala­vio da dor durante o parto, principalmente durante o parto pela primeira vez", disse Lee, coautora. "Quando testamos essas mulheres, ficou claro que o limiar de dor era geralmente muito maior do que em outras mulheres". 

Em seguida, o coautor saªnior, Professor Geoff Woods, e seus colegas do Instituto de Pesquisa Manãdica de Cambridge sequenciaram o ca³digo genanãtico de ambos os grupos de mulheres e descobriram que os participantes do grupo de teste tinham uma prevalaªncia maior do que o esperado de uma variante rara. do gene KCNG4. Estima-se que uma aproximadamente 1 em 100 mulheres possua essa variante.

O KCNG4 fornece o ca³digo para a produção de uma protea­na que faz parte de um 'portão', controlando o sinal elanãtrico que flui ao longo de nossas células nervosas. Como o Dr. Van Lu, primeiro autor conjunto, mostrou, a sensibilidade desse porteiro a sinais elanãtricos que tinham a capacidade de abrir o portão e ativar os nervos foi reduzida pela variante rara.

Isso foi confirmado em um estudo envolvendo camundongos liderados pelo Dr. Ewan St. John Smith, do Departamento de Farmacologia, que mostrou que o limiar no qual os portaµes "defeituosos" se abrem e, portanto, a canãlula nervosa liga-se émaior - o que pode explicar por que as mulheres com essa variante rara de genes experimentam menos dor durante o parto.

O Dr. St. John Smith, coautor saªnior, explicou: “A variante genanãtica que encontramos em mulheres que sentem menos dor durante o parto leva a um 'defeito' na formação do interruptor nas células nervosas. De fato, esse defeito age como uma epidural natural. Isso significa que épreciso um sinal muito maior - em outras palavras, contrações mais fortes durante o parto - para liga¡-lo. Isso torna menos prova¡vel que os sinais de dor possam atingir o cérebro. ”

"Nãoapenas identificamos uma variante genanãtica em um novo ator subjacente a diferentes sensibilidades a  dor", acrescentou o coautor saªnior Professor Frank Reimann, "mas esperamos que isso possa abrir caminhos para o desenvolvimento de novos medicamentos para controlar a dor".

"Essa abordagem de estudar indivíduos que mostram extremos inesperados da experiência da dor também pode encontrar uma aplicação mais ampla em outros contextos, ajudando-nos a entender como experimentamos a dor e desenvolvemos novos medicamentos para trata¡-la", disse o professor David Menon, co-autor saªnior.

A pesquisa foi apoiada pelo Charitable Trust de Addenbrooke, pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde, Centro de Pesquisa Biomédica de Cambridge, Wellcome, Rosetrees Trust e pelo BBSRC.

 

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