Saúde

Casos do Brasil lana§am mais luz sobre o risco de reinfecção de COVID-19
Os pesquisadores acreditam que a reinfeca§a£o com SARS-CoV-2 pode ser mais comum do que se pensava, após uma análise de pessoas que contraa­ram COVID-19 duas vezes.
Por Ryan O'Hare - 12/03/2021


Casos em profissionais de saúde mostram reinfecções 'podem não ser tão incomum quanto se pensava '

Os resultados vão de uma análise de 33 casos de COVID-19 recorrente no Brasil, que eram principalmente mulheres trabalhadoras de saúde. A recorraªncia foi frequentemente mais grave em comparação com a infecção inicial com o va­rus SARS-CoV-2 e resultou em uma morte.

A análise, conduzida pela Universidade de Sergipe no Brasil e Imperial College London, demonstra que a imunidade adquirida naturalmente ao SARS-CoV-2 não garante necessariamente proteção contra a contratação do COVID-19 novamente.

"Pessoas que produzem uma resposta fraca de anticorpos contra SARS-CoV-2 podem ter maior probabilidade de serem infectadas novamente pelo va­rus no futuro"

Professor Danny Altmann
Departamento de Inflamação e Imunologia

De acordo com os pesquisadores, sua sanãrie de casos - publicada recentemente no Journal of Infection e considerada a maior estudada atéhoje - indica que a reinfecção pode ser mais comum do que o estimado anteriormente, e potencialmente tão alto quanto 7% em alguns grupos.

Os autores alertam contra a complacaªncia em torno dos na­veis assumidos de proteção contra a imunidade adquirida naturalmente e destacam a necessidade de monitoramento imunológico conta­nuo da população, especificamente entre aqueles com maior probabilidade de entrar em contato com o va­rus.

O professor Danny Altmann , do Departamento de Imunologia e Inflamação do Imperial College London, disse: "A partir desta sanãrie de casos, mostramos uma proporção pequena, mas significativa de profissionais de saúde que tiveram infecção por COVID-19 confirmada por PCR em duas ocasiaµes distintas, e que o a recorraªncia da infecção tendeu a ser mais grave, com uma fatalidade.

“Acreditamos que esta seja a maior sanãrie de casos atéo momento e fornece algumas evidaªncias para sugerir que as pessoas que produzem uma resposta fraca de anticorpos contra o SARS-CoV-2 podem ter maior probabilidade de serem infectadas novamente pelo va­rus no futuro.

“Nossas descobertas podem ser importantes ao considerar os limites de imunidade do rebanho e os na­veis de proteção adquirida naturalmente contra o va­rus. Tambanãm sugere que precisamos de amostragem conta­nua e monitoramento imunológico entre os grupos de risco, como profissionais de saúde da linha de frente. ”

Casos de reinfecções

Acompanhando os casos notificados pelo Centro de Saúde da Universidade Federal de Sergipe, no Brasil, os autores identificaram 33 casos que notificaram uma segunda infecção por SARS-CoV-2 confirmada por PCR, após um período sem doença após a primeira infecção. Entre aqueles com infecção recorrente, a maioria eram profissionais de saúde (30), do sexo feminino (27), e tiveram um período manãdio sem doença entre a primeira e a segunda infecção de 51 dias.

Houve também alguma evidência de ligações biológicas subjacentes, com 42% (14) dos casos recorrentes com tipo de sangue A +. Além disso, a análise de anticorpos contra SARS-CoV-2 em mais da metade dos 33 casos (17) mostrou uma resposta de anticorpos mais baixa após a primeira infecção em comparação com o grupo controle (31 de 62 casos). A gravidade do segundo episãodio de COVID-19 foi associada a condições de saúde pré-existentes, incluindo obesidade, hipertensão, diabetes e asma.

Os pesquisadores destacam uma sanãrie de limitações em sua análise, com um teste PCR negativo entre a primeira e a segunda infecção dispona­vel apenas para dois dos 33 casos. Sequaªncias gena´micas de swabs foram adquiridas de apenas um caso, mas mostraram sequaªncias virais diferentes entre a primeira e a segunda infecção.

Infecção 'recorrente'

O professor Altmann explicou: “Tivemos o cuidado de chamar esses casos de 'recorrentes', em vez de 'reinfecção', pois não podemos descartar totalmente a persistaªncia do reservata³rio de va­rus. No entanto, sabemos que essas pessoas tiveram uma infecção inicial por COVID-19 confirmada, se recuperaram e voltaram ao trabalho por um período, antes de terem uma segunda infecção por COVID-19 confirmada, e que pelo menos dois dos casos tiveram um resultado de PCR negativo nesse a­nterim .

“Vimos em toda a pandemia COVID-19 o quanto difa­cil pode ser logisticamente adquirir diagnósticos como testes de PCR e sequenciamento gena´mico, ou arquivar swabs para análise futura, durante o pico de demanda de um surto. a‰ impossí­vel ter certeza absoluta de que nenhum desses profissionais de saúde se recuperou, voltou ao trabalho e sofreu algum tipo de recorraªncia grave, mas certamente isso não émenos inquietante.

“Mas continuamos confiantes de que esta sanãrie de casos destaca uma descoberta significativa - que a reinfecção pode não ser tão incomum quanto se pensava anteriormente. Isso deve ser levado em consideração ao fazer qualquer suposição sobre os na­veis de proteção da população contra SARS-CoV-2 de infecção adquirida naturalmente. ”

 

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