Pesquisadores do Instituto Francis Crick identificaram uma proteana que ajuda os tumores a escapar do sistema imunológico e, em certos tipos de ca¢ncer, estãoassociada a uma menor chance de sobrevivaªncia.
As células dendraticas são gla³bulos brancos cujo nome vem de sua forma de a¡rvore. Crédito: The Francis Crick Institute
Pesquisadores do Instituto Francis Crick identificaram uma proteana que ajuda os tumores a escapar do sistema imunológico e, em certos tipos de ca¢ncer, estãoassociada a uma menor chance de sobrevivaªncia. A proteana pode se tornar um alvo para futuros tratamentos de ca¢ncer.
Uma parte crucial da resposta do sistema imunológico ao câncer éum grupo de células brancas do sangue, chamadas células T CD8 +, que matam as células tumorais. Antes de lana§ar sua resposta antitumoral, essas células devem ser informadas sobre quem devem atacar por outra canãlula imunola³gica, chamada canãlula dendratica.
Em seu estudo, publicado na Cell hoje (2 de junho), os cientistas identificaram uma proteana que estãopresente no plasma sanguaneo e também ésecretada por células cancerosas, a gelsolina secretada, que interfere nesse processo de retransmissão ao bloquear um receptor dentro das células dendraticas . Sem nenhuma instrução transmitida a s células T, os tumores evitam sua resposta assassina.
A equipe analisou dados clínicos e amostras de pacientes com câncer com 10 tipos diferentes da doença e descobriu que indivíduos com câncer de fagado, cabea§a e pescoa§o e esta´mago, que apresentam naveis mais baixos dessa proteana em seus tumores, tinham maiores chances de sobrevivaªncia.
Eles também descobriram que o bloqueio da ação dessa proteana em camundongos com câncer aumentou sua resposta a tratamentos, incluindo inibidores de checkpoint, uma importante imunoterapia.
Caetano Reis e Sousa, autor e lider do grupo do Laborata³rio de Imunobiologia de Crick, afirma: “A interação entre as células tumorais, o ambiente circundante e o sistema imunológico éum quadro complexo. E embora as imunoterapias tenham revolucionado a forma como certos ca¢nceres são tratados, ainda hámuito o que entender sobre quem tem maior probabilidade de se beneficiar.
"a‰ emocionante encontrar um mecanismo atéentão desconhecido de como nosso corpo reconhece e combate os tumores. Isso abre novos caminhos para o desenvolvimento de drogas que aumentam o número de pacientes com diferentes tipos de câncer que podem se beneficiar de imunoterapias inovadoras."
Este trabalho baseia-se na pesquisa da equipe em biologia celular dendratica. Essas células absorvem resíduos de células cancerosas mortas e os mantem internamente em bolsas chamadas fagossomas. A ligação a uma proteana nos detritos, F-actina, faz com que esses bolsos estourem, liberando os detritos na canãlula onde podem ser processados ​​e movidos para asuperfÍcie para sinalizar a presença de um tumor para as células T próximas.
Quando os pesquisadores examinaram a atividade da gelsolina secretada, eles descobriram que a proteana supera um receptor de canãlula dendratica chave, bloqueando sua capacidade de se ligar a F-actina e, portanto, a capacidade das células dendraticas de iniciar uma resposta de canãlula T.
"As células dendraticas desempenham um papel vital no sistema imunológico e na resposta do nosso corpo ao câncer ", diz Evangelos Giampazolias, autor e pa³s-doutorado no Laborata³rio de Imunobiologia em Crick. "Entender esse processo com mais detalhes nos permitira¡ identificar como os ca¢nceres são capazes de se esconder e como podemos remover seu disfarce."
Oliver Schulz, autor e cientista pesquisador do Laborata³rio de Imunobiologia de Crick diz: "Embora a gelsolina secretada circule no plasma sanguaneo sauda¡vel , algumas células cancerosas secretam naveis realmente altos dela - então esses tumores estãolana§ando uma defesa anti-imune que ajuda eles evitam células T assassinas.
"Reduzir os naveis desta proteana ajudara¡ a aliviar a competição pela ligação a F-actina e permitira¡ que as células dendraticas comuniquem sua mensagem vital."
Os pesquisadores va£o dar continuidade a esse trabalho, tentando desenvolver uma potencial terapia que tenha como alvo a gelsolina secretada no tumor sem afetar a atividade dessa proteana em outras partes do corpo.