Saúde

Brasil ultrapassa meio milha£o de mortes de COVID
O Ministanãrio da Saúde relatou 500.800 mortes, incluindo 2.301 nas últimas 24 horas, um número que muitos especialistas dizem subestimar o número real da crise de saúde
Por Medicalxpress - 19/06/2021


Pixabay

O Brasil se tornou no sa¡bado o segundopaís depois dos Estados Unidos a ultrapassar 500.000 mortes de COVID-19 enquanto o gigante sul-americano luta com uma terceira onda da pandemia.

“500.000 vidas perdidas devido a  pandemia que atinge o nosso Brasil e o mundo”, tuitou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

O Ministanãrio da Saúde relatou 500.800 mortes, incluindo 2.301 nas últimas 24 horas, um número que muitos especialistas dizem subestimar o número real da crise de saúde.

Nesta semana, o número manãdio de mortes dia¡rias ultrapassou 2.000 pela primeira vez desde 10 de maio.

“A terceira onda estãochegando, já háuma mudança nas curvas de caso e morte”, disse a  AFP Ethel Maciel, epidemiologista da Universidade do Espa­rito Santo.

“Nossa vacinação (programa), que pode fazer a diferença, élenta e não hásinais de medidas restritivas, muito pelo contra¡rio”.

Nas grandes cidades , a vida parece quase normal com restaurantes, bares e lojas abertos e muitas pessoas nas ruas sem máscaras .

No entanto, a situação écra­tica em 19 dos 27 estados brasileiros, com mais de 80% de ocupação em leitos de terapia intensiva - em nove desses estados émais de 90%.

'Maratonista'

A "segunda onda", de janeiro a abril deste ano, foi particularmente mortal.

O número de mortes aumentou exponencialmente com a chegada da variante do Gamma va­rus que se originou em Manaus, no norte do Brasil.

Gradualmente começou a cair em maio graças em parte ao fechamento de empresas quando a pandemia estava no auge.

Mas muitos epidemiologistas acreditam que as restrições de bloqueio foram suspensas cedo demais, em um momento em que as mortes dia¡rias ainda estavam em torno da marca de 2.000.

Ao contra¡rio do que se tem visto na Europa, não houve nenhum vale real entre as diferentes ondas do Brasil.

“Nãosei se éuma terceira onda ... parece que não saa­mos da primeira”, disse Alexandre da Silva, especialista em saúde pública da Universidade de Sa£o Paulo.

"Parece que a pandemia agora se transformou em um corredor de maratona que estãocontrolando sua corrida. Nãoéum velocista que da¡ sua corrida, mas depois perde força."
 
O Brasil recebeu recentemente vários lotes de vacinas, incluindo da gigante farmacaªutica norte-americana Pfizer, mas opaís são conseguiu vacinar totalmente 11% da população, com 29% recebendo uma dose.

A campanha de vacinação começou no final de meados de janeiro, usando os jabs AstraZeneca e Coronavac.

O presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, que antes atacava as vacinas, prometeu imunizar toda a população atéo final do ano - algo que os especialistas consideram improva¡vel.

Bolsonaro foi criticado por minimizar a pandemia desde o ina­cio, opondo-se a medidas de bloqueio e bloqueando tratamentos médicos não comprovados para COVID. No sa¡bado, milhares de brasileiros voltaram a s ruas em protesto contra ele.

Em coma­cios no Rio de Janeiro, Brasa­lia e outros lugares, as pessoas carregavam faixas com slogans como "Bolsonaro deve ir" ou simplesmente "500.000".

“Sua posição sobre COVID e sua negação são absurdas. Ele abandonou a realidade e o bom senso. Nãoháexplicação para isso, ésurreal”, disse Robert Almeida, fota³grafo de 50 anos em marcha no Rio.

“500 mil mortes por uma doença para a qual já existe vacina, em umpaís que élider mundial em vacinação. Existe uma palavra para isso: genoca­dio”, tuitou o ex-presidente esquerdista Luiz Ina¡cio Lula da Silva. “Solidariedade com o povo do Brasil”.

Copa COVID

Foi ainda mais surpreendente, então, que o Brasil concordou na 11ª hora em receber a Copa Amanãrica de futebol, vendo estrelas globais como o argentino Lionel Messi, Luis Suarez do Uruguai e o pra³prio Neymar dos anfitriaµes chegarem de seus clubes europeus.

As partidas estãosendo disputadas a portas fechadas, mas Bolsonaro foi criticado por dar sua baªnção para sediar o torneio em meio a uma pandemia, quando Argentina e Cola´mbia tiveram de se retirar.

Muitos brasileiros expressaram sua oposição ao torneio.

Além do torneio de futebol, Maciel diz que a gestãogovernamental da pandemia éresponsável por milhares de mortes extras.

“Se tivanãssemos agido de forma diferente e coordenada, dando informações concretas a  população sobre as medidas de saúde pública ... nada disso teria acontecido”, disse ela.

Ela acusou o governo de "confundir o povo" ao desaconselhar as medidas de saúde apoiadas pela ciaªncia, como o distanciamento social e o uso de máscaras faciais.

Bolsonaro não mostra sinais de mudança de rumo, poranãm, e na semana passada anunciou que pediria ao ministro da Saúde para suspender a exigaªncia de uso de máscaras ao ar livre.

Ele já foi atingido com várias multas pelas autoridades locais por realizar coma­cios sem usar ma¡scara.

E Bolsonaro também estãosendo investigado pelo Senado por causa de sua gestãocaa³tica de pandemia.

 

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