Saúde

Protea­na do sistema imune pode proteger desenvolvimento do diabete tipo 1, aponta estudo
Artigo publicado na revista cienta­fica “Cell Reports” comprovou, pela primeira vez, a associaa§a£o de mecanismos da resposta imune com a suscetibilidade ao diabete
Por Giovanna Grepi - 15/07/2021

 
O diabetes mellitus tipo 1 éuma doença autoimune, ou seja, o corpo monta uma resposta imune, processo de defesa feito pelo sistema imunológico que destra³i as próprias células do organismo por achar que são invasores prejudiciais, como va­rus e bactanãrias. Sendo assim, as células pancrea¡ticas são destrua­das, impedindo que a pessoa produza a insulina, horma´nio que controla onívelde glicose no sangue, fazendo com que tais indivíduos necessitem de doses dia¡rias de insulina pelo resto da vida.

Os achados podem contribuir futuramente para o desenvolvimento de medicamentos
para frear o diabete tipo 1, que corresponde a 10% de todos
os casos de diabete osFoto: Freepik

Cientistas já haviam identificado que mutações genanãticas na protea­na NLRP1, que éum receptor do sistema imune, influencia uma defesa desordenada que provoca esse tipo de diabete. Recentemente, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (FMRP) da USP identificaram, pela primeira vez, que essa influaªncia acontece porque as mutações genanãticas da NLRP1 diminuem a produção de interleucina-17, protea­na envolvida na resposta imune e que éaltamente presente no sangue de diabanãticos.

O estudo, que acaba de ser publicado pela revista internacional Cell Reports, foi realizado de forma translacional. Ou seja, contou com a testagem da hipa³tese em modelos experimentais com camundongos e foi validado em pacientes humanos diabanãticos.

A investigação inicial foi feita com animais separados em dois grupos: camundongos normais e aqueles que não conseguem produzir a NLRP1. Ambos os grupos foram injetados com uma droga para induzir o diabete tipo 1. Já os pacientes humanos eram diabanãticos e também foram divididos em dois grupos: com mutações genanãticas na NLRP1 e aqueles que não tinham essas mutações.

Em camundongos, foi observado que, na ausaªncia de NLRP1, houve um aumento significativo na produção de interleucina-17, provocando maior incidaªncia da doença no comparativo com os animais normais que conseguem produzir a protea­na. Os achados confirmam o papel prejudicial da interleucina-17 no desenvolvimento do diabete tipo 1, além de indicar um possí­vel papel protetor da NLRP1, impedindo a produção da interleucina-17.

Já em humanos, “colhemos e analisamos amostras de sangue por diversas técnicas. Observamos que pacientes com polimorfismo na NLRP1 tornaram essa protea­na superexpressa e, consequentemente, apresentavam menores na­veis de interleucina-17 no sangue. Dessa forma, confirmamos a nossa hipa³tese de que tal receptor éimportante para frear a produção da interleucina-17”, conta Frederico Ribeiro Campos Costa, que édoutor em Imunologia Ba¡sica e Aplicada pela FMRP e primeiro autor do artigo.

O pesquisador ainda revela que, apesar de inicial, os achados podem contribuir futuramente para o desenvolvimento de medicamentos para frear o desenvolvimento do diabete tipo 1, que corresponde a 10% de todos os casos de diabete.

O estudo foi coordenado pela professora Daniela Carlos Sartori e contou com a coautoria dos professores Joa£o Santana da Silva, Rita Tostes e Maria Cristina Foss-Freitas e os pesquisadores Jefferson A. Leite, Diane M. Rassi, Josiane F. da Silva e Jefferson Elias-Oliveira e Jhefferson B. Guimara£es, todos da FMRP. Além das pesquisadoras Niels Ca¢mara, da Universidade Federal de Sa£o Paulo (Unifesp), e Alessandra Pontillo, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

Mais informações: e-mail fredrbcc@gmail.com com o pesquisador Costa

 

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