Talento

Projeto de um aluno da USP propaµe adaptação de a´nibus para uso cla­nico de unidades ma³veis de saúde
Depois de prontas, as unidades podem atender usuários que deixaram de ir aos hospitais na quarentena por temerem contaminação com o coronava­rus
Por Ivanir Ferreira - 07/05/2020


Prota³tipo do projeto O-SI osa”nibus de saúde imediata. Propaµe atendimento de
pessoas que por insegurança deixaram de ir aos hospitais desde que foi
decretada quarentena, em 23 de mara§o, por temerem ser
contaminadas com o novo coronava­rus –
Imagem: Pesquisa/FAU-USP

Projeto de um aluno da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP sugere um novo espaço ma³vel de unidade ba¡sica de saúde, voltado a  população. A proposta prevaª a reutilização de a´nibus que foram retirados recentemente de circulação da regia£o metropolitana de Sa£o Paulo e a adaptação de seus Espaços internos para uso cla­nico. A ideia atende a uma demanda emergencial decorrente da atual pandemia, quando as pessoas estãoevitando ir aos hospitais, a s Unidades Ba¡sicas de Saúde (UBSs) e a s Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para evitarem uma possí­vel contaminação pelo novo coronava­rus. Pesquisa de amostragem para desenvolvimento do projeto identificou que 83% das pessoas deixaram de procurar assistaªncia médica desde o ini­cio da quarentena, em 23 de mara§o.

Andre Enrico Cassettari Zanolla, do quinto ano de Arquitetura da FAU e coordenador do projeto, tem expectativa de que as primeiras unidades entrem em operação, no ma¡ximo, em 40 dias, uma vez que a proposta já foi encaminhada a  Prefeitura de Sa£o Paulo para análise. O projeto também estãona Ca¢mara Municipal para discussão e viabilidade de implantação das unidades com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Secretaria Municipal de Transportes (SMT).

Quanto ao custeio da adaptação dos Espaços internos dos a´nibus, que devera¡ ficar em torno de 150 mil reais cada ma³dulo, o estudante de arquitetura estãoapostando em parcerias públicas e/ou privadas de financiamentos. Podera¡ vir da própria prefeitura ou de bancos e empresas. Zanolla submeteu o projeto ao grupo Todos pela Saúde, formado por bancos privados que criaram um fundo de combate ao coronava­rus. Atéo fechamento desta matéria, ele ainda não tinha obtido resposta.

O passo seguinte seria a alocação de profissionais da saúde para atender no O-SI osa”nibus de saúde imediata, que ficaria estacionado por tempo determinado em lugares como no Servia§o Social do Comanãrcio (Sesc), Centros Educacionais Unificados (CEUs) e Escolas Estaduais de Educação Infantil (EMEIs). A consultoria médica do projeto foi feita pelo médico Sun Rei Lin, do Hospital Sa£o Paulo e da Universidade Federal de Sa£o Paulo (Unifesp).

Embora adapta¡vel a qualquer a´nibus urbano, o melhor éo modelo Padron de 13 metros de comprimento, contendo quatro portas, o que permite que o acesso das pessoas ao vea­culo ocorra de forma separada. De um lado, entrada de pacientes e médicos; e do outro, a circulação de insumos e parte técnica. A divisão interna seráfeita em três partes: a traseira abrigara¡ a área técnica, destinada a estocagem de insumos, central de energia e gases e impressora 3D, em alguns casos; já a parte central, com 20 metros quadrados (m2), correspondera¡ a  área cla­nica para atendimento médico; e a frente, isolamento do motorista.

Agendamento remoto de consulta

Paralelo a  implantação do projeto, o estudante trabalha no desenvolvimento de um aplicativo para celular para agendamento remoto de consultas nessas unidades ma³veis e, assim, evitar aglomerações desnecessa¡rias no local. Cada a´nibus tera¡ a capacidade de atender atétrês pessoas por vez, realizando avaliação de triagem e atendimento de baixa complexidade.

Zanolla explica que a ideia da unidade ma³vel de saúde foi desenvolvida a partir do resultado de uma pesquisa de amostragem que fez com mais de 200 pessoas dentro e fora da USP. Pelos retornos das respostas, identificou que um dos efeitos indiretos decorrentes da atual pandemia era a diminuição das idas a hospitais e UPAs por parte da população, o que, a seu ver, poderia acarretar eventuais complicações a  saúde dessas pessoas. Dos entrevistados, quase 95% responderam que acreditam que seus familiares e amigos deixariam de ir a hospitais tratar problemas de saúde considerados leves, por temer serem infectados pelo coronava­rus; e outros 83% responderam não ter ido a um hospital (paºblico ou privado), posto de saúde, UBS ou UPA desde o ini­cio da quarentena, em 23 de mara§o.

O O-SI osa”nibus de saúde imediata podera¡ aliviar o sistema de saúde em tempos de pandemia, poranãm, o aluno da FAU acredita que, depois que a crise passar, poderia permanecer como mais um legado deixado a  população. Além de Andre Enrico Cassettari Zanolla, participaram do grupo de trabalho o escrita³rio de arquitetura @Democratic_Architects, que deu origem ao projeto, Anta´nio Roberto Zanolla, ex-aluno da FAU, e Rennan Carlos, da Universidade Anhembi Morumbi. O Democratic Architects éum escrita³rio de pesquisa e desenvolvimento de projetos arquiteta´nicos criado para produzir projetos de cunho social, formado por uma equipe multidisciplinar.

 

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