Talento

Estudantes de química se tornam youtubers para divulgar ciaªncia
Como parte das atividades acadaªmicas do curso da USP, em Sa£o Carlos, eles criaram va­deos para explicar como as vacinas são produzidas
Por Henrique Fontes - 21/07/2020


Explicar processo de produção de vacinas foi desafio de atividade voltada para divulgação cienta­fica osFoto: Reprodução/IQSC

A divulgação cienta­fica nunca esteve tão presente como nos dias de hoje. Basta ligar a televisão, comprar um jornal ou navegar pelos mais diversos portais de nota­cias que não serádifa­cil encontrar alguma informação sobre pesquisas em desenvolvimento. Para estimular o ha¡bito de divulgar temas cienta­ficos relevantes a  sociedade, o Instituto de Quí­mica de Sa£o Carlos (IQSC) da USP desafiou alunos que estãono primeiro ano do curso de Bacharelado em Quí­mica a criarem va­deos de atétrês minutos para explicar como as vacinas são produzidas.

“Eu escolhi falar sobre as vacinas virais, que são aquelas que utilizam o va­rus inativo ou enfraquecido em sua produção. Confesso que foi um desafio, pois nunca havia gravado um va­deo de frente para a ca¢mera, por isso tive que tentar várias vezes atédar certo. Foi um a³timo aprendizado, me fez sentir como éfeita a divulgação cienta­fica, que, alia¡s, foi um dos motivos que me trouxeram para o IQSC, essa oportunidade de falar com a comunidade”, revela JoséRoberto Neto, um dos alunos do instituto que participaram da atividade.

Segundo o estudante, além da iniciativa mostrar que a Universidade se preocupa em dar um retorno a  população, ela também foi capaz de sanar um desejo pessoal. “Sempre tive vontade de divulgar ciência e essa experiência foi muito importante para o ini­cio da minha jornada acadaªmica, ainda mais pelo momento que passamos, em que a ciência precisa ter sua devida valorização”, reitera Neto, que éintegrante do ACS USP Student Chapter, grupo de extensão do IQSC voltado para atividades de divulgação cienta­fica e reconhecido pela Sociedade Americana de Quí­mica.

A produção de vacinas que utilizam vetores virais para sua fabricação, como o adenova­rus (va­rus da gripe comum), também foi abordada na atividade. Utilizando recursos gra¡ficos para explicar o conteaºdo em forma de desenhos, a aluna Gabriela Scaglia criou um va­deo animado sobre o tema, e aproveitou para elogiar a iniciativa. “Achei bem legal essa experiência logo no começo da graduação, pois aprendemos desde cedo sobre a importa¢ncia de divulgar ciência ao invanãs de “guarda¡-la”. Além disso, a gravação dos va­deos foi importante para nos ajudar com as nossas habilidades de comunicação, essenciais para transmitir informações de maneira clara”, conta a estudante.

A atividade aplicada aos alunos foi proposta durante a disciplina Acompanhamento Profissional e Pessoal I, ministrada no primeiro semestre pelo professor Emanuel Carrilho, diretor do IQSC. O objetivo éoferecer aos estudantes do primeiro ano um acompanhamento do progresso acadêmico por meio de reuniaµes semanais, atividades coletivas e orientações que os auxiliem a encontrar o melhor caminho na carreira, transmitindo informações sobre o papel social e profissional do qua­mico.

Para elaborar os va­deos, os participantes puderam escolher qual tipo de vacina gostariam de explorar. Eram quatro opções: as Vacinas Virais, as de Vetores Virais, a Genanãtica e a Proteica. “A ideia de realizar essa atividade surgiu naturalmente. Sabemos que existe um grande distanciamento entre o que éfeito na universidade e o que a sociedade tem conhecimento, e atualmente estamos acompanhando a importa¢ncia da divulgação cienta­fica para melhorar esse cena¡rio. Como estamos no meio de uma pandemia, propus aos estudantes que se passassem por blogueiros e youtubers de ciência para falarem sobre os diversos tipos de vacina. O resultado foi muito bom, conseguimos mostrar para eles o valor da comunicação”, comemora Carrilho.

Ao todo, foram gravados sete va­deos, em diferentes formatos, desde o tradicional “olho a olho” com a ca¢mera atéa produção de montagens e desenhos animados. O trabalho dos estudantes coincide com o momento decisivo que vivemos no qual duas vacinas estrangeiras sera£o testadas e produzidas no Brasil contra a covid-19, após parcerias firmadas com instituições do exterior.

Para o diretor do IQSC, éessencial que, neste momento, todos saibam como as vacinas são feitas, de que forma elas agem no organismo, quais os custos de sua produção, as etapas que envolvem os estudos, o alto grau de dificuldade para obtaª-las etc.

Outro va­deo produzido no IQSC para informar a sociedade sobre o assunto éo do aluno Lucas Alves da Silva, que explicou como são feitas as vacinas que utilizam as protea­nas dos va­rus. O estudante conta que a atividade serviu como um grande incentivo aos jovens ingressantes do curso. “No primeiro semestre, ainda estamos um pouco perdidos, sem tanta informação sobre faculdade, pesquisa, então pudemos ter a dimensão de que a ciência vai muito além do que éfeito dentro do laboratório.”

O jovem revelou que um dos principais desafios enfrentados durante a gravação do va­deo foi a necessidade de “transformar” o vocabula¡rio tanãcnico do universo acadêmico em uma linguagem acessa­vel ao paºblico leigo. “Quando estava gravando o va­deo pensei na maneira mais adequada de falar, pois quem não éda área poderia não compreender muito bem o que éum DNA, um RNA, uma protea­na, então foi preciso explicar com cuidado. Acho que éesse o tipo de divulgação que contribuira¡ para melhorar a educação e fazer o mundo evoluir”, finaliza.

 

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