Talento

Filme produzido por ex-alunos da USP conquista praªmio no Emmy
Com tecnologia de realidade virtual, produção venceu na categoria Melhor Inovaa§a£o em Programaa§a£o Interativa
Por Marcus De Rosa - 10/10/2020


Pa´ster do filme The Line osFoto: Reprodução

O filme The Line (“A Linha”) recebeu o praªmio de Melhor Inovação em Programação Interativa na 72ª edição do Praªmio Emmy osa principal premiação na área da televisão atualmente no mundo -, realizada este ano virtualmente entre 14 a 19 de setembro.

O filme, produzido pelo estaºdio Arvore, tem direção de Ricardo Laganaro, ex-aluno do curso de Comunicação Social da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e conta com as ex-alunas do Curso Superior do Audiovisual, também da ECA, Mariana Brecht e Ba¡rbara Framil na equipe de roteiro e design narrativo. O filme teve produção executiva de Ricardo Justus e Edouard de Montmort. The Line já tinha conquistado prêmios de melhor experiência em realidade virtual no 76º Festival de Veneza e no Kaohsiung Film Festival, e recebeu oficialmente a condecoração do Emmy no dia 17 de setembro.

A história de The Line se passa em uma maquete virtual da cidade de Sa£o Paulo durante os anos 1940, na qual o protagonista, o entregador de jornais Pedro, vive sua rotina dia¡ria repetidamente, visto que tudo na maquete opera em trilhos, inclusive os personagens. Essa rotina muda quando Pedro comea§a a colher uma flor de ipaª-amarelo para entregar a  florista Rosa, por quem estãoapaixonado, mas não tem coragem de se declarar pessoalmente.

Durante o filme, o espectador deixa de apenas assistir e se torna um agente no processo da narrativa, ajudando Pedro em suas atividades e a colher as flores de que sua amada tanto gosta. Um dia, poranãm, os ipaªs da cidade acabam, e o espectador que ajudou Pedro ao longo da narrativa tem que aprender a mudar os trilhos da cidade para alterar a rotina dos personagens e ajudar Pedro a encontrar a última flor, que se encontra no topo do Pico do Jaragua¡, o ponto mais alto de Sa£o Paulo, localizado na zona oeste.

O diretor Ricardo Laganaro, que descreveu a experiência como uma “história corporificada”, explica como a narrativa se integra a  tecnologia: “Esse éo tipo de interação que são pode acontecer em realidade virtual, porque usa o espaço fa­sico e o corpo do usua¡rio, que vira uma ferramenta para contar a história. O espectador ‘entra no trilho’, como os personagens, e quando acontecem os conflitos também tem que se esforçar e aprender a se mexer diferentemente, conforme a narrativa muda. Laganaro expressa, ainda, que essa ainda éuma área que precisa ser explorada. “Por enquanto ainda temos poucas boas histórias interativas sendo contadas em realidade virtual. Vocaª tem experiências mais passivas, como va­deos 360, ou experiências sensoriais mais experimentais, que acabam sendo mais performances arta­sticas do que narrativas.”

Para assistir ao filme, épreciso utilizar a³culos e controles de realidade virtual, e o movimento dentro do espaço virtual da narrativa éessencial para a progressão da história. “Vocaª vaª uma maquete numa bancada, e o filme acontece nesse espaço fa­sico. Isso permite que vocêinteraja no espaço virtual se movimentando no mundo real, e a experiência leva em conta todas essas questões de ergonomia e Espaço. Em um momento, os personagens caem para debaixo da bancada, e vocêtem que se abaixar para encontra¡-los la¡â€, conta Laganaro.

Para o diretor, o que fez The Line levar o praªmio foi “essa coesão entre interatividade e história atravanãs do corpo do usua¡rio”, conta. “Essa foi a grande inovação, além de ser acessa­vel. Disponibilizamos o filme em plataformas de realidade virtual para todo mundo poder ver, não são quem joga videogames com esse equipamento. a‰ uma coisa que uma pessoa de 80 anos pode ver, interagir e se divertir”.

Uma produção brasileira ganhar essa premiação no Emmy tem grande importa¢ncia para Laganaro, que sugere que o Brasil pode assumir a dianteira na produção do gaªnero. “A visão de que a realidade virtual éuma nova forma de arte estãosendo legitimada. Ela éuma nova forma de contar histórias, e a indústria reconheceu isso com esse praªmio. E também quer dizer que nós, do Brasil, podemos ser lideres de tecnologia e inovação de conteaºdo e entretenimento”, acredita.

“Estamos conseguindo fazer o mercado audiovisual brasileiro olhar para isso como uma nova área. Nãoéuma indústria paralela, uma moda, mas sim uma nova arte que a gente pode fazer”, diz o diretor, lembrando que essa premiação éuma oportunidade para as produções brasileiras penetrarem no mercado internacional. “a‰ muito difa­cil abrir portas no exterior. Sendo reconhecido pelo praªmio do Emmy nos Estados Unidos muda a qualidade da conversa com as plataformas. Por um lado, na indústria tradicional ainda estamos bem atrás. Ha¡ uma diferença estrutural enorme quando se fala em investimento, mas na animação nostemos muito destaque, porque ainda temos um mercado mais artesanal. Já na questãoda realidade estendida, não estamos atrás porque ninguanãm estãotão a  frente. Mas o barco estãosaindo, e não podemos deixar de acompanhar esse crescimento do mercado.”

The Line estãodispona­vel na plataforma de realidade virtual Oculus, em inglês e portuguaªs. O filme pode ser acessado neste link. a‰ necessa¡rio ter o dispositivo Oculus.

 

 

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