Talento

Anderson Brito, pa³s-doutorando brasileiro, contribui para o estudo da COVID-19
Pesquisadores de Yale, liderados por Nathan Grubaugh, professor assistente da Escola de Saúde Paºblica de Yale, desenvolveram um sistema para rastrear e sequenciar rapidamente amostras de variantes suspeitas.
Por Yale - 28/02/2021


Anderson Fernandes de Brito -  Imagem Reprodução

Um grande desafio em torno das medidas de saúde pública para enfrentar a pandemia global de COVID-19 édeterminar o ritmo de sua propagação em um determinado local. Pesquisadores de Yale, liderados por Nathan Grubaugh, professor assistente da Escola de Saúde Paºblica de Yale, desenvolveram um sistema para rastrear e sequenciar rapidamente amostras de variantes suspeitas. Agora, o laboratório Grubaugh estãotrabalhando em colaboração com os laboratórios de diagnóstico cla­nico locais e nacionais para aprimorar a vigila¢ncia da variante B.1.1.7 e outras variantes do SARS-CoV-2 que possam surgir. O responsável por analisar e cruzar as informações coletadas pela equipe do laboratório com as informações dos bancos de dados éAnderson Fernandes de Brito, pa³s-doutorando brasileiro do Grubaugh Lab.

“A partir de amostras dos va­rus, podemos fazer sequenciamento genanãtico, para encontrar e analisar mutações. Com base nessas informações, épossí­vel saber exatamente a qual cepa ele pertence e entender como a pandemia estãose espalhando aqui em Connecticut”, disse Brito. “Enviamos um relatório semanalmente ao Departamento de Saúde Paºblica de Connecticut para que eles possam entender melhor a dina¢mica da distribuição do va­rus na regia£o”, observou.

Brito cursou Ciências Biola³gicas na Universidade de Brasa­lia (UnB) e fez mestrado em Microbiologia pela Universidade de Sa£o Paulo (USP) e doutorado em Biologia Computacional no Imperial College de Londres. O pa³s-doutorado de Brito estãosendo em Yale e éfocado em epidemiologia gena´mica, que estuda o surgimento, transmissão e evolução de arbova­rus.

Brito enfatiza a importa¢ncia de ter dados epidemiola³gicos para combater o novo va­rus SARS-CoV-2, que foi detectado pela primeira vez na regia£o noroeste do Paca­fico dos Estados Unidos em janeiro de 2020, com surtos de COVID-19 subsequentes detectados em todos os 50 estados no ini­cio de mara§o.

“Fala-se muito sobre a importa¢ncia dos testes moleculares. O sequenciamento gena´mico vai além : não são identifica o que ée onde estãoo va­rus, mas também seu padrãode disseminação. Quanto mais genomas sequenciamos, mais pea§as desse quebra-cabea§a podemos montar e, com cada uma dessas pea§as, estaremos mais pra³ximos da imagem real”, disse Brito.

Para descobrir as fontes de SARS-CoV-2 e padraµes de disseminação nos Estados Unidos, o Laborata³rio Grubaugh sequenciou genomas virais de pacientes com COVID-19 relatados anteriormente em Connecticut.

Brito explicou que rastrear a propagação do va­rus ao longo do tempo e geograficamente permite que os cientistas entendam melhor como ele se espalha. Isso évital para o estabelecimento de políticas de contenção e destaca a necessidade cra­tica de vigila¢ncia local. Por exemplo, depois de acoplar dados gena´micos a padraµes de viagens domésticas e internacionais, os pesquisadores do laboratório Grubaugh, incluindo Brito, publicaram um artigo na revista Cell em abril mostrando que as primeiras cepas virais de COVID-19 em Connecticut foram provavelmente introduzidas em voos domanãsticos no ini­cio de mara§o . A análise deles localizou a maioria desses genomas com va­rus sequenciados do estado de Washington. Brito disse: “Esta evidaªncia, obtida a partir de dados gena´micos e de mobilidade, demonstrou que os voos da Europa deixaram de ser os principais fatores na propagação da pandemia nos EUA e os voos domanãsticos passaram a oferecer maiores riscos”.

O ritmo de trabalho de Brito durante a pandemia foi intenso, pois os membros de seu grupo sequenciam entre 10 e 40 genomas por semana, dependendo do número de casos relatados. Ele descreveu de perto o seu trabalho com seus colegas de laboratório para rastrear mutações COVID-19 e acompanhar sua evolução em tempo real. “Nosso grupo tem experiência tanto no sequenciamento de genomas virais quanto na análise de sua evolução por meio de ferramentas computacionais. Nossa experiência anterior, trabalhando com va­rus transmitidos por mosquitos, nos permitiu responder prontamente ao COVID-19”, disse ele.

Brito e seus colegas também trabalham em estreita colaboração com vários pesquisadores brasileiros no Brasil. Na regia£o Nordeste, háfortes colaborações com diversos grupos envolvidos com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como os grupos liderados por Federico Costa (Fiocruz Bahia) e Gabriel Wallau (Fiocruz Pernambuco). No Sudeste, háiniciativas conjuntas lideradas por Yale e pelo professor Benedito Fonseca da Universidade de Sa£o Paulo - Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (USP).

 

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