Tecnologia Científica

Testes desenvolvidos na USP tornara£o diagnóstico da covid-19 mais acessa­vel
Deteca§a£o da doença podera¡ ser feita com testes rápidos produzidos a partir de protea­nas do va­rus
Por Júlio Bernardes - 14/04/2020


Ma¡quina de PCR e kit de reagentes para diagnóstico osFoto: SPPU

Para aumentar o número de diagnósticos da covid-19 no Brasil, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP desenvolveram diferentes manãtodos, em três frentes. Um deles  permite fazer testes para identificar o va­rus em equipamentos disponí­veis na maioria dos laboratórios do Paa­s. A técnica, que utiliza reagentes produzidos no Brasil, reduzira¡ o tempo de detecção da doença para quatro horas, com a mesma eficiência do teste convencional.

Além disso, os cientistas também estãodesenvolvendo um manãtodo de teste rápido que utiliza anticorpos para identificar pessoas infectadas a partir de secreções produzidas na garganta.

Por fim, a equipe trabalha em um teste sorola³gico pelo manãtodo Elisa. A ideia ésaber quem, em tese, já foi curado e estãoimunizado. Isso podera¡ facilitar o retorno gradual da população a s atividades após o isolamento, que podera¡ ser feito após a fase mais cra­tica da pandemia.

PCR

O professor Edison Durigon, do ICB, que coordena a pesquisa, afirma que o diagnóstico da covid-19 normalmente éfeito por meio de testes moleculares, sendo que a técnica mais usada éa chamada PCR (Reação em Cadeia da Polimerase, na sigla em inglês) em tempo real. “Esse teste fornece resultados em um período de seis a oito horas, poranãm o equipamento necessa¡rio émuito caro e estãodispona­vel apenas em grandes laboratórios”, explica. “Outro problema éque os reagentes usados nos testes são todos importados, e atualmente háenormes dificuldades em adquiri-los devido a  grande demanda em todo o mundo.”

Os pesquisadores do ICB desenvolveram então um teste molecular que utiliza o manãtodo PCR cla¡ssico, mas pode ser feito em equipamentos existentes na maioria dos laboratórios clínicos e de pesquisa brasileiros. “O teste fornece resultados em quatro horas e foi padronizado para ter a mesma sensibilidade e especificidade dos diagnósticos feitos com o PCR em tempo real, empregando reagentes produzidos no Brasil”, destaca o professor. “A ideia éque mais laboratórios consigam fazer os testes, popularizando os diagnósticos.” Os testes podera£o ser adotados quando a padronização for conclua­da e publicada.

Protea­nas do va­rus

No Laborata³rio de Virologia do Departamento de Microbiologia do ICB também épesquisado um manãtodo de teste rápido para diagnosticar a covid-19, identificando a infecção pelo va­rus por meio das secreções da garganta. “Para criar esses testes, foram produzidos em laboratório diferentes fragmentos de protea­nas dasuperfÍcie do va­rus”, relata a professora Cristiane Guzzo, que participa do estudo.

“A partir dessas protea­nas, são obtidos anticorpos que va£o ser usados na montagem do teste para identificar o va­rus.” A próxima etapa do estudo éinocular as protea­nas em animais de laboratório para que possam produzir os anticorpos. A previsão dos pesquisadores éque o teste rápido esteja pronto para testes clínicos em cerca de 20 dias.

“O fundamental éque haja testes de boa qualidade disponí­veis no mercado, para que não haja problemas com o diagnóstico da covid-19”, enfatiza Durigon. A produção dos fragmentos do va­rus foi realizada no laboratório da professora Cristiane Guzzo e as protea­nas estãosendo produzidas também no laboratório do professor Chuck Farah, do Instituto de Quí­mica (IQ) da USP.

Procurando anticorpos

De acordo com Durigon, existem testes que detectam os anticorpos do va­rus Sars-CoV-2, mostrando quem já teve a doença e estãoprotegido. “Isso émuito importante, principalmente em casos de pacientes assintoma¡ticos, porque se eles possuem anticorpos não va£o pegar a doença de novo e podem retomar suas atividades normais”, aponta. “Esse tipo de teste já estãodispona­vel no mercado, sendo usado principalmente por empresas e escolas.”

Teste do tipo Elisa, sigla em inglês para Enzyme-Linked Immunosorbent Assay
Foto: Wikimedia Commons

O grupo de pesquisa do ICB trabalha na padronização de um teste sorola³gico pelo manãtodo Elisa (ensaio imunoenzima¡tico), que também utiliza equipamentos encontrados na maior parte dos laboratórios brasileiros. “Atravanãs desse manãtodo épossí­vel pesquisar anticorpos produzidos após a infecção pela covid-19 e fazer uma triagem das pessoas que já estãocuradas”, diz o professor. “Com o Elisa, o Ministanãrio da Saúde e as Secretarias estaduais e municipais de saúde podera£o identificar quem estãoimune e planejar melhor as estratanãgias para impedir a disseminação da doena§a.” Esse teste também aguarda a conclusão da padronização para ser utilizado.

 

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