Dispositivo porta¡til criado por pesquisadores brasileiros detecta o coronavarus em tempo real
Equipamento usa biossensores avana§ados com nanocompósitos de a³xido de grafeno para detectar o SARS-CoV-2. Além de ajudar no monitoramento da covid no Brasil, podera¡ ser útil em outras doena§as
Biossensor e interface de bancada que estãosendo utilizados para o desenvolvimento da plataforma GRAPH Covid-19 osFoto: Divulgação
O teste rápido éuma ferramenta fundamental no combate a pandemia provocada pelo novo coronavarus no Brasil. Para contribuir com este monitoramento, pesquisadores desenvolveram um dispositivo porta¡til capaz de detectar o SARS-CoV-2, com análises em tempo real: o GRAPH Covid-19. Com rapidez, precisão de resultados e portabilidade, o novo produto pode contribuir de modo significativo na batalha contra este varus e também no controle de outros tipos de doena§as. O dispositivo foi desenvolvido na Biosintesis, empresa de pesquisa, desenvolvimento e inovação, e residente na Incubadora USP/IPEN-Cietec.
A solução
O GRAPH Covid-19 éuma plataforma de Diagnostic On a Chip (DoC) baseada na tecnologia inovadora de biossensores avana§ados com nanocompósitos de a³xido de grafeno.
Uma das vantagens éque a plataforma de diagnóstico GRAPH usa baixo volume de amostra biológica oscomo, por exemplo, uma gota de sangue -, sendo capaz de detectar e monitorar diversas doena§as, tendo como prioridade testar a infecção por SARS-CoV-2. Além disso, o dispositivo tera¡ produção nacional, dispensando a necessidade de importação de insumos e possibilitando alta escala de produção para atender rapidamente a demanda diagnóstica em todo o Paas.
Atualmente, os testes rápidos importados são realizados por imunocromatografia, manãtodo de baixa acuracidade (exatida£o) e que traz grande preocupação com resultados falso-negativos. Por isso, a chegada de biossensores como plataforma diagnóstica no setor clanico éuma evolução tecnologiica, com grandes vantagens frente a s soluções disponaveis.
Diagrama de funcionamento do GRAPH Covid-19 osFoto: Divulgação
De acordo com Fabiana Medeiros, doutora em Biotecnologia pelo Programa de Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energanãticas e Nucleares (IPEN) da USP e sãocia-fundadora da Biosintesis, os biossensores avana§ados associados a nanocompósitos de a³xido de grafeno podem ser usados para diagnóstico em tempo real e monitoramento de diversas doena§as.
“Esta tecnologia traz benefacios significativos em relação a metodologias analaticas convencionais, tais como rapidez, alta sensibilidade e especificidade. Sua portabilidade permite diagnosticar o SARS-CoV-2 em qualquer local: postos do SUS, unidades de saúde, drive through, regiaµes remotas e aténo controle de portos e aeroportosâ€
“Os biossensores, quando aplicados em saúde, podem também detectar os diferentes tipos de biomarcadores prognósticos e diagnósticos associados ao ca¢ncer, diabete, Alzheimer, infecções virais (zika, dengue, chikungunya, etc.) e bacterianas, assim como vários tipos de técnicas de sensoriamento eletroquamico utilizadas para a detecção precoce de potenciais biomarcadores para essas doena§asâ€, explica Fabiana.
Diferenciais do equipamentoÂ
O equipamento necessita apenas de pouca quantidade de sangue para detectar e
monitorar diversas doena§as, entre elas a covid-19 osFoto: Divulgação
O GRAPH Covid-19 apresenta alguns diferenciais. a‰ o manãtodo mais rápido disponavel no mercado, com resultados em menos de um minuto; não necessita de laboratórios de biossegurança e também não precisa de ma£o de obra especializada para sua análise. Além disso, o equipamento étotalmente porta¡til e não necessita de um ponto de energia, internet ou estrutural laboratorial.
a‰ um equipamento que trara¡ muitos benefacios ao monitoramento da pandemia no Brasil, além de apresentar potencial de exportação de tecnologia para outrospaíses. A expectativa éque haja uma redução de custo em torno de 25% em comparação aos testes atuais.
De acordo com Fabiana, estãoprevistas negociações futuras com as esferas governamentais para oferecer o equipamento a hospitais e postos de saúde. “Somos uma empresa participante do movimento Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e ficamos em 7º lugar no Concurso Emergencial Covid-19 nº 002/2020 da ABDI/CNI, para a redução dos impactos da pandemia de covid-19 nas áreas de cidades, bairros e conglomerados urbanos brasileiros com população vulnera¡vel. Por esta iniciativa, e especialmente pela parceria com o IPEN, negociações com as esferas municipal, estadual e federal são um dos principais focos do projetoâ€, destaca.
O funcionamento ba¡sico do equipamento em laboratório já foi comprovado. No momento, os responsa¡veis pelo GRAPH Covid-19 estãotrabalhando na validação de diagnóstico do SARS-CoV-2. “Esperamos ter resultados mais robustos no primeiro trimestre de 2021 e, naturalmente, o SUS [Sistema ašnico de Saúde] seráo principal foco de atuação desta tecnologia.â€
Segundo Fabiana, éesperado que os biossensores custem em torno de R$ 155,00 em escala de produção. Essa produção em escala estãoprevista para acontecer a partir do registro da plataforma GRAPH na Agência Nacional de Vigila¢ncia Sanita¡ria (Anvisa). Já sobre a previsão de quando o equipamento chegara¡ ao mercado, a expectativa éque os testes sejam iniciados com os primeiros prota³tipos em laboratórios e unidades de saúde em seis meses.
Parcerias
Sob coordenação da Biosintesis, empresa residente na Incubadora USP/IPEN-Cietec, o projeto tem parceria com o Instituto de Pesquisas Energanãticas e Nucleares (IPEN), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e Ministanãrio da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Conta com a participação de uma equipe de pesquisadores multidisciplinares, composta de quatro diferentes Centros de Pesquisas:Â Biotecnologia (CEBIO), Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM), Combustavel Nuclear (CECON) e Tecnologia das Radiações (CETER).
“Com a pandemia, as empresas e o governo estãoampliando os investimentos em projetos de inovação e automação de empresas, principalmente para produção de equipamentos hospitalares que podem ser usados no combate ao novo coronavarus. O momento éoportuno para startups voltadas a saúde, como a Biosintesis, que estãotrazendo sua importante contribuição, por meio da criação deste dispositivo inovadorâ€, afirma Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec.
Com foco no desenvolvimento de soluções para apoio ao Sistema ašnico de Saúde (SUS), o IPEN/CNEN tem incentivado e apoiado vários projetos de pesquisa na prevenção e no combate a covid-19, os quais tem cara¡ter inovador e propaµem soluções criativas para o enfrentamento aos desafios desse momento de crise no Paas. “Muitas dessas pesquisas tem se revelado um sucesso, este éo caso da Biosintesis, que conta com a colaboração de pesquisadores de vários Centros de Pesquisa do IPEN, os quais, com suas expertises, tem dado grande contribuição para o sucesso do projeto. Esses recursos humanos altamente qualificados são motivo de muito orgulho para a nossa instituiçãoâ€, avalia Isolda Costa, diretora de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento do IPEN.
Sobre o BiosintesisÂ
Em operação desde 2008, o laboratório Biosintesis atua em duas frentes centrais de trabalho: pesquisa, desenvolvimento, inovação: desenvolvimento de novos materiais, engenharia de tecidos e testes/protocolos in vitro; e prestação de servia§os para P&D e registro de produtos, atendendo a cinco áreas principais: dispositivos médicos e odontola³gicos, farmacaªutica, puericultura e cosmanãticos.
Sobre o IPEN
Instituto de Pesquisas Energanãticas e Nucleares (IPEN) éuma autarquia vinculada a Secretaria de Desenvolvimento Econa´mico (SDE) do governo do Estado de Sa£o Paulo e gerida técnica e administrativamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Ministanãrio da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do governo federal.
Com destacada atuação na área nuclear, proporcionando avanços significativos no domanio de tecnologias, na produção de materiais e na prestação de servia§os de valor econa´mico e estratanãgico para o Paas, o IPEN/CNEN também éexcelaªncia na formação de recursos humanos, no a¢mbito de seu Programa de Pa³s-Graduação em Tecnologia Nuclear associado a USP.
Sobre o Cietec
O Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), fundado em abril de 1998, tem como missão incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnologiica por meio da criação, fortalecimento e a consolidação de empresas de base tecnologiica. O Cietec apoia a transformação de conhecimento em produtos e servia§os para o mercado, a inserção no ecossistema de inovação, a capacitação técnica e de comercialização, contribuindo para o aumento da competitividade no Brasil.
O Cietec éa entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnola³gica USP/IPEN, onde são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes naveis de maturidade. Nesses processos, são oferecidos servia§os de apoio para demandas nas áreas de gestãotecnologiica, empresarial e mercadola³gica, aproximação com o investimento-anjo, capital semente e venture capital, recursos de fomento paºblico, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas.