Tecnologia Científica

Dispositivo porta¡til criado por pesquisadores brasileiros detecta o coronava­rus em tempo real
Equipamento usa biossensores avana§ados com nanocompósitos de a³xido de grafeno para detectar o SARS-CoV-2. Além de ajudar no monitoramento da covid no Brasil, podera¡ ser útil em outras doena§as
Por USP/Trama - 05/11/2020


Biossensor e interface de bancada que estãosendo utilizados para o desenvolvimento da plataforma GRAPH Covid-19 osFoto: Divulgação

O teste rápido éuma ferramenta fundamental no combate a  pandemia provocada pelo novo coronava­rus no Brasil. Para contribuir com este monitoramento, pesquisadores desenvolveram um dispositivo porta¡til capaz de detectar o SARS-CoV-2, com análises em tempo real: o GRAPH Covid-19. Com rapidez, precisão de resultados e portabilidade, o novo produto pode contribuir de modo significativo na batalha contra este va­rus e também no controle de outros tipos de doena§as. O dispositivo foi desenvolvido na Biosintesis, empresa de pesquisa, desenvolvimento e inovação, e residente na Incubadora USP/IPEN-Cietec.

A solução

O GRAPH Covid-19 éuma plataforma de Diagnostic On a Chip (DoC) baseada na tecnologia inovadora de biossensores avana§ados com nanocompósitos de a³xido de grafeno.

Uma das vantagens éque a plataforma de diagnóstico GRAPH usa baixo volume de amostra biológica oscomo, por exemplo, uma gota de sangue -, sendo capaz de detectar e monitorar diversas doena§as, tendo como prioridade testar a infecção por SARS-CoV-2. Além disso, o dispositivo tera¡ produção nacional, dispensando a necessidade de importação de insumos e possibilitando alta escala de produção para atender rapidamente a  demanda diagnóstica em todo o Paa­s.

Atualmente, os testes rápidos importados são realizados por imunocromatografia, manãtodo de baixa acuracidade (exatida£o) e que traz grande preocupação com resultados falso-negativos. Por isso, a chegada de biossensores como plataforma diagnóstica no setor cla­nico éuma evolução tecnologiica, com grandes vantagens frente a s soluções dispona­veis.


Diagrama de funcionamento do GRAPH Covid-19 osFoto: Divulgação

De acordo com Fabiana Medeiros, doutora em Biotecnologia pelo Programa de Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energanãticas e Nucleares (IPEN) da USP e sãocia-fundadora da Biosintesis, os biossensores avana§ados associados a nanocompósitos de a³xido de grafeno podem ser usados para diagnóstico em tempo real e monitoramento de diversas doena§as.

“Esta tecnologia traz benefa­cios significativos em relação a metodologias anala­ticas convencionais, tais como rapidez, alta sensibilidade e especificidade. Sua portabilidade permite diagnosticar o SARS-CoV-2 em qualquer local: postos do SUS, unidades de saúde, drive through, regiaµes remotas e aténo controle de portos e aeroportos”


“Os biossensores, quando aplicados em saúde, podem também detectar os diferentes tipos de biomarcadores prognósticos e diagnósticos associados ao ca¢ncer, diabete, Alzheimer, infecções virais (zika, dengue, chikungunya, etc.) e bacterianas, assim como vários tipos de técnicas de sensoriamento eletroqua­mico utilizadas para a detecção precoce de potenciais biomarcadores para essas doena§as”, explica Fabiana.

Diferenciais do equipamento 

O equipamento necessita apenas de pouca quantidade de sangue para detectar e
monitorar diversas doena§as, entre elas a covid-19 osFoto: Divulgação

O GRAPH Covid-19 apresenta alguns diferenciais. a‰ o manãtodo mais rápido dispona­vel no mercado, com resultados em menos de um minuto; não necessita de laboratórios de biossegurança e também não precisa de ma£o de obra especializada para sua análise. Além disso, o equipamento étotalmente porta¡til e não necessita de um ponto de energia, internet ou estrutural laboratorial.

a‰ um equipamento que trara¡ muitos benefa­cios ao monitoramento da pandemia no Brasil, além de apresentar potencial de exportação de tecnologia para outrospaíses. A expectativa éque haja uma redução de custo em torno de 25% em comparação aos testes atuais.

De acordo com Fabiana, estãoprevistas negociações futuras com as esferas governamentais para oferecer o equipamento a hospitais e postos de saúde. “Somos uma empresa participante do movimento Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e ficamos em 7º lugar no Concurso Emergencial Covid-19 nº 002/2020 da ABDI/CNI, para a redução dos impactos da pandemia de covid-19 nas áreas de cidades, bairros e conglomerados urbanos brasileiros com população vulnera¡vel. Por esta iniciativa, e especialmente pela parceria com o IPEN, negociações com as esferas municipal, estadual e federal são um dos principais focos do projeto”, destaca.

O funcionamento ba¡sico do equipamento em laboratório já foi comprovado. No momento, os responsa¡veis pelo GRAPH Covid-19 estãotrabalhando na validação de diagnóstico do SARS-CoV-2. “Esperamos ter resultados mais robustos no primeiro trimestre de 2021 e, naturalmente, o SUS [Sistema ašnico de Saúde] seráo principal foco de atuação desta tecnologia.”

Segundo Fabiana, éesperado que os biossensores custem em torno de R$ 155,00 em escala de produção. Essa produção em escala estãoprevista para acontecer a partir do registro da plataforma GRAPH na Agência Nacional de Vigila¢ncia Sanita¡ria (Anvisa). Já sobre a previsão de quando o equipamento chegara¡ ao mercado, a expectativa éque os testes sejam iniciados com os primeiros prota³tipos em laboratórios e unidades de saúde em seis meses.

Parcerias

Sob coordenação da Biosintesis, empresa residente na Incubadora USP/IPEN-Cietec, o projeto tem parceria com o Instituto de Pesquisas Energanãticas e Nucleares (IPEN), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e Ministanãrio da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Conta com a participação de uma equipe de pesquisadores multidisciplinares, composta de quatro diferentes Centros de Pesquisas:  Biotecnologia (CEBIO), Ciência e Tecnologia de Materiais (CCTM), Combusta­vel Nuclear (CECON) e Tecnologia das Radiações (CETER).

“Com a pandemia, as empresas e o governo estãoampliando os investimentos em projetos de inovação e automação de empresas, principalmente para produção de equipamentos hospitalares que podem ser usados no combate ao novo coronava­rus. O momento éoportuno para startups voltadas a  saúde, como a Biosintesis, que estãotrazendo sua importante contribuição, por meio da criação deste dispositivo inovador”, afirma Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec.

Com foco no desenvolvimento de soluções para apoio ao Sistema ašnico de Saúde (SUS), o IPEN/CNEN tem incentivado e apoiado vários projetos de pesquisa na prevenção e no combate a  covid-19, os quais tem cara¡ter inovador e propaµem soluções criativas para o enfrentamento aos desafios desse momento de crise no Paa­s. “Muitas dessas pesquisas tem se revelado um sucesso, este éo caso da Biosintesis, que conta com a colaboração de pesquisadores de vários Centros de Pesquisa do IPEN, os quais, com suas expertises, tem dado grande contribuição para o sucesso do projeto. Esses recursos humanos altamente qualificados são motivo de muito orgulho para a nossa instituição”, avalia Isolda Costa, diretora de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento do IPEN.

Sobre o Biosintesis 

Em operação desde 2008, o laboratório Biosintesis atua em duas frentes centrais de trabalho: pesquisa, desenvolvimento, inovação: desenvolvimento de novos materiais, engenharia de tecidos e testes/protocolos in vitro; e prestação de servia§os para P&D e registro de produtos, atendendo a cinco áreas principais: dispositivos médicos e odontola³gicos, farmacaªutica, puericultura e cosmanãticos.

Sobre o IPEN

Instituto de Pesquisas Energanãticas e Nucleares (IPEN) éuma autarquia vinculada a  Secretaria de Desenvolvimento Econa´mico (SDE) do governo do Estado de Sa£o Paulo e gerida técnica e administrativamente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Ministanãrio da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do governo federal.

Com destacada atuação na área nuclear, proporcionando avanços significativos no doma­nio de tecnologias, na produção de materiais e na prestação de servia§os de valor econa´mico e estratanãgico para o Paa­s, o IPEN/CNEN também éexcelaªncia na formação de recursos humanos, no a¢mbito de seu Programa de Pa³s-Graduação em Tecnologia Nuclear associado a  USP.

Sobre o Cietec

O Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), fundado em abril de 1998, tem como missão incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnologiica por meio da criação, fortalecimento e a consolidação de empresas de base tecnologiica. O Cietec apoia a transformação de conhecimento em produtos e servia§os para o mercado, a inserção no ecossistema de inovação, a capacitação técnica e de comercialização, contribuindo para o aumento da competitividade no Brasil.

O Cietec éa entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnola³gica USP/IPEN, onde são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes na­veis de maturidade. Nesses processos, são oferecidos servia§os de apoio para demandas nas áreas de gestãotecnologiica, empresarial e mercadola³gica, aproximação com o investimento-anjo, capital semente e venture capital, recursos de fomento paºblico, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas.

 

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