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Remoção de carbono na floresta amaza´nica em regeneração ameaa§ada pelo clima e distúrbios humanos
As descobertas foram publicadas hoje [data] na Nature Communications e sugerem a necessidade de uma melhor protea§a£o dessas florestas se elas ajudarem a mitigar os efeitos dasmudanças climáticas.
Por Universidade de Bristol - 19/03/2021


Floresta secunda¡ria na regia£o do Tapaja³s, na Amaza´nia brasileira. Crédito: Ricardo Dalagnol

Grandes áreas de florestas que voltam a crescer na Amaza´nia para ajudar a reduzir o dia³xido de carbono na atmosfera estãosendo limitadas pelo clima e pela atividade humana.

As florestas, que crescem naturalmente em terras anteriormente desmatadas para a agricultura e agora abandonadas, estãose desenvolvendo em velocidades diferentes. Pesquisadores da Universidade de Bristol encontraram uma ligação entre o crescimento mais lento das a¡rvores e a terra previamente queimada pelo fogo.

As descobertas foram publicadas hoje [data] na Nature Communications e sugerem a necessidade de uma melhor proteção dessas florestas se elas ajudarem a mitigar os efeitos dasmudanças climáticas.

Espera-se que as florestas globais contribuam com um quarto da mitigação prometida no Acordo de Paris de 2015. Muitospaíses se comprometeram em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para restaurar e reflorestar milhões de hectares de terra para ajudar a alcana§ar as metas do Acordo de Paris. Atérecentemente, isso inclua­a o Brasil, que em 2015 prometia restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares, área aproximadamente igual a  da Inglaterra.

Parte desse reflorestamento pode ser feito por meio da regeneração natural de florestas secunda¡rias, que já ocupam cerca de 20% das terras desmatadas na Amaza´nia. Entender como a regeneração éafetada pelo meio ambiente e pelos humanos melhorara¡ as estimativas do potencial de mitigação do clima na próxima década, que as Nações Unidas denominaram "Danãcada da Restauração do Ecossistema".

Viola Heinrich, autora principal e Ph.D. estudante da Escola de Ciências Geogra¡ficas da Universidade de Bristol, disse: "Nossos resultados mostram os fortes efeitos do clima e fatores humanos na regeneração, enfatizando a necessidade de salvaguardar e expandir as áreas de floresta secunda¡ria se elas tiverem qualquer papel significativo na a luta contra as alterações climáticas. "

Anualmente, as florestas secunda¡rias tropicais, que crescem em terras usadas, podem absorver carbono até11 vezes mais rápido do que as florestas antigas. No entanto, hámuitos fatores determinantes que podem influenciar os padraµes espaciais da taxa de regeneração, como quando a terra da floresta équeimada para limpar para a agricultura ou quando o fogo em outro lugar se espalhou.

A pesquisa foi conduzida por pesquisadores da Universidade de Bristol e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e incluiu cientistas das Universidades de Cardiff e Exeter, no Reino Unido.

Resumo esquema¡tico de uma pa¡gina dos resultados do papel. Crédito: Viola Heinrich
Os cientistas usaram uma combinação de imagens derivadas de satanãlite que detectammudanças na cobertura florestal ao longo do tempo para identificar áreas de floresta secunda¡ria e suas idades, bem como dados de satanãlite que podem monitorar o carbono acima do solo, fatores ambientais e atividade humana.
 
Eles descobriram que o impacto de distúrbios como incaªndios e desmatamentos repetidos antes da regeneração reduziu a taxa de regeneração em 20% a 55% em diferentes áreas da Amaza´nia.

"Os modelos de regeneração que desenvolvemos neste estudo sera£o aºteis para cientistas, gestores florestais e formuladores de políticas, destacando as regiaµes que tem o maior potencial de regeneração." Disse Heinrich.

A equipe de pesquisa também calculou a contribuição das Florestas Secunda¡rias da Amaza´nia para a meta de redução de emissaµes la­quidas do Brasil e descobriu que, ao preservar a área atual, as florestas secunda¡rias podem contribuir com 6% das metas de redução de emissaµes la­quidas do Brasil. No entanto, esse valor se reduz rapidamente para menos de 1% se apenas as florestas secunda¡rias com mais de 20 anos forem preservadas.

Em dezembro de 2020, o Brasil alterou sua promessa (NDC) sob o Acordo de Paris de forma que agora não hámenção dos 12 milhões de hectares de restauração florestal ou eliminação do desmatamento ilegal como foi prometido na meta original do NDC do Brasil em 2015.

O coautor Dr. Jo House, da Universidade de Bristol disse "As descobertas em nosso estudo destacam os benefa­cios do carbono da regeneração florestal e o impacto negativo da ação humana se essas florestas não forem protegidas. No período que antecede a 26ª Conferência das Partes , este éum momento em que ospaíses deveriam aumentar suas ambições climáticas de proteção e restauração dos ecossistemas florestais, não diminuindo-os como o Brasil parece ter feito. ”

O coautor Dr. Luiz Araga£o, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, acrescentou "Nos tra³picos, várias áreas poderiam ser usadas para regenerar florestas para remover CO 2 da atmosfera. O Brasil provavelmente seráopaís tropical com o maior potencial para esse tipo de solução baseada na natureza, que pode gerar renda aos proprieta¡rios de terras, restabelecer os servia§os ecossistemicos e colocar opaís novamente como lider global na luta contra asmudanças climáticas. ”

A equipe ira¡ agora concentrar seus pra³ximos passos na aplicação de seus manãtodos para estimar o crescimento de florestas secunda¡rias nos tra³picos.

 

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