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Novo estudo vincula a variabilidade solar ao ini­cio dos eventos decadais de La Nia±a
Um novo estudo mostra uma correlação entre o fim dos ciclos solares e uma mudança das condia§aµes de El Nia±o para La Nia±a no Oceano Paca­fico, sugerindo que a variabilidade solar pode impulsionar a variabilidade climática sazonal na Terra.
Por National Center for Atmospheric Research - 05/04/2021


Pixabay

Um novo estudo mostra uma correlação entre o fim dos ciclos solares e uma mudança das condições de El Nia±o para La Nia±a no Oceano Paca­fico, sugerindo que a variabilidade solar pode impulsionar a variabilidade climática sazonal na Terra.

Se a conexão delineada na revista Earth and Space Science se mantiver, pode melhorar significativamente a previsibilidade dos maiores eventos El Nia±o e La Nia±a, que tem uma sanãrie de efeitos clima¡ticos sazonais sobre a terra. Por exemplo, o sul dos Estados Unidos tende a ser mais quente e seco durante um La Nia±a, enquanto o norte dos Estados Unidos tende a ser mais frio e aºmido.

"A energia do Sol éo principal impulsionador de todo o nosso sistema terrestre e torna possí­vel a vida na Terra", disse Scott McIntosh, cientista do Centro Nacional de Pesquisas Atmosfanãricas (NCAR) e coautor do artigo. "Mesmo assim, a comunidade cienta­fica não tem certeza do papel que a variabilidade solar desempenha na influaªncia do tempo e dos eventos clima¡ticos aqui na Terra. Este estudo mostra que hárazões para acreditar que sim e por que a conexão pode ter sido perdida no passado."

O estudo foi conduzido por Robert Leamon da Universidade de Maryland-Baltimore County, e também écoautor de Daniel Marsh do NCAR. A pesquisa foi financiada pela National Science Foundation, que épatrocinadora do NCAR, e pelo programa Living With a Star da NASA.

Aplicando um novo rela³gio solar

O aparecimento (e desaparecimento) de manchas no Sol - os sinais visa­veis de fora da variabilidade solar - foram observados por humanos por centenas de anos. O aumento e diminuição do número de manchas solares ocorre ao longo de ciclos de aproximadamente 11 anos, mas esses ciclos não tem começos e fins distintos. Essa imprecisão na duração de qualquer ciclo em particular tornou um desafio para os cientistas combinar o ciclo de 11 anos com asmudanças que acontecem na Terra.

No novo estudo, os pesquisadores contam com um "rela³gio" de 22 anos mais preciso para a atividade solar derivada do ciclo de polaridade magnanãtica do Sol, que eles descreveram como uma alternativa mais regular ao ciclo solar de 11 anos em vários estudos complementares publicados recentemente em peria³dicos revisados ​​por pares.

O ciclo de 22 anos comea§a quando bandas magnanãticas de carga oposta que envolvem o Sol aparecem perto das latitudes polares da estrela, de acordo com seus estudos recentes. Ao longo do ciclo, essas bandas migram em direção ao equador - fazendo com que as manchas solares aparea§am a  medida que viajam pelas latitudes médias. O ciclo termina quando as bandas se encontram no meio, aniquilando-se mutuamente no que a equipe de pesquisa chama de evento terminator. Esses terminadores fornecem orientações precisas para o final de um ciclo e o ini­cio do pra³ximo.
 
Os pesquisadores impuseram esses eventos terminator sobre as temperaturas dasuperfÍcie do mar no Paca­fico tropical desde 1960. Eles descobriram que os cinco eventos terminator que ocorreram entre aquela anãpoca e 2010-11 coincidiram com uma mudança de um El Nia±o (quando as temperaturas dasuperfÍcie do mar são mais quente do que a média) para um La Nia±a (quando as temperaturas dasuperfÍcie do mar são mais frias do que a média). O final do ciclo solar mais recente - que estãose desenrolando agora - também coincide com o ini­cio de um evento La Nia±a.

"Nãosomos os primeiros cientistas a estudar como a variabilidade solar pode levar amudanças no sistema terrestre", disse Leamon. "Mas somos os primeiros a aplicar o rela³gio solar de 22 anos. O resultado - cinco terminadores consecutivos alinhados com uma chave na oscilação do El Nia±o - provavelmente não seráuma coincidaªncia."

Na verdade, os pesquisadores fizeram uma sanãrie de análises estata­sticas para determinar a probabilidade de que a correlação fosse apenas um acaso. Eles descobriram que havia apenas uma chance em 5.000 ou menos (dependendo do teste estata­stico) de que todos os cinco eventos terminator inclua­dos no estudo coincidissem aleatoriamente com a mudança nas temperaturas do oceano. Agora que um sexto evento terminador - e o ini­cio correspondente de um novo ciclo solar em 2020 - também coincidiu com um evento La Nia±a, a chance de uma ocorraªncia aleata³ria éainda mais remota, disseram os autores.

O artigo não investiga que conexão física entre o Sol e a Terra poderia ser responsável pela correlação, mas os autores observam que existem várias possibilidades que justificam um estudo mais aprofundado, incluindo a influaªncia do campo magnético do Sol na quantidade de raios ca³smicos que escapar para o sistema solar e, finalmente, bombardear a Terra. No entanto, uma ligação física robusta entre as variações dos raios ca³smicos e o clima ainda não foi determinada.

"Se mais pesquisas puderem estabelecer que háuma conexão física e que asmudanças no Sol estãorealmente causando variabilidade nos oceanos, então poderemos melhorar nossa capacidade de prever eventos El Nia±o e La Nia±a", disse McIntosh.

 

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