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Como lidamos com o estresse aos 45 anos ligado a  exposição pré-natal
Um estudo adicional descobriu que o estresse da meia-idade éregulado de forma diferente nos cérebros de homens e mulheres
Por MGH News and Public Affairs - 11/04/2021



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Homens e mulheres cujas ma£es experimentaram eventos estressantes durante a gravidez regulam o estresse de forma diferente no cérebro 45 anos depois, demonstram os resultados de um estudo de longo prazo.

Em uma amostra única de 40 homens e 40 mulheres seguidos desde o aºtero atéos 40 anos, o estudo de imagem do cérebro mostrou que a exposição durante o desenvolvimento fetal a substâncias naturais promotoras de inflamação chamadas citocinas, produzidas por ma£es sob estresse negativo, resulta em diferenças associadas em como o cérebro adulto responde a situações estressantes negativas mais de 45 anos após o nascimento, relata Jill M. Goldstein, fundadora e diretora executiva do Centro de Inovação sobre Diferena§as de Sexo na Medicina  ( ICON )  do Massachusetts General Hospital (MGH) e ela co-autores.

Os pesquisadores descobriram que os na­veis anormais de citocinas pra³-inflamata³rias produzidas em ma£es durante a gravidez e o equila­brio entre as citocinas pra³-inflamata³rias e anti-inflamata³rias afetam as diferenças de desenvolvimento do cérebro por sexo em seus filhos, que continuam ao longo da vida.

Os resultados foram publicados em Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

“Sabemos que existem raa­zes de desenvolvimento para os principais transtornos psiquia¡tricos, como depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar, e sabemos que essas raa­zes comea§am no desenvolvimento fetal. Tambanãm sabemos que esses distúrbios estãoassociados a anormalidades nos circuitos cerebrais que regulam o estresse - circuitos que estãointimamente ligados a  regulação do nosso sistema imunológico ”, diz Goldstein, professor de psiquiatria e medicina da Harvard Medical School. “Dado que o circuito de estresse consiste em regiaµes que se desenvolvem de maneira diferente no cérebro masculino e feminino durante determinados períodos de gestação e funcionam de forma diferente ao longo de nossa vida, formulamos a hipa³tese de que a desregulação deste circuito no desenvolvimento pré-natal teria um impacto diferencial duradouro no homem e cérebro feminino em pessoas com esses transtornos.

Goldstein e colegas usaram imagens de ressonância magnanãtica funcional, que mede a atividade cerebral, mostrando diferenças no fluxo sangua­neo dentro e entre diferentes áreas do cérebro. Os pesquisadores descobriram que a exposição a citocinas pra³-inflamata³rias no aºtero estava associada a diferenças sexuais em como as áreas do cérebro são ativadas e se comunicam entre si sob condições estressantes negativas na meia-idade.

Por exemplo, eles descobriram que, em ambos os sexos, na­veis maternos mais baixos de fator de necrose tumoral alfa (TNFα), uma citocina pra³-inflamata³ria, estavam significativamente associados a maior atividade no hipota¡lamo, uma regia£o do cérebro que, entre outras funções, coordena atividade cerebral que regula a liberação de horma´nios do estresse, como o cortisol.

Em contraste, na­veis mais baixos de TNFα também foram associados a uma comunicação mais ativa entre o hipota¡lamo e o ca­ngulo anterior apenas em homens. O ca­ngulo anterior éuma área do cérebro associada ao controle de impulsos e emoção.

Somente em mulheres, a maior exposição pré-natal a  interleucina-6, outra citocina inflamata³ria, foi associada a na­veis mais elevados de atividade no hipocampo, uma regia£o do cérebro importante para o controle inibitório da excitação.

Por último, eles descobriram que a proporção entre o TNFα e a citocina antiinflamata³ria interleucina-10 estava associada a efeitos dependentes do sexo na atividade no hipota¡lamo e sua comunicação com o hipocampo, que fornece controle inibitório da excitação no hipota¡lamo sob estresse.

“Dado que esses transtornos psiquia¡tricos estãose desenvolvendo de forma diferente no cérebro masculino e feminino, devemos pensar em alvos dependentes do sexo para intervenção terapaªutica precoce e prevenção”, diz Goldstein.

Os coautores do estudo são Justine E. Cohen, (MGH); Klara M. Mareckova, (Masaryk University, Brno, República Tcheca); Laura Holsen, (Brigham and Women's Hospital); Susan Whitfield-Gabrieli, (Northeastern University); Stephen E. Gilman, (Escola de Saúde Paºblica Johns Hopkins Bloomberg); Stephen L. Buka, (Brown University); e Mady Hornig, (Escola Mailman de Saúde Paºblica da Universidade de Columbia).

O estudo foi financiado pelo NIMH e um fundo de doadores da Sra. Gwill York.

 

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