Tecnologia Científica

Aparelho desenvolvido na Unicamp pode ajudar no tratamento de câncer de pulma£o e sa­ndrome pa³s-covid-19
O novo dispositivo para fisioterapia respirata³ria éindicado para quadros de fraqueza muscular respirata³ria decorrentes de várias doenças e pode substituir equipamentos importados e descarta¡veis
Por Ana Paula Palazi - 05/08/2021


Foto: Divulgação FEM

O novo aparelho para terapia muscular respirata³ria (TMR) desenvolvido por um grupo multidisciplinar de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) éreutiliza¡vel e reaºne duas funções, de inspiração e expiração, num são dispositivo. O dispositivo auxilia na realização de exerca­cios que proporcionam a melhora no quadro de dispneia osque éa sensação de insuficiência respirata³ria-, em pacientes com fraqueza nos maºsculos usados na respiração.

O aparelho éindicado para a reabilitação de pacientes com doenças que impactam a oxigenação do sangue, como o câncer de pulma£o, além de outras doenças crônicas, como asma e enfisema pulmonar. A reabilitação com terapia muscular respirata³ria demonstra efeito benanãfico para os pacientes no retorno a s atividades dia¡rias.

A nova tecnologia para TMR pode também ser usada no tratamento de pacientes com a sa­ndrome pa³s-covid-19, e que mantem a dispnanãia mesmo após terem se recuperado da infecção pelo coronava­rus. Diversos graus de disfunção respirata³ria foram observados nestes pacientes e a fisioterapia respirata³ria pode acelerar a recuperação do quadro.

“Esses indiva­duos, muito frequentemente, são afastados ou atésaem do mercado de trabalho, onerando os servia§os paºblicos. Acreditamos que o dispositivo tera¡ uma grande importa¢ncia na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas”, comenta a professora e pesquisadora, Carmen Silvia Passos Lima, do Departamento de Anestesiologia, Oncologia e Radiologia, da Faculdade de Ciências Manãdicas (FCM) da Unicamp. 

Um pedido de patente foi depositado pela Agência de Inovação Inova Unicamp no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), mas, para chegar ao mercado, a tecnologia ainda precisa ser licenciada por empresas que possam dar continuidade no desenvolvimento do produto em parceria com os inventores.

Terapia muscular respirata³ria em casa

O aparelho compacto tem formato semelhante ao de uma seringa, com uma ca¢mara e uma va¡lvula acionada por mola. O modelo de simples operação e construção substitui equipamentos produzidos em outrospaíses, eliminando custos de importação. Ele também pode ser levado pelos pacientes, com orientação de um profissional de saúde, para a realização e complementação dos exerca­cios de reabilitação em casa, pois tem fa¡cil montagem e manutenção.

“A primeira demanda era que o equipamento fosse reutiliza¡vel. Isso passa, necessariamente, por vocêconseguir abrir, desmontar e higienizar com águae detergente, como se faz em casa com uma mamadeira. Depois pensamos na redução de custos, juntando dois conceitos, para que fosse mais acessa­vel a pessoas de baixa renda”, conta o professor, a‰der Sa³crates Najar Lopes, do Departamento de Manufatura e Materiais, da Faculdade de Engenharia Meca¢nica (FEM).

De acordo com os inventores, o modelo desenvolvido na Universidade em fase de prota³tipo pode ser facilmente montado e desmontado por adultos, idosos e atécriana§as, pois possui encaixes que evitam erros. A grande vantagem estãona troca da posição do bocal, que dependendo do lado, faz o dispositivo desempenhar tanto a função de terapia muscular inspirata³ria (TMI) quanto a de terapia muscular expirata³ria (TME). 

A geometria também permite ajuste de modo preciso, da carga de treinamento e durante o exerca­cio, sem a necessidade de supervisão direta de um profissional de saúde. Outras tecnologias similares, já disponí­veis no mercado ou em fase de desenvolvimento, não oferecem tais benefa­cios, sendo descarta¡veis, limitadas na questãoque envolve a facilidade de limpeza dos componentes ou oferecendo apenas um dos tipos de terapia separadamente.

Como funciona o aparelho de terapia respirata³ria

O dispositivo de TMR auxilia no tratamento de forma não invasiva, exercendo resistência a  passagem do ar expirado e inspirado. O paciente precisa fazer força para vencer a carga pré-estabelecida que impaµe uma barreira física, isso promove o fortalecimento dos maºsculos e melhoria da respiração como se fosse uma “treinamento fa­sico ” para o pulma£o. 

“Taªm diversos trabalhos e publicações que mostram as evidaªncias emudanças que ocorrem em pacientes que fazem fisioterapia para fortalecimento da musculatura respirata³ria. As técnicas usadas atualmente são frutos de muitos estudos iniciados hávários anos, por isso acreditamos que esse aparelho, de baixo custo e abrangente, podera¡ beneficiar muitas pessoas, atémesmo aquelas com doenças carda­acas”, diz a fisioterapeuta, Dra. Luciana Campanatti Palhares, que trabalha no HC da Unicamp.

Os pra³ximos passos no desenvolvimento do aparelho de TMR reutiliza¡vel passam por testes clínicos. Os pesquisadores pretendem acompanhar, por doze semanas, grupos de 30 pacientes do Hospital de Cla­nicas da Unicamp que tenham doenças ocupacionais, doenças obstrutivas crônicas e tabagistas. O estudo ainda depende de aprovação e financiamento. Para que a tecnologia possa se transformar em produto para benefa­cio da sociedade épreciso que empresas públicas ou privadas negociem o licenciamento. Esse processo éfeito com o apoio da Agência de Inovação da Unicamp que recebe os pedidos de parceria na área Conexa£o com Empresas. 

Além dos pesquisadores citados na reportagem, participaram da invenção, Arthur De Arruda Pelligrino, na anãpoca aluno de graduação da Faculdade de Engenharia Meca¢nica (FEM) e AndréLuiz Jardini Munhoz, pesquisador da Faculdade de Engenharia Quí­mica (FEQ) da Unicamp.

 

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